Capítulo Oito.

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William

Minha cabeça dói. Uma noite mal dormida transformou algo irritante em insuportável. Meu celular esta tocando insistentemente já fazem uns cinco minutos ininterruptos. Me sento na beira da cama enquanto tenho alguns flashes da noite anterior. Estava no bar do hotel tomando algumas cervejas com Brody e Denis. Malie tem me evitado nessas últimas semanas e meus dias ficaram monótonos.
Massageei a tempora para aliviar as pancadas irritantes que tinham surgido.
Me estico para alcançar o celular que está na mesa de cabeceira ao lado da cama.

4 chamas perdidas.

Desbloqueio a tela para ver de quem são as chamdas.
Chamada perdida de Celine.
Chamada perdida de Celine.
Chamada perdida de Celine.
Chamada perdida de Alika.
Alika é a pessoa mais próxima a Malie que conheço e se está me ligando pode ser que seja para me dizer algo ligado a Malie.
Celine pode esperar!
Iria retornar a ligação para Alika mas ela me ligou primeiro.
— Que bom que atendeu! — Ela fala assim que atendo o celular. — Vou falar rápido tá. Malie está vindo pra minha casa passar a noite, hoje é aniversário dela!
— Ela não me disse nada! — Comento enquanto me sinto inutil por não saber o dia do aniversário dela. — Falei com ela ontem por três minutos e ele me deu várias desculpas para não me ver hoje mas não me disse que seu aniversário era hoje!
— Eu sei, por isso estou ligando! William, a Malie gosta de você e ela está tentando reprimir isso de todas as maneiras possíveis! Por que não vem essa noite e janta com ela aqui em casa, assim vocês podem conversar e se você tiver alguma intenção sincera pode expor isso para a Malie e tirar as dúvidas dela? — Alika me propõe.
Mesmo que ela não me chamasse, hoje eu estava disposto a não ficar sentado no bar me embriagando. Hoje eu iria atrás de Malie para confronta-la a fim de saber o por que se afastou de mim tão rápido
Concordo com a proposta de Alika e logo me levanto para começar o dia.
Enquanto me afasto para tomar banho ouço meu celular tocar novamente, então retorno ao quarto para atendê-lo.
Celine. Aparece o nome dela bem na tela.
Poderia só deixar o telefone tocar o dia todo mas não quero me indispor com ela e também tem aquela outra situação do nosso noivado que vai chegar ao fim antes mesmo de vir a público.
— Alô! — Celine fala assim que atendo a chamada.
— Oi, Celine! — Respondo.
— Ah, então, a Mia pediu que eu perguntasse à você se ela pode ficar aqui em casa até você voltar! — Ela pergunta.
Desde muito cedo Celine sempre foi muito calma ao falar e muito educada, algumas vezes acho ela muito centrada, centrada até de mais. Como quando sua mãe morreu e ela não esboçou reação alguma.
Solto um suspiro longo e pesado, não quero Mia muito próxima à Celine pois não sei o que ela pode ouvir a meu respeito enquanto estiver lá mas ao mesmo tempo não posso exigir que Ellen cuide dela por todo esse tempo enquanto me divirto nessa viagem e também não posso deixar que Mia fique sozinha no apartamento com Linda (nossa governanta) por todo esse tempo.
— Tudo bem. Mas não deixa ela sair sozinha nem dormir tarde, e por favor nada de café! — Certifico.
— Pode deixar! — Ela comenta. — Como está sendo a viagem?
— Está... — Pigarreio ao lembrar que me envolvi com outra pessoa. — É a viagem tá indo bem!
— Está animado para voltar e ingressar na polícia. Meu pai tem falado muito sobre você e o cargo de chefe do departamento de investigação! — Ela responde.
Caminho de um lado para o outro enquanto acaricio a nuca. Isso muda muita coisa. Meu tio é o chefe do departamento de investigação, se James me der esse cargo eu vou estar tirando a função de quem mais me ajudou a minha vida inteira. Tio Mason não merece isso.

Sai de Nova York estando praticamente noivo de Celine e agora pretendo voltar e terminar tudo o que combinei com seu pai!

Quando estou prestes a contar para Celine sobre meus planos e sobre a conversa que tivemos antes da minha vinda para as Bahamas ouço alguém bater na porta.
— Celine, preciso desligar! — Comento. — Podemos conversar outra hora?!
— Claro, William. Até mais tarde! — Ela se despede e encerra a chamada.
Caminho até a porta e abro revelando Mason do outro lado. Ele caminha e entra no quarto mesmo que eu não tenha pedido isso.
— Precisamos conversar! — Ele exclama. Eu assinto.
— Você sabia que aceitar a proposta do James iria colocar meu cargo em risco? — Ele me pergunta impaciente.
— Fiquei sabendo nessa manhã pela Celine! — Respondo.
— E quando iria me contar? — Ele apoia as mãos em sua cintura.
— Eu não vou casar com a Celine! Não vou ameaçar a sua função na polícia de Nova York! — Respondo. — Mesmo que isso ameace a minha própria carreira, eu nunca faria isso com o senhor tio Mason.
— William, eu sei que sua intenção não era essa, mas você já ameaçou a minha função! Eu sei que foi eu quem pedi para ir na residência dos Thompsons e tomar uma decisão mas eu não sabia que o cargo que James havia te oferecido era o meu, era disso que Brody falava no dia que fizemos a trilha! — Ele responde.
Paro pensativo e me sinto decepcionado por ter aceito a proposta de James.
— Estou apaixonado pela Malie! — Admito para Mason. — Vou voltar para Nova York para encerrar essa maluquice com James.
— Will, James é um homem cruel e rancoroso. Não arraste essa moça para o meio da guerra que está se envolvendo. — Ele adverte.
— O que eu vou fazer então?! — Pergunto confuso. — Não vou me casar com a Celine e aceitar tomar o seu cargo enquanto deixo de viver com quem eu gosto de verdade.
— James nunca vai aceitar você recusando a filha dele! — Mason responde enquanto acaricia seu cavanhaque.
— Já estou decidido, tio, quando voltar a Nova York vou encerrar todas as investidas da família Thompson. — Respondo decidido. — James não vai comprometer a amizade com o senhor para cumprir um capricho da Celine.
— James faz tudo o que a Celine quer. A única pessoa que consegue dobrar ele além da Celine é a Karen. Se a filha dele decidiu que vai se casar com você é com não há nada que possamos fazer contra isso, mesmo que para isso ele precise passar por cima de uma amizade de mais de 30 anos! — Mason me trás de volta a realidade.
Assinto e meu tio deixa o quarto em seguida.
Estou decidido a não ceder as chantagens de James, nem que para isso eu precise entrar em um conflito interno com ele.
Minha mente não para de martelar um segundo se quer sobre as coisas que meu tio Mason me falou a respeito de James. E preciso estar pronto se quero trazer Malie para a minha vida, não posso deixar que ela tenha um péssimo começo em Nova York ao meu lado!
Então decidi que vou chamar ela para vir comigo para Nova York essa noite, o máximo que ela pode dizer é não e caso ela aceite vir, peço à ela um tempo para que eu organize a minha vida.
Saio para correr um pouco na praia e passo o resto do dia conhecendo algumas partes da ilha que já tinha interesse em ir anteriormente.
Me sento no pier enquanto ligo para conversar com Mia, que para variar não atendeu. Quando olho as horas vejo que se aproxima do meu jantar com Malie. Ela não sabe que eu vou ir mas tenho esperanças de consertar as coisas e me aproximar dela novamente.
Quando retorno ao hotel para me arrumar, noto algumas coisas fora do lugar. Caminho lentamente tentando encontrar o possível invasor.
— Porra, Brody! — Comento aliviado quando vejo que é ele revirando o frigobar.
Ele abre uma cerveja e se senta no sofá da sala extra do meu quarto.
— Vim te fazer um convite! — Ele exclama. Depois toma um gole da cerveja. — Tem uma boate do outro lado da ilha e eu vi no instagram que umas gatas vão ir lá essa noite...
— Já tenho planos para essa noite! — Eu o interrompo antes que ele conclua o que iria dizer. — Vou jantar com a Malie, é aniversário dela.
— Transou com ela? — Brody pergunta. Ele tem passado tempo de mais com Denis e está virando um projeto de babaca.
— Não é da sua conta, Brody! — Respondo.
— Cara, é... — Ele se levanta e anda de um lado para outro buscando palavras seja lá para o que deseja falar. — A Celine, ela é... Ela gosta muito de você, cara, desde que ela tinha uns 15 anos que ela fala de você sem parar, e quando seus pais morreram ela pensou que fossem se aproximar e ficarem juntos. Agora que eu vi como você fica quando olha para a Malie eu realmente vejo que você nunca olhou para a minha irmã assim e eu não estou puto por você não ser apaixonado pela minha irmã, mas é que ela tem falado para algumas pessoas em Nova York que vocês estão noivos. Não sei o que falou para ela mas é que eu amo a minha irmã e não quero que ela se magoe. — Ele completa.
— Uau... — Comento surpreso. — Brody, tenho que te contar uma coisa e te alerto pois o que eu tenho a dizer pode destruir a nossa amizade ou pode foder a imagem que você tem do seu pai. — Alerto.
— Brody, seu pai me ofereceu um cargo para que eu me casasse com a sua irmã. — Afirmo. — Eu recusei e então ele me ameaçou e ameaçou minha família... Depois eu fui lá e aceitei por medo e agora estou arrependido de ter aceito por que eu não amo a Celine da maneira que ela precisa que eu a ame!
Brody cerra o olhar enquanto me encara. Nessa hora eu esperei que ele fosse me dar um soco mas ele só ficou ali me olhando, digerindo tudo.
— Me desculpa, Will, por tudo isso!  — Ele comenta. — A Celine é muito manipuladora e o meu pai sempre fez tudo o que ela quis! Tenho certeza que isso não partiu de meu pai e sim de Celine e ele só fez isso para realizar mais um dos caprichos dela.
Ele se levanta e caminha em direção a saída. 
— Brody! — Eu chamo e ele se vira para me encarar. — Me desculpe por jogar isso tudo em você! — Ele assente e depois deixa minha suíte.
Tomo banho e me visto para ir ao encontro de Malie. Escolho uma camisa azul marinho mas não fecho todos os botões e calça jeans preta com um cortes bem nos joelhos, calço os tênis e saio rapidamente.
O vento sopra com força, imagino que seja um prenúncio de uma tempestade então me apresso. Com chuva as balsas param de funcionar por questões de segurança.
Chego a tempo de pegar a balsa estaciono na única vaga que havia nela e assim que ela se distancia do cais a chuva torrencial começa a cair.
Acho que deveria ter saído mais cedo!
A balsa demora um pouco mais que o normal para completar o trajeto. Quando ela atraca recebo a mensagem de Alika avisando que já havia saído de casa com o Denis então começo a dirigir acima do limite permitido. Não me importo de levar multas, o carro é alugado, acelero mas a chuva me atrapalha de ver com clareza a estrada a minha frente e então noto que há algo errado. Estaciono no acostamento e deixo o veículo para tentar achar o problema.
Droga de pneu!
Começo a procurar o estepe e o macaco hidráulico para fazer a troca do pneu.
A chuva não cessa um segundo se quer e logo estou todo molhado, finalmente termino de trocar o pneu, jogo os objetos de qualquer maneira no porta malas e volto para o trajeto da casa de Alika.

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