Chance

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Duas horas haviam se passado e não, eu não tinha ido pra casa, não consegui ir pra casa.

Estava na frente de uma casa de dois andares, parecia aconchegante como um lar mas ao mesmo tempo transmitia riqueza, apertei a campainha tão rápido diversas vezes seguidas como se estivesse com medo que se parasse ela cairia.

- Qual é o seu problema?- Ramiro me perguntou quando finalmente abriu a porta.

- Muitos, na verdade até mais do que eu gostaria mas sinto muito de verdade e não quero terminar nosso namoro de mentirinha.- Despejei tudo de uma vez.

- Você tava chorando? - Ele me encarou com os olhos meio fechados.

- Não.

Ignorando completamente minha mentira descarada, ele deu um passo pro lado.

- Entra.

O interior da casa era exatamente o que eu esperava por um lado e nada do que eu esperava pelo outro, era bonita e bem decorada, com paredes brancas, plantas e alguns quadros, era limpa e tinha cheiro de tulipas, mas ao invés de parecer só uma casa de um riquinho mimado era aconchegante, dava a impressão de ser um lar, um lugar que te acalma depois de um dia cansativo.

Quando entramos me sentei numa das pontas do sofá e ele rapidamente arrumou uma pilha de papéis que já estava arruma e a coloca ao lado que seu notebook aberto que foi fechado logo em seguida.

Ele vestia o que eu pensei ser seu "normal" um conjunto de moletom confortável e descalço, isso me parecia mais intimidade do que já tivemos, não do tipo estranho como ter fetiches em pés mas do tipo, ele me mostrar como realmente era quando não tinha ninguém olhando.

- Eu não te entendo Kelvin.- Ele massageou suas têmporas em desespero.- Primeiro você me dispensou sem nenhuma explicação por mensagem por que aparentemente uma ligação era demais, agora aparece na minha porta ainda sem nenhuma explicação por que pelo visto uma ligação não seria o suficiente.

- Eu devia ter ligado, nas duas vezes, só que eu acho que se eu te ligasse na primeira não teria tido uma segunda.

- O que aconteceu, eu de verdade achei que você não tava se importando.

- Não sou tão idiota assim, sei que tudo tá contra mim agora mas eu meio que preciso dessa...- Fiz um gesto Apontando pra nós dois.- ...coisa, que nós estamos fazendo e eu prometo me esforçar se você me der mais uma chance.

Seus olhos brilhavam, mas estavam firmes ao mesmo tempo, se eu pudesse descrever diria algo entre esperança e desconfiança.

- Como você quer me fazer acreditar que vai ser melhor numa possível próxima vez se você não quer me contar o que aconteceu dessa vez?

- Foram só uns problemas idiotas de família, achei que era importante, achei de verdade, mas não era. Prometo que não vai acontecer de novo, além de que você tava procurando um namorado de mentira não um problema a mais na sua vida.

- Acredite quando digo que sabia exatamente onde tava me metendo.

Eu não me sentia forte o suficiente pra encarar sua opinião sobre mim naquele momento.

- Olha eu sei que não sou nada do que você tava procurando mas por favor quer parar de jogar isso na minha cara?

- Eu... Isso não...- Ele suspirou.- Não era isso que eu queria dizer, só tava dizendo que nunca esperei que você fosse algo que você não é.

- Tipo oque? Confiável e sensato?

- Tipo fácil ou comum.

Dessa vez eu o encarei é acho que fiquei literalmente de boca aberta.

Procura-se um namorado- kelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora