Ritual de passagem

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— UAHHH. — Goiás caiu para trás com o susto.

Brasília estava sentada na sala do apartamento esperando por ele. Por uma fração de segundo o cantor achou que fosse Matin e que morreria naquele momento.

— Que bom que chegou Goiás, estava cansada de esperar.

O maior levantou atrapalhado do chão e entrou adequadamente em sua morada temporária fechando a porta em seguida.

— Ocê pudia tê mi avisado antis Brasília! — Reclamou embaraçado.

— Eu não queria que fugisse de novo... — Comentou olhando afiada para ele.

— E-eu num tenho exatamente pra onde í.... — Murmurou constrangido.

A mulher foi até ele e pegou a chave do apartamento trancando a porta. O moreno estranhou a atitude e isso transparecia em seu rosto, fazendo Brasília rir um pouco divertida.

— Amanhã de manhã. — Ele a olhava sem entender nada ainda. — Vamos na casa da Matinha resolver tudo.

Apesar do goiano já ser branco ele empalideceu mais, parecendo um fantasma.

— É o único momento na agenda do Brasil pra lidar com vocês por agora. — A capital explicou eficientemente enquanto via o maior praticamente virar um amontoado de tiques nervosos na sua frente. — O Minas vai estar lá e eu chamei o Sul também pra ajudar caso um certo alguém fique muito.... Irracional. Fora o Brasil, que vai chegar com a gente.

Os instintos de sobrevivência de GO estavam absolutamente disparados. De jeito nenhum poderia ir assim do nada encontrar os dois irmãos. Não é como se não quisesse ver Matinha, ainda mais agora nessa situação, mas tinha apego à vida.

— Vejo que comprou comida pra você. — A mulher analisava em volta. — Então eu vou confiscar a chave do apartamento até amanhã, quando eu e o Brasil viermos te buscar.

— N-não! Num tem condições de eu ir Brasília! Por favor! Deixa o Matin acalmá mais!

— Quanto mais tempo você sumir pior vai ser. Porque aí sim vai parecer que você está rejeitando a Matinha. A responsabilidade.

— J-jamais! Eu amo ela!

— Então assuma a responsabilidade! Quando se transa com uma mulher sempre vai existir a possibilidade de gravidez! Isso sempre foi muito claro! Uma criança não se faz sozinha! Precisa de uma mãe e um pai. — Apontou para o goiano um pouco agressiva. — Você quer mesmo deixar que outro homem assuma esse papel por você?

Era extremamente assustador, mas pensar em um possível filho seu com Matinha sendo criado por outra pessoa era de cortar o coração, pois seria a materialização do amor dos dois nas mãos de outro.

— N-não.... — Murmurou baixinho.

— Então encara a encrenca que você se meteu véi! — Deu um empurrão energético no maior. — Eu sei que o teu problema é com o Matin. Mas você está se esquecendo que apesar dele ser bruto e assustador ele ama a Matinha! Você acha mesmo que ele não vai recuar se ela disser que te quer?!

Aquela era uma verdade que ele tinha dificuldades de processar. Mas isso não fazia ser menos verdade. Brasília o conduziu para que se sentasse e se posicionou ao seu lado.

— Eu sei que você não é medroso Goiás. Só o Matin que é extremamente assustador e explosivo. Você tem noção do perigo, isso sim. Mas não é covarde, eu já te vi nos rodeios, tu acha que é qualquer um que enfrenta aqueles bichos de mais de 500Kg? Ou que não se abala ao receber tantos foras de garotas? Ou que enfrenta uma apresentação num palco sem nem sentir frio na barriga? Você tem suas qualidades cara! Todos nós temos. Mas amanhã é um momento decisivo pra você. Precisa decidir enfrentar isso de peito aberto e cabeça erguida. Matinha te ama! Mas ela também precisa se sentir amada de verdade. Nada como enfrentar o Matin pra provar isso. — Soltou um risinho tentando aliviar a situação. — Né?

O discurso da capital estava fazendo efeito, ele já não tremia tanto com o pensamento de ir até lá na manhã seguinte. Riu de nervoso.

— Sim.

— Pensa nisso como um ritual de passagem. Porque uma vez que você enfrente o Matin com sinceridade ele vai ser obrigado a ver que você realmente quer ela e que tem qualidades e capacidade para ficar com a irmã dele!

O moreno escondeu o rosto com as duas mãos.

— M-mais ele é forte dimais sô.... — Murmurou com a voz trêmula. — Eu num tenho condições di infrentá ele Brasília. — Era vergonhoso admitir aquilo em voz alta. — É simplesmente insano.

— Por isso que vai tanta gente amanhã. — Apoiou a mão em seu ombro com empatia. — Por isso eu chamei até o Sul pra ajudar. O Minas, o Brasil.... Vão estar todos lá pra ajudar nisso. Porque não é a simples questão de quem é mais forte. — A mulher não comentou, mas para Matin talvez isso seria sim o suficiente para convencê-lo.

Goiás suspirou pesadamente. Novamente uma verdade difícil de processar. Estava indiscutivelmente uma pilha de nervos. Mas era como ela falou, tinha que encarar como um ritual de passagem se quisesse ficar com Matinha. MS era o Boss final para chegar em sua princesa. Precisou sorrir divertido com a analogia que sua mente desesperada fazia. Já não estava tão tenso a ponto de ficar congelado ou querer fugir na primeira brisa que lhe batesse. Mas também não se sentia como uma rocha sólida.

— Olha só. — Bateu em seu ombro. — Você está cansado agora. Descansa bem até amanhã e pensa nessas coisas tá. — Se levantou indicando que ia embora. — Mas ainda assim vou levar a chave comigo. — Balançou divertida o chaveiro. — Tchau Goiás. Descansa.

O maior só conseguiu assentir com a cabeça, suamente girava com tudo o que tinha que processar e enfrentar na manhã seguinte.Seus medos e sua grande conquista.

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