Capítulo: 56

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Hermione estava de frente para uma das grandes prateleiras de sua livraria, com as mãos apoiadas nos quadris. Ela estava vasculhando os livros de culinária um por um, desejando poder encontrar algo para Draco.

Ela estava pensando nisso há alguns dias. Desde que ela acordou ao lado dele, na verdade. Ela ficou com muita raiva de si mesma por agir assim na frente dele e, antes disso, por colocar distância entre eles por dias. Ela queria compensar isso de alguma forma. Ela queria voltar aos dias em que tudo era simples entre eles, quando tudo parecia certo.

E para isso ela precisava dar o primeiro passo. Ela precisava estender o ramo de oliveira para lhe oferecer um pouco de paz, um pouco de amizade. Ela não conseguia ver outra maneira de fazer isso; a mera ideia de pedir desculpas a ele causava pânico. Parecia trivial e difícil. Nunca em sua vida ela teve problemas para se desculpar, mas agora ela se encontrava em uma verdadeira situação difícil. Não era orgulho, apenas um desconforto que ela não conseguia identificar.

Afinal, o que ele poderia dizer em resposta a um pedido de desculpas? Como ele deveria reagir? Foi bobagem. Era melhor não falar sobre tudo isso, ela não queria fazer papel de boba. Como se um pedido de desculpas fosse suficiente para fazer o que ela fez desaparecer. Ela não merecia perdão por tal estupidez.

Um pedido de desculpas não era suficiente, ela precisava oferecer algo muito mais do que isso. Ela tinha que mostrar a ele que ele significava algo para ela, que a amizade deles era importante. Ela devia isso a ele. Ele tinha sido perfeito, tão bom para ela. Portanto, um presente parecia ser a solução certa para quebrar a tensão agora sempre presente. Ou pelo menos o silêncio.

Seu primeiro pensamento foi conseguir alguns livros de culinária para ele, algo de que ele certamente iria gostar. Ela optou pelos tipos de cozinha que preferia, na secreta esperança de que ele preparasse os pratos que ela tanto apreciava. Ela nunca ousou sugerir nada a ele sobre as refeições.

Então ela se lembrou de todas as vezes em que o pegou lendo romances ou coletâneas de poesia. Ela o imaginou estirado no sofá da biblioteca, com Verlaine nas mãos. Ela até se perguntou qual deles ele lia mais. Foi assim que ela decidiu levar tudo. Afinal, aos olhos dela, você nunca conseguia ler o suficiente.

Ela pegou um terceiro livro de receitas, dessa vez sobre comida libanesa, e foi ler os últimos romances. Ela queria escolher seus livros favoritos dos últimos anos, sabendo que a biblioteca de seus avós não continha nada de menos de quinze anos atrás. Ela selecionou dois e prometeu conseguir mais se ele gostasse de suas sugestões.

Com o lábio inferior preso entre os dentes e os braços cheios de livros, Hermione voltou ao balcão e pagou suas compras. Pela primeira vez, ela estava gastando seu dinheiro em outra coisa além das refeições e do veterinário de Albert. Ela ficou feliz em fazer isso por ele. Para Draco.

Seu turno ainda não havia terminado, mas ela só tinha dois clientes e não tinha vontade de esperar mais. Ela queria ver a reação de Draco, saber se suas escolhas foram as corretas e se ele gostaria delas. Ela queria ver o rosto dele se iluminar com aqueles raros sorrisos que ele lhe dava. Ela queria sentir a apreensão na boca do estômago enquanto o observava abrir os presentes. E acima de tudo, ela mal podia esperar para vê-lo novamente.

Com a impaciência tomando conta dela, Hermione decidiu fechar a livraria mais cedo para poder voltar para casa o mais rápido possível. Ela mal podia esperar. Quinze minutos depois, ela e Albert estavam voltando para casa.

Como sempre, Draco estava na cozinha quando ela chegou. Era esse tipo de hábito que ela apreciava e temia perder nos últimos dias. Saber que ele estaria ali, em casa, na cozinha dela, quando ela voltasse, era algo que ela nunca imaginou que iria amar tanto. Ela precisava saber que ele estava aqui, que estava perto.

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