Capítulo Nove.

27 11 10
                                    

CELINE.

Seis meses se passaram. Mas ainda sinto um vazio enorme dentro de mim. Brody ainda não entende o que aconteceu, ele é só uma criança. Mas eu sei exatamente o que estou sentindo agora.
O som das gotas de água batendo na superfície dos guardas chuvas disfarçam o som agudo da minha respiração. Se devem ao fato de minhas vias nazais estarem congestionadas. Chorei por uma noite inteira, só consegui parar quando os membros da família Harris chegaram aqui em casa para nos prestarem as condolências. William me trouxe flores e um broche de ouro com uma rosa negra cravada nele, ele disse ser de sua falecida avó, isso me deixou animada... o mais triste nessa situação é o fato de eu só ter sido notada por ele nesse momento tão ruim, estou triste pela perda recente mas estou confortável por estar abraçada à William Harris. Também órfão. O cara por quem sou fielmente apaixonada desde os meus 15 anos.
Nossas famílias são sócias e ele estuda na mesma escola que eu, seus pais vem... ou melhor; vinham jantar em minha casa todas as sextas feiras desde que eu tinha seis anos de idade. Quando chegou aos quatorze anos ele deixou de vir aos jantares semanais aos dezesseis voltou a vir novamente. Aos seis anos éramos bem próximos, aos quatorze paramos de ser e um pouco mais da metade do ano passado voltamos a nos reaproximar. William é tímido e quente. Diferente de Denis; ele não é tímido e não tem vergonha de nada.

Costumo fingir não saber a matéria para que Suzana; a mãe de William. Mande ele me ajudar e assim passamos horas no meu quarto juntos. William nunca disse mas as vezes eu acho que ele gosta de mim. Eu sei que posso está sendo convencida de mais, mas eu sei que em algum momento, William e eu ficaremos juntos nem que para isso eu precise me livrar de membro por membro de minha família!

***

20 de Junho de 2017.

— Ele já foi? — Pergunto ao meu pai.
— Sim. — Ele responde enquanto mantém seu olhar fixo no computador de seu escritório.
— Você acha mesmo que ele vai casar depois dessa tal viagem? — Questiono.
— Bom... ele havia dito que não aceitaria a proposta e hoje ele veio até aqui e disse que estão noivos. Agora se vão casar depois da viagem dele; só depende de você e se vai saber manipular ele da maneira certa.

Acho errado isso que estou fazendo. Mas sinto que se não fizer isso jamais o terei.
Deixo o escritório em silêncio. Retorno a sala de estar e Margot esta a minha espera. Ela é minha melhor amiga e sempre tem os melhores conselhos.
Ela está de pé bem em frente ao quadro com nosso retrato de família. O retrato de nossa verdadeira família, quando mamãe estava aqui e não fotos que tiramos ao lado de Karen a nova esposa de meu pai. Margot está usando um conjuntinho rose da Chanel e mocassim Louboutin.
Ela percebe minha aproximação e se vira apontado para o grande retrato de família.
— Colocaram o retrato de volta? — Ela pergunta. Enquanto observa nossa foto em família. Depois caminha até o sofá grande de couro branco.
— Sim. Eu disse para o papai que sentia falta da presença da minha mãe nessa casa e ele pediu que penduressem novamente. — Respondo me sentando ao lado dela.
— E a Karen, o que achou disso? — Ela pergunta.
— Sinceramente... eu não sei, queria tanto que ela fosse embora dessa casa. Pior que ser apaixonada a anos pelo mesmo cara e não ser correspondida é ver seu pai se casando com a filha da antiga empregada! — Respondo. — Minha vida é um clichê ambulante.
— Vocês foram criadas juntas nessa casa... era meio óbvio que hora ou outra Karen se aproveitaria disso!— Margot comenta enquanto analisa suas próprias unhas. — Will ainda não aceitou o cargo que seu pai ofereceu a ele?
— Ele esteve aqui. Disse que estamos noivos agora. — Acaricio minha tempora. — Ele só veio por medo. Meu pai ameaçou confiscar parte das ações dele nas empresas e ameaçou o futuro de Mia, ele faz tudo pela irmã, então só aceitou se casar por medo.
— Eu sinto muito pelas coisas precisarem ser assim para vocês! — Ela responde enquanto me encara. Olho de volta e a lanço um sorriso sarcástico e logo Margot retribui gargalhando.
— Eu não sinto nem um pouco! Prefiro tê-lo comigo por medo do que não tê-lo de modo algum, não vejo a hora dele voltar e tornarmos o noivado público... já imagino as colunas de fofoca noticiando: A influencer e filha do secretário de segurança de Nova York anunciou nesta manhã que está noiva do bilionário do ramo do petróleo,William Harris, das indústrias Harris & Co.! — E fotos nossas em vários sites por aí! — Respondo com entusiasmo.
— Amiga. — O olhar de Margot não é mais o mesmo de segundos atrás. — Embora todo glamour se sobressaia nesse relacionamento... — Ela faz sinal de aspas com os dedos. — William não te ama. Digo. Ele não te ama da maneira que você precise que ele te ame. Um relacionamento fundado em conveniências pode não ser o melhor para você. Tem certeza que quer se casar assim? Tem certeza que você quer que seja desse jeito; que William se case por medo de represálias e não por querer dividir a vida com você? — Margot questiona. Consigo ouvir meu cérebro fritando com a pergunta que me foi feita.
— Eu sei que isso é horrível. Mas eu acredito que ele possa aprender a me amar se a gente conviver de maneira mais próxima. — Respondo.
— Mas vocês convivem desde que tinham.. o que?!.. uns cinco anos! Se ele te amasse ele teria feito isso antes e não depois de ameaças. — Ela comenta. — Celine, ninguém aprende a amar. As pessoas simplesmente começam a se amar sem perceberem que se amam. William teve tempo suficiente para perceber se te amava ou não e ele nunca esboçou esse tipo de sentimento por você.
— Margot! O que você entende sobre amor? Está solteira desde seus 18 anos, o cara que você gostava se casou com outra e você ficou de braços cruzados olhando. — Retruco. — William vai ser meu, não vou deixar ele conhecer outra e ir viver com ela, nós temos potencial. Ele só precisa explorar isso melhor.
— Eu só não quero que você se frustre. Acho que você merece mais! Conversa com o seu pai, vire a página, deixe William livre. Você tem potencial sozinha, pode conhecer alguém legal que vai te amar sem você precisar ameaçar a integridade física e moral de ninguém. Não compre um amor Celine!. — Ela responde. Penso em retrucar mas só assinto.

A Garota Da Costa.Onde histórias criam vida. Descubra agora