Basorexia

Capítulo: 47

Fevereiro se aproximava e as montanhas estavam cobertas de neve. A maioria dos animais e pequenas criaturas que normalmente povoam as florestas vizinhas estavam escondidos há semanas. Alguém poderia pensar que a natureza ao redor da casa de Hermione era desprovida de vida.

Mas Draco sabia que a realidade era bem diferente. Debaixo da neve e atrás das árvores acolheu uma colónia de pássaros, lebres e até raposas. Ele gostava de procurá-los pela janela da cozinha quando estava ocupado lavando pratos ou cozinhando.

Ele se sentiu sortudo por morar em uma casa tão perto da floresta e da vida selvagem dos Pirenéus. Isso o lembrou dos jardins da mansão onde ele cresceu. Isso o lembrou de todas as vezes em que ele saiu correndo do quarto ao nascer do sol para explorar a orla da floresta que cercava a casa às escondidas. Isso o lembrou dos passeios que fazia com a mãe pelos terrenos, onde viviam pavões brancos e todos os tipos de outros pássaros.

Ele conseguia reconhecer os pássaros quando não estavam muito longe. Ele até procurou nos livros da biblioteca, na esperança de encontrar um livro ilustrado de todas as espécies da região. Ele havia encontrado uma pequena coleção de cadernos manuscritos, todos assinados por uma certa Elisabeth Landry. Eles continham uma riqueza de informações sobre a região de biodiversidade ao redor da casa. Uma verdadeira mina de ouro.

Draco rapidamente se tornou um especialista na flora e na fauna da casa. Na verdade, ele se achava um idiota por ter demorado tanto para entender que Albert era um cachorro e não um animal, quando agora era capaz de distinguir uma série de raças de pássaros.

Ele atribuiu a culpa ao medo, o que era uma boa desculpa, embora não menos humilhante.

Às vezes, ele abria a janela da cozinha apenas o suficiente para deixar algumas sementes de fora, mas depois fechava-a rapidamente para proteger do frio. Ou pelo menos foi o que ele disse a si mesmo. Mas talvez fosse mais porque ele não queria reconhecer qualquer ansiedade que tivesse, ele realmente não queria saber. A verdade é que a janela nunca ficava aberta por muito tempo, e isso lhe convinha.

Ele frequentemente via chapins e tordos, ou mesmo bandos de estorninhos quando o tempo estava bom. Seus favoritos eram os Dom-fafe Peônia, tão raros. Às vezes eles paravam no varal deserto do qual Draco tinha uma visão ininterrupta.

Naquela manhã, enquanto ele estava ocupado limpando os pratos que haviam sido usados ​​no café da manhã, Hermione apareceu no lugar habitual dos Dom-fafe e sacudiu o barbante para retirar os poucos milímetros de neve que haviam se acumulado nele.

Vê-la coberta da cabeça aos pés causou um arrepio na espinha. Ele também estava bem vestido, sempre usava as roupas do avô de Hermione, mas vê-la assim, com os pés na neve, o fazia sentir frio.

Tinha que ser dito que Draco sempre foi sensível ao frio. Ele se lembrava muito bem dos dois cobertores e dos feitiços de aquecimento que precisava para adormecer em Hogwarts no inverno.

A casa de Hermione era bem aquecida, ele nunca se importou ou notou até a chegada do inverno. Porém, apesar do bom isolamento, ele ainda precisava empilhar camadas de roupas desde o início de janeiro. Para estar do lado seguro, para ter certeza de que ele não sentiria frio.

Quando se viu diante de seu guarda-roupa, duas horas antes, não hesitou muito antes de escolher uma de suas calças de veludo, um par de meias grossas, botas de couro acolchoadas, uma camiseta, uma camisa grossa e seu suéter mais quente. Esse foi o mínimo. Ele mesmo alterou a maioria delas, tendo praticado muitas vezes com as roupas de Blaise, que ele não usava mais.

Tudo para ficar dentro de casa e garantir que ele não pegasse um resfriado ou deixasse a menor corrente de ar roçar nele. Ele estava com medo de pegar um resfriado; isso seria muito problemático. Ele havia se preparado para um dos dias mais frios do ano, como Hermione havia dito no jantar da noite anterior.