Por favor não diga...

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Demorei mas voltei, ja já sai a segunda att, vou só dar uma lida e corrigir, boa leitura.

O bar que escolhi pra encontrar meus amigos era o mais acessível da região, perfeito para jovens sofredores, universitários e eu.

Diferente do que o nome propõe, o bar do Zé não era necessariamente um lugar fuleiro, mas pessoas pobres também precisam de um lugar com bebida ruim e barata pra afogar as mágoas e pelo menos não tinha nenhum bêbado dormindo na calçada, dessa vez.

Era bem perto da minha casa o que me ajuda bastante, apesar de dificultar para todo o resto do meu grupo de amigos, mas já que a emergência é comigo me senti no direito de escolher esse lugar e optar pela comodidade.

Felizmente também há opções de comida, então pedi uma cerveja e um hambúrguer só pra forrar o estômago enquanto espero todo mundo numa das mesas dispostas na parte externa, mesmo com o ar frio optei por esse lugar pois se os paulistas fossem se importar com frio, poluição ou essas coisas, jamais saíriamos de casa.

Alguns minutos, uma mordida no meu lanche e um ou dois goles na cerveja depois, Enzo apareceu.

O que era só um pouco esquisito, ele foi o primeiro a chegar mas não era necessariamente um amigo, seria mais algo como um meio-amigo, por ser namorado de anos da Única Garota Hetero do Grupo, Berenice, ou Berê pros mais íntimos, ele é lindo, charmoso e tem um emprego com um nome comprido que transmite credibilidade, algo que envolve alfândega, impostos e idiotas do governo que cobram uma fortuna pra te devolver seu item falsificado da China.

As coisas ainda eram meio complicadas por que pra todos os efeitos, eu o vi primeiro, o conheci numa festa, trocamos números e saímos algumas vezes, e esse foi o início da história de amor entre Berê e Enzo já que quando os apresentei, ele percebeu que talvez gostasse mais dela.

Tentei superar e não guardar rancor, mas as vezes penso em como seria bom o ter por perto em momentos difíceis, depois que a escolheu só ficamos uma vez, quando me ligou bêbado depois de uma briga que tiveram, foi só um beijo e nunca mais tocamos no assunto já que ele percebeu, de novo, que a amava mais.

- Oi Enzo, quanto tempo.- Tento soar casual.

Ele se aproxima da mesa, coloca sua cerveja ao lado da minha na mesa e me dá um indiferente beijinho na bochecha que me despedaça mais ainda, antes de encontrar seu lugar à minha frente.

- Oi Kel. - Sua resposta me faz pensar que talvez eu não tenha soado tão casual assim.- A Berê tá atrasada, foi mal.

Atrasada era o normal dela, nada novo.

- Anda fazendo o que?

- Ah você sabe, problemas com impostos, não vou te encher com isso, lembro que você guarda um rancor especial pelo meu trabalho.

Ri de nervoso, ele estava certo, alfândega eu odeio vocês e seus impostos.

Passamos os próximos minutos conversando sobre meu trabalho nada interessante, mas que Enzo fez questão de ouvir tudo e ainda fez perguntas pertinentes pra me instigar a falar mais, ele sempre fez isso, não por que esteja interessado mas por que esse é o Enzo, o perfeito, o amigo fiel e namorado da minha melhor amiga.

Não demora muito até que o casal mais sólido do grupo chegue, os Brunos Ribeiro, conheci os dois durante a faculdade em um evento em prol da comunidade lgbtqiapn+ e naquela época eles já namoravam, hoje em dia são os únicos casados, o que se torna piada interna do grupo pois ambos se chamam Bruno Ribeiro, mas agora que estão casados são oficialmente Bruno Ribeiro Ribeiro e Bruno Ribeiro Ribeiro, assim sendo nada mais justo conosco do que os apelidar de B1 e B2.

Procura-se um namorado- kelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora