Ele mesmo

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"Está pronto?"


Brasília conversava com Goiás por mensagens.


"Não"


"Vou chegar dentro de meia hora

Ainda tenho que buscar o Brasil

Arruma o apartamento e suas coisas"


"Ok"


O moreno suspirou cansado, não havia pregado os olhos à noite, portava olheiras bem profundas na cara.


"Vai dar tudo certo"


Aquela última mensagem foi de surpresa e incrivelmente lhe acalmava um pouco. O cantor respirou fundo e levantou do sofá. Se espreguiçou por um momento e passou a mão no rosto. Vixe, tinha que fazer a barba. Colocaria sua melhor roupa também, se era para morrer que fosse bem arrumado.

Olhou para sua mala aberta e as roupas emprestadas estendidas na cadeira. Não usaria aquilo, não se sentia ele mesmo. Dobrou cuidadoso as peças que não eram suas e as colocou numa sacola. Escolheu sua melhor camisa xadrez, sua melhor calça jeans e seu cinto favorito, com a fivela que mais gostava.

Era uma pena que não estava com seu chapéu nem suas botas, na pressa deixara na casa de Brasília. Espero que ela lembre de trazer. Pegou o pote de gel e rumou para o banheiro, tomaria banho, faria a barba e arrumaria o cabelo do jeito que gostava. Seria ele mesmo.


_____ _____


— Matin ocê num vai levá sua pistola também não! — Minas colocava a arma de volta no case e dentro do cofre. Não conseguira dissuadi-lo de levar a espingarda, então pelo menos se manteria só naquilo, um item para precisar ficar de olho.

— É claro qui eu preciso! Cum a espingarda eu atiro melhó, mas cum a pistola eu consigo correr atrás dele.

— Ocê num tá indo pra matá o Goiás! Tá indo pra dá uma chance pra ele ficá cum a Matinha!

O maior bufou contrariado. A irmã o havia escolhido, não tinha jeito. E lhe prometera dar uma chance. Deixou a ideia da pistola de lado, mas pegou seu inseparável laço. Já que estava lidando com um gado mesmo.

Não falou mais nada quando entrou na caminhonete, seguiria o desejo da irmã de não matá-lo na primeira oportunidade.


_____ _____


— Daqui a pouco meu irmão e o Minas chegam. — Matinha falou se levantando depois de conferir o horário. — Acho saudável ocêis mantê o bico fechado sobre isso. — Pegou na alça de sua baby-doll indicando a peça que beirava ser lingerie. — A não sê qui o Sul queira si exercitá depois brigando cum o Matin.

— E-eu tô bem guria. — Nunca era uma ideia legal brigar com o esquentadinho.

Matinha olhou bem pra ele e sorriu sincera.

— Obrigada por brincar assim cumigo Sul. Foi divertido. Mi feiz isquecê um pouco as coisas.

— Estou às ordens sempre que precisar. — O gaúcho devolveu o sorriso maroto. Paraná e Catarina reviraram os olhos da cara de pau e saliência dos dois.

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