Uma ou duas linhas?

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— Era uma ou duas linhas o positivo?

Goiás encarava a varetinha do teste com atenção. Tinha entrado no banheiro junto com Matinha, ambos muito nervosos. Ele tentava esconder mas sua mão tremia ao fazer todo o processo. A mulher mal respirava em suspense olhando para o vazio a sua frente.

— Positivo são duas linhas. — A morena murmurou.

O goiano se virou para ela exibindo o teste com uma linha só.

— Será qui ficou tempo suficiente?

— Deixa mais um pouco.

Se olhavam preocupados. Quase.... Tristes?

— S-sabe... — Goiás recomeçou a falar, um pouco incerto. — U-um dia, si ocê quisé, e-eu num acho ruim a ideia di t-tê um filho cocê.... — Sua voz sumia timidamente. Não tinha muita coragem de encarar a namorada.

Ela ficou em silêncio obrigando o homem a levantar o olhar em busca dos dela. Matinha tinha os olhos marejados e um sorrisinho nervoso no rosto.

— E-eu quero. — Ela conseguiu falar com a voz embargada. Deu um pulo e abraçou o maior emocionada. — Um dia eu quero! — Repetiu contra seu pescoço.

Goiás devolveu o abraço com carinho e proximidade, aliviado pelo desejo dos dois ser o mesmo. Ficaram assim por um tempo sentindo todas aquelas emoções juntos. Quando finalmente se separaram, um pouco mais calmos e completamente reafirmados de seus sentimentos recíprocos, analisaram novamente o teste. Permanecia uma única linha.

— Acho qui agora dá pra dizê qui num vai mudá. — Goiás comentou suavemente para a morena.

Matinha suspirou profundamente, num sentimento agridoce, em algum momento começara a desejar aquela criança. Mas era cedo para eles ainda, entendia isso.

— Agora nois tem qui í contá pra todo mundo. Í pedi disculpa pela confusão.

O cantor sorriu terno concordando com a cabeça.

— Nois feiz mesmo uma confusão. — Riu baixinho. — Vamos?

— Sim. — Concordou. Antes de sair se virou e pegou o teste, protegendo a ponta suja de urina e exibiu pro maior. — Acho qui Matin vai querê uma prova física disso.

Goiás sentiu como uma pedra de gelo descendo por sua espinha ao ter o nome do cunhado mencionado.

— Eu num intendi foi nada cum ele.

— O qui qui ocê num intendeu?

— Como qui ele num mi matô uai.

— Nois cunversô cum ele sô. Cê acha mesmo qui eu ia dexá ele ti matá di verdade?

Goiás desviou o olhar, não sabia o que estivera pensando sobre essa questão.

— O importante agora é qui ele ti aceitô. — A mulher ficou na ponta dos pés e deu um selinho no cantor. — Vamos?

Não esperou muita resposta do outro, abriu a porta e puxou o maior para fora, diretamente para a varanda de trás.

Assim que adentraram o ambiente todos os presentes os encararam curiosos e em suspense. A mulher exibiu o teste diante de si.

— Deu negativo. — Abriu um sorriso fraco.

O grupo comemorou um pouco, mas perceberam o tom agridoce da notícia.

— Ué gente, negativo era o que a gente queria né? — Brasil falou o que todos estavam pensando.

— S-sim. Sim! — Matinha concordou tentando se animar. Olhou rapidamente o irmão e depois o goiano. — Mais isso feiz pensá qui um dia nois qué tê um filho juntos. — Pegou e entrelaçou os dedos na mão do namorado, fazendo-o corar um pouco também, nervoso.

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