Verdade ou consequência?

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POV Henry
Acordo com um cansaço fora do comum, acabei de dormir, mas o cansaço não é do físico.
Escovo os dentes, visto uma bermuda e coloco uma camisa branca, mas não chego a abotoar até o topo.
Por um instante, um pensamento me vem a cabeça, será que a Manuela está acordada? Eu abro a porta e me deparo com ela descendo as escadas, é agora ou nunca.
- Manu. - Ela para e pensa se continua descendo ou se vira - Entra aqui pra gente conversar, por favor.
Isso parece fazer ela ceder, e ela se vira antes de subir de volta e entrar no meu quarto; eu fecho a porta e ela cruza os braços.
- Me desculpa, eu só estava com ciúmes, foi bobo eu sei.
- Filho da puta, "fica pra você", o que é isso?
Eu suspiro e a olho, mereço tudo isso mesmo, amargurado do caralho.
- Não tem explicação, fiquei com raiva quando vi o Sam ali, só isso.
- Você vai ser o acompanhante da Alicia? Sim, eu descobri o nome dela - ela ironiza
- Não vou, queria que fosse você.
Isso parece pegar ela desprevenida, e ela baixa a guarda. Ela descansa os braços e me olha séria.
- Me promete que você não vai mais dar esse showzinho, foi ridículo Henry.
- Eu prometo, e eu sei disso.
Ela suspira e balança a cabeça que sim.
- Tudo bem, eu acho.
Depois que a sensação de tensão passa, eu a olho de verdade. O cabelo um pouco bagunçado por ter acordado a pouco tempo, a blusa grande demais pro corpo dela e um short curto, ela anda descalça, e eu noto alguma coisa balançando no seu pescoço, será que é o colar?
- Já tomou café?
- Não, eu estava indo agora. Acho que alguma das meninas deve ter pegado minha escova de cabelo e eu não sei dizer onde está. - Ela passa as mãos pelo seu cabelo e eu me aproximo tirando uma mecha do seu rosto.
- Isso é o colar que eu te dei? - eu puxo a correntinha dourada e vejo o pingente com o coração rosa. - É, sim. - eu sorrio provocativo e vejo o rosto dela ficar vermelho, mas ela não diz nada e se afasta, ela pigarreia antes de dizer alguma coisa.
- Eu tô indo tomar café, ok? - ela abaixa a cabeça e sai do quarto, eu fiz alguma coisa errada?
Eu franzo a testa, e balanço a cabeça, provavelmente é alguma coisa com as meninas.

POV Manu
Eu saio do quarto do Henry desesperada, e o borbulhamento no meu estômago continua, tava tudo muito bom antes dele pedir desculpa, eu ainda estaria com raiva dele, e não ia sentir essas coisas estranhas de quem está apaixonado.
Me sento na mesa e observo todos se sentarem também, inclusive Henry.
A Alicia senta ao lado do Guilherme e joga o cabelo pro lado deixando a mostra o pescoço pra ele, eu sinto a raiva da Luna daqui. Ela come a torrada com uma força desumana e simplesmente não consegue desviar o olhar da Alicia, ao mesmo tempo, Guilherme fica com os ombros tensionados, parece que todo mundo prendeu o fôlego.
- Bom dia família - Sam chega e se senta perto da Sara, onde coloca um pouco de suco no copo.
- Bom dia, Sam - a voz esganiçada daquela pata fala.
- Henry - algo na voz do Sam me causa arrepios, mas não dos bons, sinto que ele vai causar uma confusão agora - depois que a Manuela saiu do seu quarto naquela noite, o que você fez? - Meu. Deus. Eu não acredito nisso. Ele fala com um sorriso e eu coloco as mãos no meu rosto, que ele não fale nada além disso por favor.
O Henry olha pra mim confuso.
- Como você sabe disso?
- Ah, ela me contou quando saiu de lá - ele dá de ombros, como se não fosse nada demais. Eu vejo Henry fechar a mão e contrair, ele nem mesmo olha pra mim.
- Com licença - eu falo, me dirijo pra fora e respiro fundo, não é possível uma coisa dessas.
Escuto passos no fundo que não sei dizer de quem são.
- Manuela, você tá fudida. - É Luna quem fala.
- O que aconteceu?
- Henry bateu no Sam, Thomas teve que afastá-los e agora a Leila ta dando o maior sermão nos dois, o que você fez?
- Puta merda. - eu me sento na grama - Não sei o que fazer Luna, o que o Sam falou?
- Que você passou a noite lá com ele.
- Que mentiroso.
- Então você não foi pro quarto dele? Menos mal, né?
Eu engulo em seco e desvio o olhar.
- Ah não, Manuela. - ela se senta de frente pra mim - Você precisa resolver essa situação, não dá mais pra fugir, está virando uma bola de neve.
- Já virou - eu fico em posição fetal e abaixo minha cabeça - Luna eu não sei o que fazer. Eu não quero gostar do Henry, mas eu gosto, e é meio insensível de dizer isso mas eu só fico com o Sam pra conseguir esquecer ele por pelo menos alguns instantes. Eu fujo, essa é a verdade, fujo do que eu sinto toda vez, e acabo com tudo, porque tenho medo de sentir. Eu simplesmente não sei amar direito.
Luna fica calada por uns momentos antes de fazer um carinho na minha cabeça.
- Tenho certeza que você vai conseguir dar um jeito, e se não, você tem a mim e a Sara pra te reerguer.

So long, London.Onde histórias criam vida. Descubra agora