Um choro agudo mas fraco invadiu a sala do trono, Cersei se levantou. Euron apeiou no cavalo com um embrulho em suas mãos.
Esse embrulho choramingava, e mexia as mãos pra fora da manta, inquieta.
-Como pediu, Vossa graça. --Euron sorriu, segurava a bebê indelicado, provavelmente a machucando--
Quando Cersei bateu os olhos na criança, ela se levantou, a analisou com o olhar desconfiada, desconfiando de seus sentimentos. Inclinando a cabeça de leve enquanto decifrava o que faria.
-Menina?--Cersei ergueu a sobrancelha--
-Ao que parece. --Euron a apertou--Quer que eu a jogue pros cachorros e guarde a cabeça?
Cersei o encarou tomando a neném em seus braços. Não, uma garotinha...como sempre quis.
-Me de! --Cersei a tomou com delicadeza, e sem querer suas mãos a afagaram--Bem embaladinha...
A neném parou de chorar ao ouvir Cersei, prestou atenção no seu rosto e na sua voz.
-Mande preparar uma mamadeira. --Cersei a ninou, e sem querer...sorriu--
Euron estranhou o comportamento.
-Não irá mata-la ?--Euron indagou--
-Faça o que mandei! --Cersei gritou em ordem.--
Quando Euron saiu, Cersei se sentou, ajeitando a neném contra seu peito para que não sentisse frio. Segurando sua mãozinha e beijando para que o frio se dizimasse.
-Minha doce Aurora...--Cersei declarou, o sorriso daquela doce menina encheu seu coração--
Um coração que Cersei achou que não tinha mais. Um coração que há muito ela já havia esquecido. Mas o amor fraquejou sua vingança.
*
Buscas foram pelo norte procurando a criança, e nada foi encontrado, Brienne estava desolada, não parava a noite, não quis nem ao menos repousar.Jaime não pôde a conter, mas o cansaço a conteve, quase a fazendo cair do cavalo. Jaime correu até o cavalo o segurando e pegando Brienne em seu colo.
-A nossa menina...--Brienne disse soluçando--Não posso parar...
Jaime a segurou, mas não precisava de esforço, Brienne estava exausta, e ele também...
-Meu amor...--Jaime colocou uma mão no rosto dela, olhando-a nos olhos, então as lágrimas caíram mesmo com a sua teimosia tentando as impedir--Eu não posso te perder também...
-A gente não perdeu ela! Não...por favor...--Brienne soluçava de uma forma que Jaime sentia que seu coração estava em pedaços--
Jaime a abraçou e deixou-a chorar agarrada nele, os cavalos estavam assustados com qualquer barulho.
-Vamos voltar...Eu não posso deixar que se machuque mais, se eu tivesse lhe protegido, protegido ela...--Jaime negou com a cabeça--
-Não é sua culpa. --Brienne disse se levantando, as pernas tremiam, e ela ainda sangrava, sentia muita dor para se manter em pé--Não meu amor...Eu não entendo...
Brienne não entendia o que uma recém nascida poderia ter feito de mal, as crueldades que lhe passava pela cabeça a torturava, mas o seu cansaço físico chegou ao limite. A visão dela ficou turva, e ela nem sentiu seu corpo se chocar com o chão.
-Amor! Brienne! Não...não me deixa também...--Jaime pegou Brienne no colo, se sentindo tão falho, que implorava aos deuses para a manter com ele.--
Jaime montou no cavalo com ela e correu de volta, enquanto curadores não chegavam, ele molhava panos na água e colocava sobre sua testa, chorando ajoelhado a par da cama.
-Se alguém tem que pagar algo, sou eu, não ela. --Jaime falava com os deuses--Se me tirarem ela também, não restará ninguém para contar histórias. Eu jurei a proteger com minha vida, diante de todos. Diante daquele lugar sagrado. Então, que levem os seus, mas não a minha mulher.
Jaime abaixou a cabeça para soluçar, sua pequena...não sabia onde estava, se estava morta, se foi deixada para morrer de frio ou para os lobos a devorarem...sua primeira filha, legítima, arrancada dele, que martírio e castigo cruel que a vida preparou.
Enquanto Brienne era tratada, Jaime segurava a mão dela a todo instante, o rosto cheio de dor dela o desesperava. Ele a amava de forma que jamais imaginou poder amar, um amor puro e sincero, livre de qualquer maldade e ato que ele poderia ter, ver seu amor entre a vida e a morte, era um martírio tortuoso. Era como álcool em uma ferida aberta.
-Você vai ficar bem meu amor...tem que ficar...eu voltei por você, agora você tem que ficar por mim. --Jaime lhe beijou o rosto dando leite de púrpura na boca--
Brienne tomava em goles pequenos, estava apoiada nos braços do marido para se manter sentada, só conseguia olhar pra ele pra se sentir um pouco segura, Jaime era sua segurança, o amor da vida dela. Brienne odiava se mostrar vulnerável a qualquer um, mas naquela noite, lhe feriram no ponto mais fraco que qualquer mulher poderia ter : amor de mãe.
*
Cersei pegou a mamadeira com o leite quente, mediu a temperatura na sua mão, a neném ansiava para poder mamar.
-Eu sei meu doce...--Cersei falou baixo embalando-a, colocou a mamadeira com cuidado na boquinha da neném--
Aurora sugou aquele leite com vontade, sua primeira refeição.
Euron observava Cersei com a criança de forma incomodada. Por ele já teria matado ela antes de a trazer para Cersei, teria matado ela na frente de Jaime, e se pudesse teria o feito ver mais coisas ainda.
-Irá ficar com ela?--Euron disse limpando a garganta com uma tosse--
Cersei o encarou, e voltou a olhar a bebê suave.
-Você cumpriu seu trabalho. Sinta-se satisfeito por isso. Essa parte quem cuidará e decidira o que se fazer serei eu. A vida dela está nas minhas mãos e não nas suas. --Cersei não o olhava, tirou a mamadeira da boca da menina quando a percebeu satisfeita--
-Ela é filha da Brienne. --Euron parecia querer lembrar Cersei--
-Não. Ela é minha. --Cersei respondeu seca--
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Revenge
FanfictionVingança...Vingança Quando você joga o jogo dos tronos ou você ganha ou você morre. Cersei jamais se daria por vencida, prometeu vingar-se de Daenerys por roubar seu reino, seu poder, mas principalmente, prometeu vingar-se de Jaime, no que mais pode...