Entre a vida e a morte

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— Mãe?...

— Oi meu amor, que bom que acordou como se sente?

— Tô cansada... onde está o Thom?

— Resolvendo algumas coisas com seu pai, não pode fazer esforço Tobias disse que precisa descansar bastante..

— Eu não consigo descansar sem ter certeza que o Victor está bem... eu tenho que saber mãe.

— Eu sei querida... mas pensa no seu bebê agora, eu sei que é difícil mas se você continuar passando mal pode afetar o bebê, eu prometo que te aviso quando tiver alguma notícia do Victor.

Meu coração está apertado, tenho medo de que alguma coisa possa acontecer com ele.. eu não posso perder o Victor, eu acho que morreria se isso acontecesse.

Eu estava me sentindo tão fraca, precisei de ajuda para tomar banho e me vestir, minha mãe está sempre por perto parece que está me vigiando ou algo assim, tenho certeza de que tem alguma coisa acontecendo. Algo que eles não querem que eu saiba.

— Mãe pode buscar alguma coisa pra comer na cozinha porfavor...

— Vou pedir pra alguém trazer.

— Não, eu tô com vontade de comer algo que você faz... eu gosto do seu tempero..

—... tudo bem.. vou fazer uma sopa..

Como eu pensei ela não queria ir, mesmo assim ela desceu e eu me apressei em levantar. Não sei pelo que eu estava procurando mas tinha alguma coisa, passei pela sala de jantar e depois pelo escritório ouvi meu pai e Pierre conversando sobre alguma coisa e decidi escutar.

— Tem certeza de que é melhor deixar ele com o Tadeu? Não é melhor levá-lo a um hospital de verdade?

— Eles perguntariam Pierre, não podemos arriscar. Só mantenha a Freya longe de lá.

— Acha que ela não vai perceber que estamos vigiando? Ela sempre percebe tudo Ian, não vai levar muito tempo até ela descobrir.

— Então que descubra quando ele estiver melhor.

— Com tantos ferimentos fundos.... Ian, acho difícil ele se recuperar disso..

— O que está dizendo? Que ele vai morrer? Não Pierre, ele não pode morrer a Freya ficaria devastada e isso pode afetar o bebê.

Eles estavam falando do Victor?... não ele não pode estar tão mal assim...

Meu coração está disparado, minhas mãos estão tremendo e eu estou tentando não me desesperar mas se Victor estava assim eu não saberia o que fazer. Corri até a sala do Tadeu e quando cheguei aquela cena me fez paralisar.

Ele estava machucado, ferimentos fundos e hematomas por todo corpo... Estava com tubos pelo seu rosto e agulhas em seus braços, pelos batimentos cardíacos na máquina pude ver que respirava com dificuldade.

Não consegui segurar minhas lágrimas ao vê-lo naquele estado, Victor sempre estava cheio de vida e agora estava sobre uma maca parecendo estar morto..

Me aproximei dele e segurei sua mão, me assustei ao senti-lo frio e me afastei tentando não desmaiar outra vez.

Flashback on

Duas semanas atrás....

— Isso, agora acelera e faz a curva.

— Acelerar mais?!

— Rápido! Vamos bater se não acelerar!

Gritei acelerando o carro e girando todo o volante, o carro praticamente se deslizava sobre a pista deserta e derrapamos sobre o penhasco fazendo a curva pra voltar pra estrada e quando o carro finalmente virou ficando no meio da pista outra vez eu gritei aliviada pela adrenalina.

— Você viu isso?! Eu fiz um drift!

— Eu vi você foi incrível!

Continuei acelerando pela pista até encontrar um lugar pra estacionar e então parei o carro bruscamente sentindo meu coração bater rápido. Essa sensação eu só tenho quando estou matando alguém e é tão bom de sentir fazendo outras coisas que até me esqueço de que não sou normal.

— Como se sente?

— Nossa... isso foi muito bom..

— Quando não puder descontar sua raiva em alguma vítima pode tentar conseguir maneiras saudáveis de fazer isso..

— Eu sei é que... eu realmente gosto muito de matar... eu sei que pra você deve ser estranho, ruim e todas essas coisas mas...

— Eu sei, é o que você é... não se preocupa não precisa me explicar eu amo você do jeito que você é...

Era a primeira vez que ele dizia algo assim e por um momento pensei ter ouvido errado mas não ele realmente disse que me ama... eu não soube como reagir porque nunca pensei que alguém pudesse me amar mesmo sabendo como eu sou.

Ele conhece meu maior defeito e mesmo assim ele me ama...

Eu não pude dizer de volta porque estava em choque, eu o amo também mas essa sensação de estar sendo enganada não me deixou dizer que o amo também..

Ele estava mentindo é óbvio que ninguém me amaria sabendo como eu sou... eu sou um monstro..

Flashback off

— Freya?... porque está aqui?... você está bem? O que aconteceu?

Sentia que estava prestes a desmaiar outra vez quando Nina me segurou, estávamos no meio do corredor e eu não conseguia mais ficar de pé.. ela me levou para seu quarto e me ajudou a caminhar até a cama, só o que havia na minha mente era a imagem do Victor quase morto sobre aquela maca.

— Me disseram que você estava passando mal, porque não está na cama?

—....eu devia ter dito de volta... ele está daquele jeito por culpa minha...

— Eu não estou entendendo, do que está falando?.... Freya não chora, você está grávida e o bebê sente tudo.

O bebê.... meu filho e do Victor, ele está aqui vivo e forte e eu precisava cuidar dele até o pai se recuperar. Nina tem razão ele sente eu não posso continuar assim, meu coração estava destruído mas pelo menos eu tinha esse pequeno ser dentro de mim que me dava força.

— Eu sei que o bebê não é do Ivan, mas você gosta do pai dele?

— Gosto.... eu amo..

— Me fala sobre ele, talvez ajude você a se distrair.

—.... ele tem...olhos verdes... gosta de carros... temos o mesmo gosto pra músicas ruins...

Não conseguia dizer sem querer chorar, eu sei que Nina estava tentando fazer eu me sentir melhor mas parecia que eu estava falando de alguém que não estava mais aqui.

— Desculpa eu não queria fazer você chorar outra vez.... vai ficar tudo bem... esse bebê vai crescer forte e saudável e você vai ver que ele é igualzinho ao pai dele... Freya não chora..

Eu não podia parar de pensar que provavelmente meu filho iria crescer sem o pai dele, tinha uma dor aguda dentro de mim e eu simplesmente já não podia mais conter meu choro. Nina me abraçou e eu deixei que isso que estava sentindo tomasse conta de mim porque era só o que eu podia fazer pra aliviar a dor.

Obsessão parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora