So long, London.

Aniversário!!

POV Luna
Eu escuto o meu despertador tocar, faltavam 10 minutos para a meia noite, eu desligo, esfrego meus olhos e bocejo.
Manuela está deitada do meu lado mexendo no celular.
— Manu — ela tira os olhos da tela e me olha — já já você vai tá completando 24 anos... velha.
— Ainda faltam.. — ela olha o horário no telefone — 7 minutos.
— Passa rápido! — digo então poucos minutos depois, saio da cama e vou para o banheiro para lavar o rosto antes do horário bater. Quando saio ainda falta 1 minuto e uso esse tempo para ir até uma sacola que deixei escondida nas minhas coisas pegar um arquinho escrito “birthday girl” que comprei enquanto decidimos as coisas para o aniversário dela.
Pulo na cama ao lado dela no segundo que bate meia noite.
— FELIZ ANIVERSÁRIO!!! — falo em um tom mais alto que o normal, mas não chegando a gritar. Ela se senta com um sorriso no rosto e eu coloco o arco na cabeça dela. Dou um abraço apertado e ela retribui.
— Obrigada. — diz com um sorriso indo de orelha a orelha. — Não sei o que seria sem você!
— Não seria nada… — brinco e ela solta uma risada.
Ela toca no arquinho e abre a câmera do celular para ver.
— Quando você comprou isso aqui?
— Eu faço coisas que você não sabe. — dou uma piscada.
— Eu percebo. O que você tava fazendo quando sumiu do quarto no meio da noite?
Dou de ombros.
— Coisas secretas.
Sara POV
  Três batidas na porta, toc-toc-toc. Já reconheço de longe e grito que ele pode entrar.
- Ei, Sara.
- O que foi? - Digo quando ele parecer fitar meu quarto de ponta a ponta com o olhar.
- Você não vai mais dormir aqui.
- Que?
- Esse quarto é horrível, a cama da dor nas costas. Vem pro meu quarto e eu dou um jeito. - Depois de muita insistência, ele não mudou de ideia, e então eu fui colocar minhas coisas lá.
Eu me sento na cama dele e olho ao redor, alguns livros estão empilhados na cabeceira e um óculos reside em cima, um pequeno teclado está no outro lado do quarto, e a porta do guarda roupa está aberta, me mostrando muitas camisas sociais e paletós.
— Isso é uma péssima ideia, Thomas. Onde você vai dormir?
— Não preocupa, eu dou um jeito. Eu já dormi no chão do seu antigo quarto, posso dormir de novo.
Eu balanço minha cabeça e olho o relógio na parede. Quase meia-noite, aniversário da Manu.
— Eu vou desejar feliz aniversário pra Manuela, depois eu venho, tá bom?
Ele faz que sim com a cabeça.
— Vou sentir saudades.
Eu finjo que não escutei e saio do quarto, mas meu rosto está uma pimenta.
Caminho no corredor em direção ao quarto, e respiro fundo antes de bater, apesar de tudo elas ainda são minhas amigas, e seria babaquice minha ignorar o aniversário dela. Eu abro a porta com cuidado e me sento na cama. Consigo sentir a Manu tensa, mas eu sorrio pra ela e a abraço.
— Feliz aniversário, vida. Meia-noite, viu?
Ela retribui meu abraço, agradece e sorri.
— Sara, você me perdoa? Nos perdoa? — ela se refere a Luna que também está do lado.
Eu penso um pouco, eu ainda estou chateada com toda a situação, eu só preciso de um tempo pra processar tudo e acredito que não seja a melhor hora pra responder.
— Não sei ainda, eu ainda estou digerindo, poxa vocês sabem como é minha vida. Isso não significa que eu tô de mal com vocês, só que eu preciso de um tempo longe.
— Sara, vai ficar tudo bem, a gente se certificou de que não ia ser um velho de 74 anos feio.
Eu rio, mas fico curiosa, quem é? Será que elas sabem? Mas eu não sei se quero saber agora e ter outra revelação que pode me dar uma crise.
— É isso, tenho que ir dormir, se não a Leila aparece nos quartos mandando. Amo vocês — eu sorrio genuinamente.
Ando de volta pro quarto do Thomas e vejo ele com o cabelo molhado e um conjunto de moletom. Os óculos que estavam em cima dos livros agora estão no rosto dele e ele está de cabeça abaixada lendo alguma coisa. Nossa, se pensamentos fossem emojis, muito provavelmente eu estaria com vários foguinhos na cabeça.
Ele escuta o barulho da porta abrindo e levanta a cabeça pra me olhar.
— Já vai dormir?
Eu não consigo responder de imediato, a voz e o sotaque junto com o conjunto me pegam de surpresa, eu engulo seco e sinto meu rosto queimar.
— Aham.
— Ah, tudo bem então. — ele fecha o livro e tira os óculos e então se levanta da cama e vai até o guarda roupa atrás de alguns edredons.
Eu me sento na cama e tento deixar minhas respiração normal, mas nossa como ele pode ser tão...
Vejo ele arrumando uma pequena caminha de edredom no chão do lado da cama e olho pra onde estou sentada. É uma cama enorme, mas ainda sim é só uma cama. É uma péssima ideia.
— Não precisa dormir no chão, você pode dormir aqui. — me arrependo instantaneamente do que digo e sinto minhas bochechas ficarem quentes, nem olho pra ele quando me responde.
— Não vai incomodar?
— Não, pode deitar. Não tem problema. A intrusa no quarto sou eu, não você.
— Ah Sara, para com isso, você nunca é um convite indesejado, pode vir aqui sempre que quiser, sabe disso.
— Eu sei, somos amigos.
Ele balança a cabeça em positivo e então pega os lençóis do chão e se deita na cama, eu me deito também, mas evito olhar pra ele, a proximidade me deixa tensa, quase consigo sentir a respiração dele na minha pele. Thomas se vira pra me olhar.
— Boa noite, querida.
— Boa noite, Thom.
Eu tento fechar os olhos e dormir, mas não consigo com ele olhando pra mim. Quando finalmente acho que ele dormiu, abro os olhos e olho pra ele, dormiu mesmo.
Observo as pequenas sardas no nariz dele e como sua boca é muito beijável.
Meu Deus, eu preciso dormir.
Me viro pro lado e tento pregar o olho, mas é impossível sabendo que ele está dormindo ao meu lado. Nem vejo a hora passar e quando percebo já são 7 da manhã.