O clube

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O clube não era nada menos do que se pode esperar de um lugar com nome de algum rico excêntrico, o lugar era luxo em cada parede de vidro e chão de mármore.

Quando entramos, Nando me guiou ao o elevador do edifício onde iríamos subir até o terraço, lá ficavam o restaurante e também o bar onde homens engravatados iam pra provavelmente falar sobre como odeiam pobres.

Falou com um funcionário que mais parecia um mordomo na recepção e deixou avisado que esperávamos convidados.

Não podia negar que a vista era simplesmente linda, dava pra ver todo o esplendor dos edifícios gigantes de São Paulo, nos sentamos em uma mesa com quatro cadeiras do bar apenas pra esperar nossos acompanhantes chegarem.

- Não é legal Kel? Nós dois homens esperando nossas senhoritas pro happy hour, se bem que no seu caso é um cavalheiro.

- É... acho que sim.

- Então, quer beber algo?

- Tá, pode ser.

- Bernardo, eu vou querer o de sempre.- Ele avisa ao garçom que chegou após um aceno de sua mão.

- O que é o de sempre?

- Ah não sei, eu nunca lembro, mas também tenho coragem de perguntar, voltando ao assunto Kel, eu acho muito interessante você estar acompanhado por um homem, vocês podem fazer tudo juntos, ir nos mesmos clubes, dividir o alfaiate e até jogar como dupla no golfe.

Antes que eu pudesse responder Bernardo, o garçom, voltou com dois copos pequenos com um líquido meio marrom.

Nando bebeu um pequeno gole e fez uma cara de desgosto, logo em seguida colocou o copo sobre a mesa.

- Ah lembrei, essa porcaria.

Definitivamente não tava com saco pra pergunta-lo como uma bebida que ele aparentemente não suportava se tornou o seu "o de sempre"

De qualquer forma a entrada de Ramiro me salvou e ele chegou elegante como sempre, com mais um de seus inúmeros ternos de três peças.

Finalmente poderíamos sentar, beber uma bebida amarga e conversar sobre como tentei fazer o certo ligando pro meu pai e o agente dele nem sequer acreditou em mim, ou sobre como recebi mais um email homofobico que tive que responder com educação ou só sobre como eu senti saudade dele e contei o tempo até poder vê-lo depois daquela ligação.

Quando ele chegou perto o suficiente percebi que a única parte que conversamos sobre estar juntos em público, foi o que não fazer.

- Oi Hum...querido?- Ele dá um pequeno aceno com a cabeça sem saber ao certo o que fazer.

- O nome dele é Kel, eu sempre esqueço também. - Nando respondeu se levantando logo em seguida e estendendo a mão para Ramiro.

- Ramiro esse é o Fernando Rocha meu colega de trabalho, e Nando esse é o Ramiro Neves meu namorado.- Os apresentei enquanto eles apertavam as mãos.

- Você tá namorando Kel? Achei que tínhamos bolado um plano de te arrumar um namorado de mentira por que você não conseguia um.

- Pois é Nando, e esse é ele.

Nós três nos sentamos e percebi que Ramiro notou a curiosa forma como a mente de Nando trabalhava mas preferiu não comentar.

- Aceita uma bebida Ramiro?

- Claro, seria ótimo.

Nando pediu mais um "o de sempre" pra, curiosamente, mais um Bernardo, o que comecei a suspeitar que era apenas a mente de Nando que havia decorado um único nome e continuou chamando todos assim.

Procura-se um namorado- kelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora