3 o treino de futebol

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- Como é que é?

Daniela, minha melhor amiga de infância, quase cospe

sua bebida na minha cara. Estamos no café mais badalado

da cidade.

- Sim, é exatamente o que você ouviu - confirmo e

suspiro, brincando com o canudo do meu suco de laranja.

Daniela abre um sorriso como se tivesse ganhado na

loteria. Seu cabelo preto emoldura o rosto, daquele tipo

que, mesmo despenteado, fica bonito. Que inveja! Das

boas, certamente.

Daniela faz parte da minha vida desde que me entendo

por gente; nossa amizade começou no jardim de infância,

quando ela enfiou um lápis no meu ouvido. Sim, foi um

início pouco convencional, mas somos assim, nada

convencionais e meio doidas. De alguma forma, nos

moldamos uma à outra de um jeito perfeito e sincronizado.

Se isso não é uma amizade eterna, então não sei o que é.

Dani não tira o sorriso besta do rosto.

- Por que você parece tão desanimada com essa

história? É o Ares, seu amor não correspondido desde que

você tinha uns sete anos.

- Já te disse como ele me tratou.

- Mas pelo menos te tratou, Raquel, falou com você,

notou sua existência neste mundo. Já é um começo, muito

melhor do que só vê-lo de longe, que nem uma obcecada.

- Não sou obcecada por ele!

Dani revira os olhos.

- Ah, não? Vai querer negar logo para mim, que já te viu observando o garoto escondida?
- Não foi nada disso. Foi totalmente por acaso que fiquei

olhando o Ares de longe, enquanto caminhava pelo centro.

- Você estava caminhando ou se escondendo atrás de

um arbusto?

- Enfim - interrompo o assunto porque não está nada

bom para o meu lado. - Preciso que você me ajude. Tenho

que arranjar um jeito de impedir que ele use meu wi-fi,

porque não quero que ele saia impune dessa história.

- Por que não muda a senha?

- Para que ele volte a hackear meu computador? Não,

obrigada.

Dani pega seu estojo de maquiagem e se olha no espelho,

ajeitando o cabelo.

- Sinceramente, não sei o que dizer, amiga. E se

pedirmos a ajuda do Andrés?

- Está brincando? E, pela última vez, Dani, é André, sem

o "s".

- Ah, dá no mesmo. - Ela tira do estojo um batom

vermelho um tanto chamativo e começa a passar. - Ele é

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