Jardim.

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POV Sara
Puta que pariu viu, elas vão me pagar. Só tô passeando com ele porque não vi outra alternativa.
— Então... você já veio em Londres?
Sou desperta dos meus pensamentos quando ele fala, eu não tinha notado como a voz dele é gostosa de ouvir.
— Ah, já vim umas duas vezes com meus pais, mas nunca pude passear. Foi coisa rápida, sabe?
— Entendo. — Ele olha ao redor do jardim, parece procurar alguma coisa.
Eu observo ao redor e que lugar bem cuidado, tem flores muito bem cultivadas, de todos os tipos; peônias, tulipas, rosas, margaridas... o cheiro das flores é tão forte que invade tudo e parece que eu sou preenchida por aquele lugar.
— É muito lindo aqui, sério.
Thomas me olha por um tempo antes de dizer alguma coisa, parece pensar se deveria ou não.
— Minha mãe gosta muito de jardinagem, a maioria das plantas foram cultivadas por ela.
— Caramba! — estou genuinamente surpresa, quem diria que aquela moça tão chique, que trabalha em escritório, gosta de pegar em terra.
— Vem, vou te mostrar um negócio. Não conta pra ninguém.
Eu olho confusa pra ele, porque parece que ele já me conhece sendo que é a primeira vez que vejo ele na vida?
— Tá bom, eu acho.

POV Thomas
Eu sigo caminhando pelo jardim, e entro em uma moita espessa.
— Não se preocupa, não tem espinhos.
Espero Sara me seguir, e então sigo em frente até enxergar um portão; o abro e espero Sara entrar primeiro.
— Nossa. — essa é a única coisa que ela diz, não sei dizer se é bom ou não, mas espero que seja, porque os olhos dela estão brilhando.
Estamos em uma espécie de estufa, com uma fonte no meio, estantes imensas de livros, uma mesa de piquenique e várias flores.
— E aí, o que achou?
— Isso é incrível, que lindo. Só você sabe disso aqui? — ela se vira pra olhar pra mim enquanto eu fecho o portão.
— Na verdade, os jardineiros e o Henry sabe, mas fora eles, só você e eu.
Ela levanta as sobrancelhas e ruboriza um pouco, quase nada, mas eu consigo ver.
— Por que você está sendo tão legal comigo? Parece que me conhece há tempos.
A pergunta dela me pega de surpresa, eu começo a tossir pra tentar evitar de responder, mas uma hora eu vou ter que fazer. Eu pigarreio tentando recuperar a voz.
— Ah... minha mãe me falou um pouco sobre você, acho que sua mãe e a minha se falaram um pouco antes de você chegar. — a mentira mais descarada que eu já vi, mas ela parece acreditar.
— Faz sentido. — ela começa a olhar a estantes e chegar mais perto; passa os dedos pelos livros até que pega um edição limitada do Príncipe Cruel. — Mentira que você tem isso.
— Ah, tenho, mas é do Henry, não é meu, fantasia é horrível.
Ela me olha com uma rapidez furiosa.
— Quê? Eu ouvi direito?
— Não vai me dizer que você gosta desse lixo — eu dou uma risada estridente.
— Meu Deus. Você é o menino da livraria né? Que me disse que eu não vou arranjar ninguém? Vai se foder. — Ela começa a andar até o portão, abre e vai embora.
Agora eu lembro dela na livraria, o karma é rápido mesmo.

POV Manu
Eu e a Luna saímos correndo de lá, pra evitar que a Sara pudesse alcançar a gente, entramos em qualquer porta que estivesse meio aberta.
— A Sara vai matar a gente. — Eu já estava quase chorando de rir.
— Vai mesmo, mas olha, vai ser bom pra ela conhecer ele, né?
— Acho que sim, melhor que aquele otaku que ela namorava.
A Luna gargalha, e repentinamente ela para enquanto olha pra trás de mim. Eu olho confusa e me viro pra saber o porquê disso, e me deparo com um Henry sem o paletó, com a camisa social branca desabotoada. Nossa.
Eu sinto meu rosto ficar vermelho e quente e eu acho que a Luna está igual.
— Vocês se perderam na mansão? — a voz dele ecoa pelo quarto. — Eu posso ajudar vocês se quiserem.
Por um momento esqueço que eu estou puta com ele e quase respondo sim, mas me lembro do quão babaquinha ele foi. Eu fecho a cara imediatamente.
— Não, a gente se acha sozinha, não precisamos da sua ajuda. — eu me viro e puxo a Luna pra fora, e então bato a porta do quarto.
Nós começamos a subir as escadas em silêncio até que a Luna fala alguma coisa.
— Ei, Manu.
— Oi.
— Ele é bonitão.
— Eu sei.
— É um garanhão, um potranco, um cavalão-
— Eu já entendi.
— Pega ele, eu sei que você quer.
Eu já estava esperando isso, ainda demorou.
— Eu não, falou um monte de merda lá na mesa.
— E daí? 'Cê beija ele com a boca, logo, vai calar ele e ele não fala merda. — ela me olha sugestiva e eu reviro os olhos.
— Vai a merda.
Ela coloca a mão no coração dramaticamente e me olha feio, mas não fala mais nada relacionado ao assunto.
Depois de algum tempo e algumas portas erradas abertas, encontramos com a Lete, uma das empregadas da mansão; ela nos disse onde ficava nosso quarto e seguimos até lá.
Quando entramos, a cara de espanto e surpresa se encontravam nos nossos olhos; o lugar era enorme, acho que dava meu apartamento inteiro ali.
— A Sara é muito sortuda mesmo olha isso. — escuto a voz da Luna e me viro pra responder.
— Assim, meio que não é dela né.
— Mas é do futuro marido dela, logo é dela também.
Eu balanço os ombros e me jogo na cama, eu praticamente afundo antes de ser jogada pra cima quando a Luna se joga ao meu lado.
— Cadê a Sara hein, ela tá demorando, né?
— Tomara que ela não tenha se matado.
— Para Manuela, vai não.
Nesse momento a porta bate atrás de nós e nos sentamos pra ver uma Sara vermelha de raiva com um exemplar de O Príncipe Cruel na mão.
— Ele disse que fantasia era horrível!
— Mentira! — eu e a Luna falamos juntas.
— Verdade, e ainda me insultou dizendo que eu não ia arranjar ninguém, que ódio! — ela grita e então se joga na cama com o rosto no travesseiro.
Eu olho pra Luna quando ela diz isso, e ela entende o que eu quero dizer.
— Não se preocupa Sasa, você vai arranjar um homem bem rico.
— Como você sabe disso? — a voz dela sai abafada pelo travesseiro.
— Porque eu sei, simples assim.
A Sara grita de novo, mas dessa vez o som sai mais abafado.
Depois de tudo isso, nós nos preparamos pra dormir, eu tomei um banho na banheira cheio de ervas e aromas, e as meninas preferiram a ducha, escovamos os dentes e nos deitamos as três na cama enorme do nosso quarto.

So long, London.Onde histórias criam vida. Descubra agora