O Aniversário

409 33 139
                                    

Já na noite de sábado, eu e Ramiro nos encontrávamos parados na calçada em frente a um prédio muito bonito na avenida Paulista, uns cinco minutos atrasados como mandam as regras da sociedade, mas não mais do que isso; como mandam as regras do Ramiro que odiava se atrasar, principalmente de propósito.

Ele carregava em uma de suas mãos a cesta de chocolates e na outra, bom, eu estava agarrado ao seu braço como um filhote assustado.

O porteiro nos deixou entrar depois de interfonar no apartamento de Aline que ficava no décimo andar, subimos de elevador sem trocar nenhuma palavra, mas o silêncio entre nós nunca era desconfortável, ele tentava ao máximo ficar próximo de mim ao mesmo tempo que sua respiração sempre calma e centrada me acalmava.

Assim que Ramiro tocou a campainha, rapidamente fomos atendidos por uma mulher negra de cabelos cacheados armados num coque meio desajeitado, mas não de um jeito ruim, de um jeito que a deixava mais charmosa, a melhor parte era seu vestido, ele era rosa rodado e com plumas bem estilo anos 80.

- Ramiro! Vocês vieram! - Aline gritou e deu pulinhos de alegria. - E você deve ser o Kel certo?

- É sou eu mesmo...- Falei baixinho ainda meio tentando me esconder atrás de Ramiro agarrado em seu braço.

- Kel essa é a Aline, uma das minhas amigas mais queridas, feliz aniversário querida.- Ramiro tentou abraça-la depois de nos apresentar, mas percebeu que o presente que carregava talvez fosse um pouco grande demais, preferindo então entregar logo.

Aline tomou-o nas mãos agradecendo com um sorriso enorme no rosto quando notou que haviam três potes de nutella.  

-Entrem, o Hélio e a Petra já chegaram, se existe alguém no mundo que odeia se atrasar mais que você são aqueles dois, e se tem alguém que ama tanto se atrasar que inclusive já avisou que vai se atrasar, é a Berê.

Nós seguimos Aline por um pequeno corredor, onde no fim fomos surpreendidos por um homem alto segurando uma daquelas torres de ferreiro rocher, que só vendem em confeitarias de gente rica, que nem a que Ramiro me levou no nosso primeiro encontro.

- Olá cavalheiros, gostariam de um?- O homem, que eu suspeitava ser Caio, levantou a bandeja em nossa direção.- Só cuidado porque isso aqui tá bem instável e eu sou agrônomo não arquiteto.

- Caio quanto tempo!- Ramiro exclamou.- Eu achei essa torre uma ideia ótima ideia diga-se de passagem.

  - Obrigado querido, VIU HÉLIO? EU DISSE QUE ERA UMA BOA IDEIA.- Ele gritou inclinando o pescoço em direção à sala onde o outro casal de convidados estava.

- EU NUNCA DISSE QUE ERA UMA MÁ IDEIA, SÓ DISSE QUE ERA MAIS FÁCIL COMPRAR UMA NUMA DAQUELAS CONFEITÁRIAS DE RICO QUE O RAMIRO VAI.- Hélio gritou de volta.

- Não liguem pra ele, ele já usou todos os argumentos possíveis nesse debate.

- Tudo bem, só me diz que isso não é uma festa cheia de referências ruins do anos 90.- Ramiro disse.

- Não só dos anos 90 como dos anos 80 também, a festa é minha, o aniversário é meu e se eu quiser obrigar todo mundo a comer maria mole bebendo mimosa eu posso.- Com isso ela saiu em direção à sala de estar com sua cesta de chocolate em mãos.

- Aline... eu só queria que você tivesse me avisado com antecedência, estou tentando mostrar pro Kelvin que posso ser descolado.- Ramiro se defendeu enquanto nós a seguíamos por um corredor meio estreito com algumas pinturas nas paredes.

- Ramiro, nem quando falar descolado era descolado as pessoas descoladas falavam descolado.- Eu ri da resposta de Caio, mas logo me recompus e me senti na obrigação de defender meu quase namorado.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 11 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Procura-se um namorado- kelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora