Interlúdio

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Pov Luna
Sai do lago e fui direito para o quarto. Com meu cabelo pingando e minhas roupas encharcadas cai no chão em lágrimas, escondendo meu rosto no meio das minhas pernas que eu abraçava. Como eu podia ter sido tão idiota de acreditar em qualquer coisa que saiu da boca daquele desgraçado? Eu podia muito bem me matar agora mesmo. Na frente dele ainda por cima. Ele queria me usar de tapa buraco pra esquecer da vagabunda da ex que chifrou ele, mas nem fazer direito isso ele sabe. Imprestável.
A porta é escancarada e o barulho corta meus pensamentos.
— EU ODEIO A SARA! — Manu entra no quarto gritando.
— VOCÊ É UMA VAGABUNDA, MANUELA. — levantei a cabeça confusa encarando as duas.
— CALA A BOCA.
— VOCÊ DAVA DANDO NA JACUZZI!!!
— Manuela? — olho pra ela em choque.
— EU NÃO DEI NADA. ATÉ PORQUE VOCÊ ATRAPALHOU.
— VOCÊ PODIA TER IDO PRA UM QUARTO.
— Gente, meu deus. — as duas me olham e voltam a discutir entre si.
— Como se você nunca tivesse feito nada parecido!
— Eu não! Tá doida? — Sara respondeu indignada.
— Ah, é. Você é uma virjola.
— Desculpa máquina de sexo! — solto uma gargalhada.
— Pelo amor de deus, alguém me explica o que tá acontecendo?
— A Manuela tava quase dando pro Henry na jacuzzi lá onde todo mundo podia ver.
— Meu deus, Manu… — respondi como se eu não estivesse alguns minutos atrás fazendo algo extremamente parecido.
— Se você não tivesse atrapalhado…
— Me agradeça! Se você tivesse engravidado ia ficar reclamando. — disse isso e saiu em direção ao banheiro. Eu ri muito das duas e por alguns minutos toda a tensão do que tinha acontecido foi embora.

Pov Thomas
Dormi 2 horas essa noite, pelo menos foi alguma coisa. As palavras da Sa fuzilaram minha mente na noite anterior e a bala continuava cravada na minha cabeça. Quero que ela saiba que eu quero ser o amor para a vida dela, a qualquer custo.
— Bom dia filho! Como foi ficar trancado no guarda-roupas com a Sara? - Minha mãe chega já tirando toda e qualquer parte de escuridão do quarto abrindo as janelas, o sol me dá um pouco de dor de cabeça.
— Que? Como caralhos você sabe disso?
— Olha a boca, menino. É claro que eu sei, você acha que as empregadas fazem o que o dia inteiro além de fingir que estão trabalhando? - Ela se senta na cama e puxa meus braços para eu levantar, eu me sento.
— Não aconteceu nada, ela só quebrou meu coração mesmo.
— Poxa, você tentou falar com ela?
— Sim, mas não deu certo. Ela me falou que nunca seria o bastante para mim e que era pra eu buscar outra esposa que pudesse ser o suficiente. Mas eu não quero outra, eu quero ela, eu quero a minha Sara.
— Já te disse, escreve.
— Eu to bloqueado até no Pou, como vou mandar mensagem?
— Meu Deus, não criei filho meu para ser burro! Criança idiota, é só pegar uma folha e uma caneta e escrever uma carta. Se você não tiver coragem, mande um amigo seu entregar. — Ela diz como se fosse a coisa mais óbvia e sai. A ideia não é ruim.
"Querida Sa, minha noiva e futura esposa,
Eu quero começar essa carta dizendo que eu não desejaria ninguém além de você pra ser a mulher que vai caminhar comigo, e repartir as melhores coisas que a vida tem.
Nem por todo dinheiro do mundo, nem por tantas outras mulheres que você diz serem ideais pra mim, mas a verdade é que a única ideal é você, sempre foi você, mesmo antes de eu admitir pra mim mesmo, e pra sempre será.
Não suporto a ideia de viver sem você, de enfrentar os dias sem a luz da sua presença. Sinto como se metade de mim tivesse sido arrancada, deixando apenas dor e arrependimento em seu lugar.
Eu sei que você tem todo o direito do mundo pra estar chateada comigo, mas eu te suplico, fique brava a uma distância menor, fale comigo, me explique o que se passa na sua cabeça pra eu poder te dizer com todas as palavras que existem que quem eu quero é você.
Mesmo que seja pra gritar comigo, mesmo que seja pra partir meu coração se necessário, apenas fale comigo.
Sei que cometi erros, que magoei você de formas que agora me assombram dia e noite. Mas juro, minha amada, que estou disposto a fazer qualquer coisa para merecer seu perdão e reconquistar o lugar que um dia tive em seu coração.
Por favor, Sa, se ainda restar um resquício de amor por mim em seu peito, considere me dar uma oportunidade de consertar os erros do passado e construir um futuro juntos. Prometo dedicar toda a minha vida a fazê-la feliz e a merecer o privilégio de tê-la ao meu lado. Me perdoe por ter dito que não queria esse casamento. A realidade é que em todos os meus melhores sonhos tem você vestida de noiva ao meu lado. Quero celebrar outros mil aniversários com você, seremos atemporais.
Com todo meu amor, Thomas"
   Desço para baixo e vejo as preparações para o aniversário da Sara, entro na cozinha e a vejo pegando um pedaço do bolo que está na geladeira.
— Bom dia, minha noiva. Feliz aniversário. — Tento me aproximar para um abraço e logo sou afastado.
— Obrigada. — A carta estava na minha mão, eu iria dar para ela, se ela não tivesse saído correndo em seguida. Então vejo Guilherme no corredor e entrego a carta para ele, ele diz que não terá como entregar mas que entregará para outra pessoa dar finalmente para a Sara.

Pov Alicia
— Ei, Ali. — Escuto a voz me chamando no corredor e logo percebo quem é.
— Sim, GuiGui?
— Não me chame mais assim.
— Não me chame de Ali então. — Jogo o cabelo para o lado. Ele me entrega uma carta dizendo que o destinatário está escrito nela. Eu coloco minha mão no ombro dele, alisando.
— Alicia, não te quero mais. Para de graça, ta passando vergonha.
— Fala sério, se não quisesse sua namoradinha não teria ficado com tanto ciúmes. — O que eu digo faz ele perder a postura.
— Namoradinha? Ela tem nome, ta? Que saco Alicia, você sempre da um jeito de estragar tudo na minha vida. O que você vai ganhar tentando entrar nos meus pensamentos? Não te quero mais, acabou. Você decidiu isso no momento que decidiu transar com o colega de trabalho. — E então ele sai do corredor, fico sem palavras e uma sede de vingança me busca, olho para a carta na minha mão e vou ver o destinatário. "Para Sara" coitada dela.

POV Manu
Estávamos todos correndo ajudando a organizar a festa de aniversário da Sara, eu tinha comprado um kit livro pra ela de uma trilogia que ela queria muito com alguns acessórios pra ler.
Vejo Henry no teto colocando uma bola de espelhos e prendo a respiração, ele pode cair a qualquer momento e se machucar feio. Mas como se ele não estivesse a metros de altura, ele sorri pro Thomas que segura a escada e desce com cuidado.
Eu supiro de alívio e vou até eles.
- Oi, e aí como vão as coisas?
- Tá tudo bem, a gente terminou de arrumar o painel, as comidas estão sendo feitas, e acho que já está tudo ok. - É Thomas quem me responde, eu concordo com a cabeça mas sinto Henry me olhando e eu tenho certeza absoluta que ele tá com aquele maldito sorriso que me deixa tonta.
- Ótimo então. - eu olho de relance pra Henry e caminho até onde estão fazendo os preparativos dos aperitivos, quando vejo alguém se distraindo por um momento, pego um docinho e um salgadinho e vou pra varanda da mansão.
- Manu, me ajuda - eu escuto a Sara atrás de mim e eu me viro, mas não a encontro.
- Meu Deus, será que eu tô ficando louca?
- Não Manuela, eu tô escondida aqui.
Eu olho por entre alguns arbustos e encontro uma Sara de respiração ofegante como se a qualquer momento fossem achar ela.
- O que você está fazendo aí? Sai daí, louca.
- O Thomas não para de querer falar comigo, eu não sei o que ele quer, mas eu nem quero ouvir, prefiro a minha ignorância.
- Para com isso Sara, vem comer uns salgadinhos. Uma hora ele vai conseguir falar com você, nem que seja na festa.
- NÃO VAI - ela se desespera, mas sai da moita e me segue até onde eu estava antes, dou pra ela um brigadeiro. - Você tá roubando salgadinhos da minha festa?
- Não... - eu minto e ela me olha com a sobrancelha erguida.
- Tá sim! - nós rimos juntas.
- Vem, vamos subir pra ver a Luna, vai que ela se anima com os brigadeiros.
Ela concorda comigo e nós subimos juntas. A Luna continuava no mesmo estado, olhando pro nada tristonha, coitada.
- A gente te trouxe brigadeiro! - Sara tenta falar animada, ela se senta na beira da cama e Luna a olha de relance, mas não parece dar muita bola.
- Obrigada meninas, vocês são incríveis, mas eu não tô afim agora.
Sara me olha e eu retribuo, suspiramos em rendição e então eu deixo os docinhos na cômoda e me deito ao lado da Luna, fazendo carinho no seu cabelo.

So long, London.Onde histórias criam vida. Descubra agora