Desmoronar

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Entramos no carro e permanecemos em silêncio durante todo o percurso de volta pra casa, não tive sequer ânimo pra responder os "você tá bem?" Do Ramiro.

Só voltei a abrir a boca de novo quando ele parou em frente ao meu prédio pra me deixar em casa.

- Você...quer ficar?- Perguntei meio cabisbaixo mas com uma pontinha de esperança.

- Tem certeza de que quer que eu fique?- Perguntou encarando a luz do poste à nossa frente.

- Tenho...- Eu não tinha forças pra fingir que não queria.

- Então eu vou estacionar e vejo lá cima.- Deixou um afago no meu rosto.

Eu saí do carro me arrastando, dei boa noite pro porteiro noturno e quando a porta do elevador fechou eu finalmente lembrei que Ramiro iria ver meu apartamento arrumado pela primeira vez.

Cheguei ao meu andar saí correndo até minha casa pra conferir se estava tudo em ordem, de repente todo o cansaço se transformou em euforia e eu estava pouco me fodendo que meu dia foi horrível, eu ainda podia fazer essa noite ser salva.

Quando entrei em casa só confirmei minha suspeita, estava tudo impecável, assim como venho garantindo que ficasse na última semana.

Andei até o meio da sala, só ajeitei o canto do tapete que Luana me deu de presente quando arrumei a casa e chequei se a planta que B2 colocou sobre o móvel da TV precisava de água, mesmo que eu agora usasse também alarmes pra me lembrar de regar as plantas.

Então como não tinha mais nada pra fazer apenas fiquei ansioso esperando Ramiro, minhas mãos estavam suando e eu apertei-as ao lado do corpo.

Ramiro abriu a porta e quase como se uma alavanca tivesse sido ativada, seu queixo caiu e seus olhos se arregalaram.

- Surpresa?- Falei meio sem jeito.

Ainda boquiaberto ele olhou ao redor, e me encarou de volta.

- Você limpou sua casa...

- Sim, Quer dizer eu até tentei fazer sozinho mas sou melhor bagunçando então chamei meus amigos pra me ajudar.

- Me diz que você não fez isso só por mim.- Disse sério, seus olhos possuíam um pouco de compaixão e culpa.

- Claro que não, eu sei que você ia se sentir mal se eu tivesse feito isso, acho que...eu fiz por mim, foi um pouco por você mas não por que você não gosta de bagunça mas tipo, você fica dizendo que eu sou bom e que tem orgulho de mim que eu meio que tô começando acreditar só um pouquinho. - Ele me observou falando em completo silêncio.- Eu acho que fiz por mim e pelo Kelvin de verdade sabe?

- Ah Kelvin...

- Mas não foi grande coi...

E ele me beijou.

O beijo mais Ramiro de ser de todos, suas mãos agarrando com força e delicadeza meu rosto enquanto seus lábios macios tocavam os meus meio entreabertos mas sem se mexer como se esperasse algum tipo de resposta.

E eu...bom eu agarrei os cachinhos da nuca dele com força como já venho querendo fazer a tempos e aprofundei aquele beijo.

À boca dele tinha sabor de algo bom, era doce se eu pudesse nomear diria que tinha gosto de brownie e mousse de maracujá.

Ramiro desceu uma de suas mãos pra apertar minha cintura com a mesma delicadeza e intensidade, ele conseguia, como ninguém, me passar a segurança de que estava me beijando por quem eu sou, me beijando única e exclusivamente por que sou eu.

Sua língua curiosa ainda explorava minha boca quando o ar se fez necessário e nós fomos obrigados a nos afastar, ofegantes, confusos e com certeza querendo mais.

Procura-se um namorado- kelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora