49 os presentes

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Remédios…
Sessões de terapia…
Consultas psiquiátricas…
E muitas outras coisas relacionadas ao estado de Joshua é
tudo que ouço no hospital ao longo do dia. Não sei se é
cansaço ou privação de sono, mas acho difícil prestar
atenção e acompanhar o que estão falando.
Minha mãe me tirou praticamente à força do hospital
quando anoiteceu, argumentando que eu tinha que
descansar, que já havia passado tempo demais ali. Dani
chegou para fazer companhia a Joshua em meu lugar, já
que os pais dele precisavam descansar durante a noite; eles
estão arrasados.
Depois de chorar no ombro da minha melhor amiga por
um tempo, me despeço de Joshua e saio. Chego em uma
casa vazia e silenciosa. Fecho a porta, encosto ali e fico
remexendo as chaves nas mãos, sem sair do lugar.
Não foi assim que imaginei que a primeira noite do ano
seria; aparentemente, a vida gosta de nos atingir quando
menos esperamos para ver o quanto aguentamos. Sinto
como se tivesse levado um soco no estômago e tivessem
me deixado sem ar, embora ainda possa respirar.
Minha mente continua tentando entender, procurar
razões, apontar o culpado, me culpar. Ainda me lembro da
conversa que tive com Joshua antes de sair.
— Sei que você quer me fazer uma pergunta, é só fazer.
— Joshua sorri para mim. — Está tudo bem.
Esfrego meus braços, tentando me aquecer e ganhar
tempo para escolher minhas palavras com cuidado,enquanto Joshua espera.
— Por quê? Por que você fez isso?
Joshua desvia o olhar, suspirando.
— Você não entenderia.
Sento ao lado dele na cama do hospital.
— Vou tentar.
Seu olhar volta até mim.
— Me dá um tempo, eu prometo te contar depois, mas
agora eu… eu não posso.
Coloco a mão em seu ombro e dou a ele um grande
sorriso.
— Tudo bem, serei paciente.
Ele coloca sua mão na minha, seus olhos fixos nos meus.
— Eu senti muito sua falta.
— Eu também, Yoshi. — Abaixo a cabeça. — Eu… eu sinto
muito.
— Shhh. — Ele toca minha bochecha suavemente, me
forçando a olhar para ele. — Você não tem que se
desculpar, Rochi. — Seu polegar acaricia minha pele.
— Mas…
Seu polegar desliza pelo meu rosto até chegar aos lábios.
— Não, para.
O toque de seu dedo nos meus lábios me faz cócegas.
— Está bem.
— Agora vai para casa descansar. — Ele abaixa a mão e
se inclina para mais perto de mim, beijando minha testa e
em seguida se afastando. — Vai, vou ficar bem com a
Medusa.
Eu rio um pouco.
— Não chama ela assim ou você vai ter uma noite muito
longa.
Joshua dá de ombros.
— Vale a pena, é o apelido mais adequado que eu já criei.
Dani entra, murmurando algo sobre a qualidade do café
do hospital, e nos encontra sorrindo como dois idiotas. Ela
levanta uma sobrancelha.— Que foi? Estavam falando de mim?
— Não — respondemos juntos.
Deixo os dois ali, discutindo sobre apelidos e besteiras,
como de costume.
Eu deslizo pela porta até me sentar no chão, abraçando os
joelhos. Sei que preciso tomar um banho e dormir, mas não
consigo juntar energia para isso, só quero continuar aqui.
Tiro meu celular do bolso e vejo a tela apagada. Ficou sem
bateria algumas horas depois de eu chegar ao hospital, e
me pergunto se Ares me enviou alguma mensagem. Talvez
ele esteja muito ocupado comemorando o Ano-Novo com
sua família para notar minha ausência, e eu não o culpo,
não contei a ele o que aconteceu com o Joshua. Minha
cabeça tem estado tão focada em tentar entender e aceitar
que isso realmente aconteceu com meu melhor amigo que
não tive condição de escrever para Ares. Então meu celular
desligou e eu não queria sair de perto de Joshua para
carregá-lo.
Com passos lentos, subo as escadas e tomo um banho
quente. A água me faz bem e relaxa meus músculos tensos.
Agora que estou um pouco mais calma, deixo o deus grego
invadir meus pensamentos.
Sinto muita falta dele.
Essas semanas pareceram uma eternidade. É muito
angustiante quando você se acostuma a ver uma pessoa
quase diariamente e, de repente, não a encontra mais.
Ainda faltam alguns dias para ele voltar e sei que vai ser
difícil, sobretudo agora que eu mataria por um de seus
abraços, para tê-lo ao meu lado, me dando segurança.
De pijama, me sento na cama e coloco meu celular para
carregar, ansiosa. Eu observo o aparelho enquanto liga, os
sons das mensagens começando a ecoar por todo o quarto.
Rocky está dormindo pacificamente em um canto, as
notificações não parecem incomodá-lo.
Rapidamente, abro a conversa de Ares. Recebi muitas
mensagens dele. Não era isso que eu esperava.

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