Você É Meu

Passado

- Eu encontrei ela a alguns anos atrás, mas ela não quer conhecer você, ela sente vergonha do que fez.

Jungkook não sabia se ficava feliz ou triste por saber daquela notícia, ele sempre quis ter alguém para chamar de mãe, pois a sua não deixava.

- Se você precisar de um tempo para pensar sobre isso, tudo bem, mas caso queira conhecer a Luci eu vou atrás dela com você. 
- Eu preciso pensar sobre isso.

A cabeça do moreno estava uma bagunça, haviam muitas perguntas sem respostas. Então Jung decidiu se distanciar das pessoas e pensar um pouco na própria vida e em tudo que já passou.

Depois de abraçar seu pai, Jungkook andou até o jardim, era um lugar calmo, excelente para ele pensar em tudo que já havia passado.

Jungkook começou a puxar suas lembranças passadas, esperando entender a história toda.

Lembrou de sua infância, onde só era feliz quando estava na escola ou na casa dos avós paternos.

Dentro de casa, seu pai estava sempre trabalhando, e sua "mãe" fazia questão de deixar bem claro que não queria ele perto dela.

Aos oito anos, Jungkook tentou fazer uma surpresa pra mãe, na esperança da mulher entregar pelo menos um sorriso a ele.

O garoto desenhou em um papel, a figura de uma família, com grandes sorrisos, pegou alguns balões e encheu, fez um prato de pães com geleia e um copo de suco de laranja.

Assim que a porta do quarto de sua mãe foi aberta, ele desejou bom dia a ela, estendendo a bandeja e os balões.

A mulher enraivada, bateu a mão na bandeja, derrubando tudo no chão, com suas grandes unhas ela estourou os três balões que ali estavam, e quando pegou o desenho, começou a rir feito louca.

Disse ao garoto que ele era uma criança nojenta, e que desenhava muito mal, mandou que nunca mais fizesse nada para ela, só se afastasse e deixasse ela em paz.

Jung lembra de ter chorado muito naquele dia, lembra que seu pai não veio pra casa e foi o Yoongi quem abraçou ele apertado, até que ele dormisse de tanta exaustão.

O moreno lembrou que aos 16 anos, ele chegou todo feliz dizendo ter uma novidade, foi o dia em que ele contou aos pais que gostava de garotos.

Ele estava todo apaixonado, pois, seu crush tinha se declarado para ele, mas, é claro que a mãe não aceitou sua opção sexual.

A mulher que estava sentada na mesa, jantando, se levantou em um impulso, e gritou aos plenos pulmões que Jungkook deveria se internar para um longo tratamento.

Jung lembra de ter recebido um tapa em seu rosto, seguido de um puxão de cabelos, a mulher arrastou ele pela casa, batendo nele sempre que sentia vontade.

Sua sorte foi seu pai, que segurou a mulher e perdiu que ele fosse para o seu quarto.

Namjoon aceitou bem a noticia que o filho entregou, mas ele estava tão nervoso por conta da esposa que não conseguiu dar a total atenção que o menino precisava.

Jeon entendia seu pai, ele estava em uma fase difícil na empresa, havia sumido mais de quatro milhões de wons, e ninguém sabia onde estava essa quantia.

Depois de dar a notícia a família, Jungkook começou a sofrer ameaças de morte, teve vários acidentes e apanhou feito louco na rua, por capangas contratados pelo "mãe".

Aos 20 anos, Jungkook descobriu o destino do dinheiro sumido da empresa do pai, e depois disso, tudo foi por água a baixo, a cada dia seu pai descobria ainda mais coisas que a esposa fazia.

Jungkook lembrou de seu dia mais feliz. Foi quando o moreno chegou da faculdade e teve uma festa surpresa, com seu pai e seu irmão, foi naquele dia que ele soube que a mulher que tanto odiava ele, havia ido embora.

A partir dali, Jung começou a viver uma vida mais normal, sem ser julgado e mal tratado todos os dias.

Seu pai conversou com ele, e pediu que fosse trabalhar na empresa, e ele aceitou de início, porém, no seu primeiro dia, escutou algumas pessoas julgarem ele, pois o mesmo era filho da nojenta Sarah.

Jung saiu da empresa as pressas, ele pensava que o pesadelo em sua vida tinha acabado, mas não, aquele era apenas o começo.

Com o passar dos dias. Namjoon implicava para que ele fosse trabalhar, o mais velho acreditou que Jungkook desejava uma vida fácil, e por isso tentou de todas as formas conseguir que ele entrasse na empresa.

Jung, toda vez que seu pai falava sobre esse assunto, era como se uma faca entrasse em seu coração.

Todas às vezes ele revivia seu primeiro dia de trabalho...

- Sabe esse garoto que está acompanhando o Senhor Kim?
- O que tem ele?
- Ele é filho daquela mulher que matou o Senhor Song.
- Como assim? Eu nem sabia que ela tinha um filho, ele deve ser igual a ela, vai acabar matando alguém também.
- Com certeza.

Jeon tentou de todas as formas, esquecer o que aconteceu e tudo aquilo que descobriu sobre a mãe, mas, nunca conseguia. 

Ele fazia seu trabalho escondido em seu quarto e quando suas lembranças ficavam muito constantes ele saia para alguma balada.

Se divertia e ficava com alguém, seus momentos de prazer, eram os únicos que ele não pensava em suas piores lembranças, em seus traumas passados.

- Algum problema? O que faz aqui?

Jungkook levou um susto com a voz doce de Jimin, finalmente alguém apareceu ali para tirar ele daqueles momentos terríveis.

- Jimin. - o moreno disse tão baixo que o loiro quase não ouviu.

Sem saber muito bem o motivo, Jimin sentiu vontade de abraçar Jung, ele parecia aéreo, pensativo.

- Jung, você pode me abraçar?

Jimin se agachou no chão, bem ao lado do moreno e abriu os braços, queria sentir o calor do corpo alheio.

Mais uma vez, Jung não entrou nos braços do loiro, mas sim, envolveu ele em seus braços.

O corpo pequeno de encaixe perfeito, era sua calmaria, o moreno respirou fundo o cheiro do shampoo que Jimin passou recentemente.

Seu interior clamava para que ele protegesse o loiro, para que ele cuidasse de Park acima dele mesmo.

E foi aí que Jeon Jungkook viu que Park Jimin era a única pessoa que poderia substituir suas noites de baladas.

- Ah loirinho, você é minha salvação.

Não precisou de mais palavras, nem de confirmações, os dois homens sabiam da conexão que existia entre eles e sabiam o quão forte ela era.