Hora do jantar.

19 0 4
                                    

Paradas na frente de um jardim com um caminho de pedregulhos que levava até a porta com enfeites de mármore que dava entrada a grande mansão.
- É aqui mesmo? - Sara se questionou em voz alta.
- Pesquisamos em 4 mapas diferentes, e todos deram aqui, não tem erro. - disse Manu tomando um passo à frente pelo caminho. - Se não for, a gente vai embora.
- Ah, sim, ser humilhadas por um milionário antes... - Sara protestou.
- Para de ser dramática, meu deus. - Manu revirou os olhos.
- Tá bom gente, vamos indo. - Luna empurrou as duas, que começaram a andar no caminho até a porta junto.
A campainha foi chamada duas vezes antes que alguém atendesse a grande porta.
- Boa tarde, o que procuram? - uma mulher mais velha vestindo um uniforme de empregada atendeu a porta.
- Oi! Então... Meu nome é Sara e... - se atrapalha nas palavras antes de ser interrompida pela mulher.
- Ah! Claro! Podem entrar, estava te esperando. - abriu um espaço para as três entrarem e então fechou a porta. - Venham comigo, vou servir um chá para vocês antes de chamar Leila. - nenhuma delas se questionou sobre nada enquanto olhavam aos arredores impressionadas com a casa e eram servidas de bebidas visualmente caras e sentavam em sofás mais caros que o seguro de vida que nem tinham.
Esperaram até ficarem sozinhas na sala para se entreolharam e começaram a sussurrar.
- Você nunca contou que sua mãe conhecia alguém desse nível. - disse Luna.
- Pois é! Guardou essa da gente por que? - perguntou Manu enquanto bebericava sua bebida em uma xícara de porcelana.
- Eu também não sabia disso...
Antes que pudessem continuar a conversa, uma mulher de cabelos claros entra na sala e as três se ajeitam para olharem.
- Boa tarde, garotas! Gostariam de se juntar à mesa para podermos conversar melhor?
Manu deu um chutinho disfarçadamente no pé de Sara aprovando a ideia.
- Adorariamos. - respondeu.
- Venham. - as três levantaram no sinal e começaram a seguir a mulher, trocando olhares surpresas. - Meu filho trouxe um amigo junto, espero que não se incomodem.

Chegaram na grandiosa sala de estar, que no centro tinha uma mesa de jantar que cabia umas 10 pessoas.
- Podem se sentar, em uns minutos meu filho e o amigo chegam. Meu marido vai demorar um pouco mais, está resolvendo negócios.
As três trocaram olhares mais uma vez, curiosas sobre tudo o que estava acontecendo, antes de se sentarem em um dos lados da mesa. A mulher se sentou na ponta da mesa, se ajeitando elegantemente antes de olhar para as garotas com um sorriso educado no rosto. Manu tentava disfarçar sua curiosidade, fingindo interesse em um quadro pendurado na parede com uma expressão de intenso fascínio. Luna simplesmente absorvia a atmosfera, seus olhos percorrendo os detalhes da sala.
- Meu nome é Leila Campbell. Sua mãe já deve ter comentado sobre mim, certo, Sara?
- Na verdade não...
- Ah, - deu um suspiro curto - tudo bem. Nos conhecemos na faculdade anos atrás. - deu uma risadinha. - Bons tempos... Enfim, éramos bem próximas nessa época.
- Legal... Eu acho? Mas vocês pararam de conversar?
- Não totalmente. Mas acho que tenho uma ideia de qual foi o motivo para ela não te contar sobre nossa amizade. - arrumava um guardanapo de pano no colo.
- Qual?
- Em breve você vai descobrir. - a garota juntou as sobrancelhas em confusão olhando para as amigas.
Nesse momento, dois jovens entraram na sala, conversando entre si sem olhar para frente. Leila tossiu discretamente e um dos rapazes olhou para ela e o outro para as três garotas na mesa.
- Esse aqui é meu filho Thomas e o amigo dele, Henry.
- Oi - Sara olha para os dois garotos que entraram, e os observa, meio intrigada.
- Oi, como vai? - Thomas chega mais perto e faz um aperto de mão na Luna e na Manu, mas quando chega na Sara ele dá um beijo na testa dela.
Sara olha pras amigas em confusão mas fica quieta; Henry parece estar entediado com a situação.
- Acho que vocês já devem estar com fome, o jantar já vai ser servido. Meninos levem elas até a sala de jantar, por favor.
Henry balança a cabeça e começa a andar na frente; Thomas vai ao lado mas um pouco atrás. As meninas se levantam e o seguem.
- Por quê sua mãe não conta logo pra ela? E que coisa brega foi aquela que você fez meu Deus. - Henry sussurra pro Thomas.
- Cala boca, elas vão ouvir. Eu fiquei nervoso, tá?
Luna escuta a última parte e olha pra Manuela e em seguida para o Henry; "Você ouviu?" Ela gesticula.
"Ouvi, que papo torto do caralho"
Logo elas chegam na sala de jantar, e como o resto da casa, o lugar é lindo, cheio de mármore e mogno com lindos detalhes em dourado.
- Nossa. - Manuela se deixa suspirar.
- É pobre mesmo. - Henry sussurra para Thomas.
- Cala boca.
Manuela escuta mas prefere ignorar, não quer estragar o jantar na casa de alguém que foi tão receptivo, principalmente quando a anfitriã é conhecida da mãe da Sara.
Elas se dirigem a mesa e cada uma pega seus lugares.
Sara perto da cabeceira, Manuela ao seu lado e Luna ao lado da Manuela; por sua vez, Thomas na frente da Sara e Henry na frente da Manuela.
- Eu espero que vocês gostem do jantar, foi feito especialmente pra vocês - a Sra. Campbell sorri e se senta à cabeceira.
As empregadas começam a servir os pratos, e então o jantar começa.
- Sara, então você é formada em artes cênicas, né?
- Sou sim senhora. Atualmente tô de férias mas eu estava trabalhando em uma peça recentemente.
- Trabalha em teatro? Quanto você recebe? - Henry pergunta de uma forma incitiva, e todos só escutam o "ai" vindo dele logo depois de um barulho debaixo da mesa, provavelmente foi Thomas quem pisou no pé dele.
- Ah, é difícil trabalhar com isso, mas recebo o suficiente.
- É pobre mesmo.
- Henry! - A Sra. Campbell intervém antes de ouvir a voz da Manuela.
- Menino quem você pensa que você é, hein? Que incoveniente do caralho, desculpa Sra, mas foi. Essa casa nem é sua, é do seu amigo, vai ver você só tá ostentando nas costas dele. Enche mais a boca e fala menos.
A mesa ficou em silêncio e com medo do que Henry pudesse falar, mas ele só balançou a cabeça, riu e voltou a comer. Leila soltou um suspiro de alívio e olhou pra Sara.
- Desculpa por isso querida, sua amiga é bem... afiada... se vocês quiserem dormir aqui, tem muito espaço sobrando.
- Ah não, eu não quero incomodar - a Sara sorri claramente envergonhada.
- Que nada, eu insisto, não vai fazer desfeita né? A casa é enorme querida, fica.
- Ah... sendo assim... vocês concordam? - Manuela olha pra Sara como "é óbvio né" e Luna balança a cabeça que sim - Então tudo bem. A gente fica.
- Que ótimo! Vai ser bom pra vocês se conhecerem melhor também - A sra. Campbell olha para o Thomas e a Sara e sorri.
O jantar ocorre sem mais problemas, e então a Sra. Campbell se levanta e segue até o escritório.
- Vocês podem ir para o jardim ou pra sala de jogos, a Lete e a Odete vão arrumar os quartos de vocês. Se divirtam - e ela segue pelo corredor.
Henry olha pra Manuela que se levanta e vai até Luna.
- Vamo passear?
- Vamo. - Luna chega mais perto da Manuela e fala bem baixinho. - e o Henry? A Sara provavelmente vai sair com Thomas, não quer chamar ele?
Manuela dá uma risada tão alta que a Sara se vira pra olhar.
- Eu mesma não, sai fora.
- O que tá rolando? - Sara chega mais perto.
- Ah, nada, a gente vai dar uma volta por aí... Aliás, a gente ouviu o Thomas dizendo que queria passear com você, vai, ele é bonitão - Luna fala e começa a andar com a Manuela, praticamente correndo e rindo - Boa sorte viu!
- NÃO FAZ ISSO LUNA. você. me. paga.
Quando a Sara menos espera, o Thomas aparece do lado dela, e o Henry desapareceu, quando isso aconteceu??
- Oi, quer ir dar um passeio no jardim? Vai ser rápido, meia hora só eu prometo.
Sara olha ao redor a procura de uma saída, mas se vê encurralda. Ela dá um longo suspiro antes de finalmente dizer alguma coisa.
- Tudo bem, acho que não tem problema.

So long, London.Onde histórias criam vida. Descubra agora