Pão de alho

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— Puta merda! — Sul xingava enquanto tirava o pão de alho carbonizado do fogo. Até o espeto estava quente demais para as mãos nuas. — Droga! — Se queimou um pouco, lançou um olhar para Matin, que ria debochado da sua cara. — Nem pra tu ter feito isso neh jaguara!

Reclamou com o amigo.

— Ocê num gosta qui toquem na sua churrasqueira.... Purque qui ia mudá hoje?

O loiro bufou contrariado, era verdade. Mas também era verdade que a porra do pão de alho estava queimando!

Se limitou a lançar um olhar irritado pro de cabelo comprido, logo conferindo as outras coisas, tudo estava bem.

— Vem espetar o coraçãozinho. — Mandou sem nem lhe lançar um olhar sequer. — Se quiser reclamar lembra que eu acabei de queimar a mão por que a madame não quis me ajudar.

Matin bufou mas foi ajudar. Pegou o pote em que estava a carne temperada e os dois espetos que iria usar e começou o serviço. Enquanto fazia isso o gaúcho atiçou a brasa, conferiu a carne que já estava lá, virando as peças e espetou o salsichão num espeto duplo, já colocando no fogo também.

— Eu vi que tu ficou feliz pela Matinha. — Sul comentou despretensioso.

— É ela qui tem qui gostá dele. — Murmurou entredentes. — Mais eu vô tá aqui sempre pra protegê ela. Si aquele gado fizé ela chorá di novo.... — Deixou as palavras morrerem enquanto atravessava mais um coração no espeto e sorria um pouco maníaco.

— É bom que vocês se entenderam. — O sulista deu dois tapinhas nas costas alheias. — Agora é ela fazer o teste de uma vez pra saber se está mesmo grávida. — Comentou observando as reações do maior.

Ele suspirou cansado e encolheu um pouco os ombros. Parecia ter uma cara culpada no rosto...?

— O que foi Matin?

— Eu... Impurrei ela ontem. — Murmurou baixinho sua preocupação. — Mei forte sabe.

O loiro respirou fundo e deu dois tapinhas no ombro do maior, não tinha o que ser dito. Agora era torcer para que tudo ficasse bem.

— Aqui tá cheirando bem! — Brasil chegou ao ambiente alegre e se aproximou da churrasqueira para ver o que tinha de carne. — Tem o que?

Sul sorriu com a chegada do chefe e ditou o extenso cardápio, indicando os cortes já na brasa e os pratos na mesa.

— Espero que seja suficiente pra todos. — Finalizou com um leve tom de preocupação.

— É claro que é suficiente paixão! — Paraná falou alto um pouco mais de longe. — Tu trouxe comida pra um batalhão aí!

— É verdade Sul, nem preocupa. — Brasília comentou também o tranquilizando. — Você nunca erra por menos.

— Já tem alguma coisa pra beliscar? — O brasileiro perguntou guloso. Olhando por cima do ombro do loiro para o balcão de trabalho.

— Teria. — Falou um pouco mais alto. — Se alguém tivesse colaborado com o pão de alho. — Alfinetou MS.

— Si ocê num tivesse largado tudo aqui nois teria o pão di alho! — O maior respondeu sem nem virar para eles.

— Se tu não tivesse pegado a espingarda talvez eu tivesse ficado! — Devolveu.

— Tch. — Matin resmungou e encerrou o assunto.

— Preocupa não Brasil, acho que dá pra tirar umas lasquinhas dessa belezinha aqui. — Tirou um dos espetos que parecia um pouco mais assado e procedeu em cortar um pouco da carne nas pontas mais tostadas.

— Agora sim falou a minha língua. — O brasileiro avançou sem vergonha pegando o pedaço mais gordo. Levou um tapa de Brasília pela má educação.

— Uai sô. Já tem carne?

Minas se aproximou da tábua de corte se servindo junto dos outros. Enfiou um pedaço na boca e pegou outro indo até o namorado e lhe oferecendo. O maior titubeou um pouco por não estarem a sós, mas tinha uma boa desculpa para aceitar, estava com as mãos sujas do coração de galinha cru.

Mordeu rapidamente o pedaço oferecido e fingiu que não aconteceu nada, Minas por outro lado estava radiante, aproveitou que ele estava distraído e lhe deu um selinho rápido em sua bochecha.

— Estou orgulhoso docê.

Murmurou bem baixinho em seu ouvido, sabia que ele era tímido com essas coisas, principalmente na presença de outras pessoas. Conseguiu fazê-lo corar um pouco. Se concentrou ainda mais em terminar logo de espetar aquela carne. Depois que Minas saiu quem se aproximou foi o Sul com um sorriso maroto no rosto. Havia escutado aquele flerte dos dois.

— Também estou orgulhoso de ti. — Falou bem próximo ao seu ouvido, imitando o mineiro. Deu um susto no de cabelo comprido, que o encarou com um olhar mortal.

— Mai qui diacho. Sai disgraça!

Falou alto tentando chutar o barbudo, que desviava com maestria gargalhando. O maior não podia ir muito longe pois de suas mãos escorria o sangue e tempero do que estava espetando, ia sujar todo o chão. Voltou ao seu trabalho fazendo tudo com raiva, faltava pouco para terminar.

— Tu é impossível mesmo paixão. — Paraná se aproximou do namorado e lhe deu um beijo. Não escutara a provocação, somente a confusão depois. Mas conseguia entender os motivos de tal brincadeira.

— Vem cá paixão. — Agarrou o menor o puxando para cima com intimidade. — Eu tô doido pra ir pra casa te comer inteirinho. — Murmurou lascivo em seu ouvido mordiscando aquela carne em seguida desencadeando uma onda de arrepios no moreno.

— A-aqui ainda não acabou paixão. — O paranaense resistia com precariedade. Também queria ir embora por aquele mesmo motivo.

Quase fisicamente dolorido os dois se separam,se não parassem agora com certeza o churrasco inteiro iria queimar. 




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Sul e Paraná se merecem mesmo~

E o gaúcho todo palhaço nesse cap -.-'  Só não morre pq ele é amigo do Matin... se não já viu neh.

Prenha?!Onde histórias criam vida. Descubra agora