Capítulo Cinco.

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— Onde está Tim? — Minha avó pergunta com olhos cerrados ao notar nosso desconforto.
— Ele ainda não retornou da entrega que foi fazer! — Respondo.
— Hum! — Minha avó resmunga e pelo seu tom não gostou nada da maneira em que me viu. — Vou pegar as minhas coisas para esperarmos ele retornar! — Os olhos dela se dirigem somente à William.
Um silêncio constrangedor se instala entre nós. Ficamos parados por alguns segundos.
— Que horas eu encon...
— Onde posso te busc... — William fala ao mesmo tempo em que eu decidi falar.
Ele sorri gentilmente e eu faço um gesto para que ele termine de falar o que começou. — Posso te buscar amanhã... na sua casa? — Ele conclui.
— Pode sim, vou anotar o endereç... — Antes que eu termine a frase sou interrompida pelo telefone a tocar atrás do balcão.
Caminho rapidamente e consigo finalmente atendê-lo.
— Alô! — É Tim no outro lado.
— Oi, Tim! — Respondo.
— Malie! — Ele responde aliviado ao notar que sou eu. — Você pode pedir a sua avó para vir me buscar? É que a minha moto quebrou e eu estou do outro lado da ilha! — Tim conclui
— Claro! Vou avisar ela. — Respondo.
— Estou próximo ao Green Bananas! — Tim avisa.
Caminho até a parte dos fundos do restaurante e minha avó está lá catando algumas de suas coisas pessoais. Aviso ela sobre a situação de Tim e ela sai apressadamente em busca dele enquanto deixa algumas coisas para trás inclusive eu!
Quando deixo a cozinha em sua direção ela já havia saído pela porta do restaurante.
— Onde ela foi? — Pergunta William confuso.
— Foi resgatar Tim do outro lado da ilha e me esqueceu aqui! — Comento. — Droga!
— Eu te levo em casa! — William exclama.
— Sério? — Apoio minhas mãos na cintura incrédula e William assente.
Retorno até a cozinha para pegar as algumas coisas e logo encontro com William novamente na parte da frente do restaurante, caminhamos para o lado de fora e William exibe sua mais nova aquisição; um jeep wrangler na cor preta.
— Para um cara que não tinha nem onde dormir a duas noites atrás, até que você agora está muito bem! — Comento com sarcasmo e ele ri.
Depois ele caminha até o veículo e abre a porta do carona para que eu entre.
— Senhorita... — Ele enfatiza.
Sinto meu rosto formigar, não preciso estar em frente a um espelho para saber que estou corada.
William começa a dirigir enquanto 50Cent toca ao fundo; não é o meu gênero musical favorito mas não me incomoda de modo algum, pelo contrário, o estilo musical até que combina com William; ele até que passa uma imagem de cara durão.
— Ele é seu namorado? — William pergunta encerrando o silêncio entre nós.
— Quem?... Tim?
— Sim, vocês tem algo não é? — Ele questiona novamente e eu sorrio deixando William com um semblante confuso.
— Tim e eu somos amigos e só isso! — Respondo encerrando a dúvida de William.
Vou guiando William por mais alguns quarteirões e alguns minutos depois já estávamos estacionados bem em frente à minha casa.
— Você vive aqui? — Ele aponta em direção a casa branca com janelas azuis.
— Sim! Por que a surpresa? — Pergunto.
— É que chega ser clichê! — William comenta.
— O que é clichê? — Pergunto incrédula. — Eu sou clichê para você?
— O QUE?.. NÃO! — Ele responde assustado. — Não, Máli, É que a sua casa tem tudo haver com você, parece aquelas casas de comédias românticas de verão. — Ele responde enquanto me encara.
Permaneço em silêncio até ele voltar a falar. — Eu não quis te chamar de clichê, Máli, é que se me mostrassem essa casa e me perguntassem a quem ela pertence, eu obviamente pensaria em você! — Ele comenta.
— É "Malie!" — Retruco e ele sorri enquanto me olha.
— Eu sei que é "Malie", gosto de pronunciar errado para ouvir você me corrigir. — Sinto meu rosto aquecer com a declaração de William mas logo me lembro do que conversei mais cedo com Alika.
— Obrigado pela carona, William. — Respondo.
— E amanhã? — Ele pergunta. — Vai poder me levar até o farol?
Assinto. — Esqueci de anotar meu endereço para você! — Comento.
— Não precisa! Já aprendi o caminho! — Ele pisca um de seus olhos em minha direção. — Que horas eu te pego ? — William pergunta com um tom de duplo sentido.
— Às seis. — Respondo sem tirar os olhos dele.
Passo alguns segundos encarando William com um sorriso bobo no rosto e ele faz o mesmo. Logo ele aproxima seu rosto do meu e seus olhos estão fixos na minha boca. William estica seu braço como se contornasse a minha cintura e solta o meu cinto de segurança me deixando livre, meu corpo se aproxima ao dele como um imã. Estamos tão próximos que eu consigo sentir sua respiração pesada. William toca minha testa com a sua, ele acaricia meu rosto com sua mão depois a leva até meu cabelo e acaricia a parte posterior da minha cabeça e a segura com firmeza, fecho meus olhos na esperança de que ele me beije e cesse esse desejo que provocou em mim e então ele solta um suspiro decepcionado e se afasta me deixando confusa e com um vazio enorme.
— Acho melhor eu ir... — Ele comenta com voz baixa e embargada.
Balanço a cabeça concordando e em seguida deixo o veículo em silêncio atravesso a rua, entro em casa e depois fecho a porta me apoiando de costas na mesma.
Fico ali estática por alguns minutos até começar a andar novamente.
Não será uma tarefa fácil dormir esta noite, tenho tantas dúvidas em aberto que chego a sentir meu estômago revirar. Aconteceu mesmo o que aconteceu; William se mostrou interessado por mim e quase nos beijamos!?
— Eu quase beijei ele... —  Comento sozinha tentando conter minha empolgação.
Bom, de qualquer forma, é melhor que eu deixe isso quieto a última coisa que eu quero é a minha avó pegando no meu pé por estar pensando no turista.
Se eu não falar e nem pensar... ou melhor; se eu não falar, não pensar, não olhar e nem me aproximar e nem tocar em William, vai ser como se nada tivesse acontecido ou como se ele não tivesse existido.
— É isso! — Comento comigo mesma. — Amanhã quando ele chegar aqui eu digo que não poderei ir e assim ele encontra outro guia turístico e sai do meu pé!
— Malie! — Minha avó abre a porta do meu quarto sem antes bater.
— Vovó! — Respondo assustada enquanto apoio minha mão sobre meu colo.
Ela faz com que vai deixar o quarto mas logo retorna. — Como chegou em casa? — Ela me fita como se esperasse uma mentira da minha parte.
Sou péssima em contar mentiras!
— William, ele me deu uma carona. — Opto pela verdade.
— Trouxe aquele estrangeiro para nossa casa? — Minha avó pergunta com indignação.
— Ele me deixou do outro lado da rua, não entrou aqui em casa! — Respondo.
Minha avó balança a cabeça em negação. — Não devia ter trago esse homem até aqui! Agora ele pode vir aqui quando quiser!
— Calma, vovó, foi só uma carona. — Desvio o olhar de sua direção.
— O que mais não está me contando? — Ela questiona e eu balanço a cabeça em negação.
— Nada.
— Escute aqui, Malie! - Ela aponta o dedo em minha direção. — Você ainda não esta na faculdade, ainda vive em baixo do meu teto, acho bom que respeite as minhas regras enquanto viver aqui. Não quero que se aproxime desse rapaz novamente, está me ouvindo? — Ela completa.
Engulo a seco e assinto em sua direção. Segundos depois minha avó deixa o quarto batendo a porta fortemente causando um estrondo por toda a casa.

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