Descobrindo um novo vício

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Hoje está sendo o pior dia, mal consigo pensar meu corpo dói em todos os lugares e me sinto cansada o tempo inteiro.

— Freya, agora não pode mais recusar.

—...me dá o remédio...

— Não, vamos pro hospital.

Victor não estava me pedindo desta vez ele estava mandando e eu estava fraca demais pra resmungar. Eu odeio hospitais, meu coração acelera só de pensar em ir pra algum mas tenho medo de que meu bebê esteja sentindo dor.

As torturas me distraiam da dor, o sexo também mas ele está se recusando a me dar os dois eu preciso parar de sentir isso, está insuportável.

Victor me pegou no colo e me levou pro carro, não conseguia conter os tremores do meu corpo e estava muito frio aqui fora... ele deu partida e começou a dirigir para fora da mansão em alta velocidade, estava tentando me manter acordada mas estava difícil.

— Não desmaia, ei olha pra mim.

...eu..estou com frio..

— Frio? O ar quente do carro está ligado, deve estar uns 38° aqui dentro..

Merda eu estou com febre, não pensei que isso fosse chegar a esse nível tão rápido... sinto minha cabeça pesada, estou com muito sono e com dores mas estou tentando ficar acordada.

— Estamos chegando, só aguenta mais um pouco..

Deixei que minha mão tocasse minha barriga no pequeno montinho que já estava se formando ali, tentei pensar no bebê e nos planos que tenho pra ele caso eu ficar viva, pensei em como decoraria o quarto, nos possíveis nomes, e no rostinho dele ou dela... pensei em como seria a vida perfeita ao lado do Victor e com um bebê.

Eu nunca tive contato com bebês não faço ideia de como criar nem do que fazer mas só de pensar em ter esse pequeno serzinho no meu colo me dá uma alegria tão grande que me deixa arrepiada.

— Apliquem o medicamento 5, na veia.

— Dez miligramas.

...o que... esta acontecendo?

— Ela está acordando anda logo com isso. Oi querida, como se sente?

As luzes estavam fortes eu ainda estava sentindo muita dor e a médica estava visivelmente alterada. Posso estar sonolenta mas tenho certeza de que tem alguma coisa acontecendo.

Victor... onde ele está?

— Na sala de espera, você desmaiou no caminho até aqui como está se sentindo?

Dói... estou com frio...

Eles começaram a aplicar alguma coisa em mim, meu coração estava disparado eu odeio essas coisas e eu não consigo me conter. Parecia um filme de terror todas essas pessoas de máscaras e roupas brancas, eu não queria chorar mas estou apavorada.

n...não... não toca em mim.. porra sai daqui! Não toca em mim!

— Isso é um medicamento pra dor, precisamos injetar..

não porfavor...porfavor... não toca em mim...

— Chama o acompanhante dela, querida vamos deixar seu namorado entrar mas precisa se acalmar.

Em todas as vezes que precisei vir ao hospital sempre foi Thom quem me acompanhou, ele sabe como conter minha crise de ansiedade assim como só eu sei conter as dele. Victor entrou no quarto vindo até mim e me senti obrigada a me agarrar a ele como uma criança.

— Ei o que foi lobinha? Não precisa chorar eu tô aqui..

..eu...eu não quero...

— Senhor precisamos aplicar o medicamento, pode nos ajudar com ela?

Meu corpo estava tremendo eu estava sentindo muita dor mas o medo era maior, não sei exatamente do que estava com medo afinal eu nunca sei, mas meu coração está disparado e estou ficando sem ar.

Victor segurou minha mão e começou a acariciar meu rosto me fazendo encarar seus olhos, com ele assim tão perto eu não conseguia pensar em outra coisa que não fosse ele e aos poucos meu corpo foi se acalmando e meu coração foi desacelerando.

— Respira, olha pra mim... você consegue tudo bem?... se doer pode apertar minha mão eu tô com você.

Novamente os enfermeiros se aproximaram e mesmo com medo eu fechei os olhos apertando com força a mão do Victor, ele me colocaram algumas sondas com medicamentos enquanto Victor me ninava em seus braços. Com o tempo os tremores foram embora, a febre também e eu já não sentia a dor no corpo... foi como o paraíso.

— Como se sente?

Acho que bem...

Eu estava drogada literalmente, eu nunca usei nenhum tipo de drogas mas derrepente tudo ficou calmo e meu corpo estava leve, essa sensação é incrível e não sei se vou conseguir viver sem isso quando for embora daqui.

— Aplicamos um medicamento chamado oxicodona, ele é muito forte pra casos de dor extrema.. medimos a pressão dela e com a dor que ela estava sentindo consideramos essa a melhor opção.

— Mas vai prejudicar ela ou o bebê de alguma forma?

— Não, aplicamos apenas desta vez porque ela ainda não começou o tratamento mas assim que começar essas crises vão diminuir mas é extremamente necessário que ela comece o quanto antes.

— Mas ela está com quatro meses ainda.

— Eu sei mas se ela tiver outra crise forte assim vamos ter que aplicar outro opioide e esses medicamentos com uso contínuo podem ser viciantes.

Eu nunca estive tão leve em toda minha vida, toda aquela inquietação foi embora e era como se eu estivesse flutuando. Ouvia o que a médica dizia mas ao mesmo tempo não estava interessada, apenas olhei para minha barriga vendo minha visão distorcida e toquei o pequeno montinho ali sorrindo sem saber o motivo.

— Ela está bem?

— Está drogada, isso vai passar em algumas horas vai dar tempo pro corpo dela voltar ao normal e quando o efeito terminar ela não vai mais sentir dor.

...esse remédio...é muito bom...

Eu mal podia falar mas a sensação é maravilhosa, sem dor, sem pensamentos, era apenas eu e o mundo em volta... minha visão estava distorcida mas ainda podia ver que Victor estava preocupado comigo mas não tinha mais motivos eu estou tão bem agora.

O que foi?... amor... não fica assim...

— Você está drogada não é bom falar muito meu bem...

não é droga... é só remédio...

— tem certeza que se sente bem? Não está doendo?

...eu tô ótima... é a melhor sensação do mundo... e eu te amo...

Ele sorriu beijando minha testa e acariciando meu rosto e depois minha barriga, podia estar louca mas tenho certeza que senti um leve movimento ali em baixo mas ele pareceu nem notar então não disse nada.

— Eu também te amo, amo vocês dois...

Eu estou com medo de mim mesma agora, essa sensação é tão perfeita que tenho medo de não conseguir viver sem isso daqui em diante, eu não posso nem pensar em fazer isso com meu corpo agora.

Obsessão parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora