Throne of red blood wine

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Os gritos cessados e um choro que não veio bastou a todos ali fora saber, ou confirmarem o óbvio. Sansa estava com um pano branco perto do nariz, o ergueu para limpar uma lágrima que caiu, Daenerys parou uma das empregadas que saiu do quarto com roupas de cama cheias de sangue, os olhos da rainha estavam preocupados, com lágrimas.

-Como ela está?--Jon indagou por Daenerys, em uma voz angustiada--

-O menino veio sem vida...quanto a mãe...não sabemos se irá sobreviver...--a empregada falou pausadamente, também estavam cansados--

Daenerys abaixou a cabeça com tristeza em seu olhar, Sansa andou até a empregada, com os olhos já transbordando.

-Essa mulher me levou de volta para minha casa, ela me salvou...daria a vida dela pela minha segurança desde que foi juramentada pela minha mãe!--Sansa disse em uma voz mais alta sem nem sentir a mão de Jon lhe envolvendo--Eu estou ordenando! Salvem-na! --a voz de Sansa saiu mais alta--

"Salvem-na" ecoou na cabeça de Jaime, paralisado, não sabendo se chorava ou tentava manter-se forte, se Sansa gritou para a salvar...sua amada não estava segura...não...mas ela conseguiu...ela tinha de ficar bem. O olhar de Jaime olhou para a esposa segurando o corpo do filho morto enquanto chorava, aquilo lhe destruiu.

-Precisa entregar ele...--Jaime falou baixo no ouvido de Brienne, a voz rouca, as lágrimas lhe caindo--

-É a única vez...--Brienne tentou respirar para falar--É a única vez que vou poder segurar ele...--a fala saia em meio a um soluço e uma falta de ar--

Nenhuma parteira conseguia tirar o neném dos braços dela, apenas Jaime conseguiu, sentir o filho morto, tão pequeno, foi uma das piores coisas que ele viveu até ali, Brienne olhava pra eles, Jaime entendeu...ela tinha que se despedir. O bebê foi posto na cama e ela o enrolou na mantinha branca, se abaixou beijando a mão dele enquanto chorava e implorava para os deuses o guardarem. Jaime a abraçou, segurando o choro, beijou o rosto dela, apenas olhou em seus olhos, Brienne assentiu com a cabeça com toda a dor, Jaime tomou o bebê nos braços e foi até a porta, quando saiu não tinha se dado conta que havia gente, abaixou a cabeça chorando.

-Irmão...eu sinto tanto...--Tyrion abraçou Jaime sentindo embrulho no estômago com o bebê nos braços do irmão--

Jaime entregou o bebê e se abaixou para abraçar Tyrion, o duende apertou o regicida com toda a força que havia em seu pequeno corpo de 135cm. Jaime respirou profundamente tomando força...agradeceu com o olhar cada um ali.

-Eu preciso ficar com ela...--Jaime exclamou passando a mão no rosto--Quem sabe...se vocês a verem, algum apoio...ela se sinta minimamente melhor...--Ele voltou para o quarto--

*

Arya entrou no estábulo, com uma feição triste em seu rosto, andou até Aurora que acariciava um cavalo, estava sentada em um monte de feno ofertando cenouras e maçãs ao animais.

-Seu irmão nasceu sem vida...--Arya respirou fundo--

Aurora respirou profundamente alisando o focinho do cavalo.

-E minha mãe?--A garota indagou ajeitando um anel no dedo--

Arya engoliu em seco dessa vez, o que seria certo em falar? a loba não sabia...

-Talvez se recupere. --Arya andou mais próxima--

Um leve sorriso se formou de forma silenciosa no rosto de Aurora.

-Talvez?--Aurora se levantou virando-se para Arya, desfez o leve sorriso e apertou as mãos, mas Arya a conhecia...e aquela farsa caiu em instantes--Você é minha álibi. 

Arya arregalou os olhos para ela, se duvidou antes, agora apenas restava a certeza, era preciso jogar para ganhar...mas a que custo? Tragar a dor e engolir a labuta, silêncio na cidade não se escuta.

-De que me vale ser filha da santa? --Aurora indagou enchendo os olhos de lágrimas--Melhor seria ser filha da outra...outra realidade menos morta...tanta mentira.--Se nunca tivessem a encontrado, estaria nos braços da mãe, estariam bebendo vinho--

Arya beijou os lábios de Aurora...agora eram as duas com as mãos cobertas de sangue, uma olhando nos olhos da outra, segurando as mãos, sabendo que novamente só acabaria em morte.

-Fique aqui...--Aurora beijou Arya mais uma vez--

Arya apenas concordou com a cabeça vendo Aurora sair das suas mãos.

*

Aurora espreitou e entrou onde os Meistres estavam, apurados a fazer chás para as rainhas e para as crianças.

-Minha rainha...já iriamos levar até a senhora--A empregada abaixou a cabeça caminhando apressada--

Aurora apenas bateu o olhar no velho, o Meistre pôde ver o fim da vida dele se não cumprisse, em um olhar mórbido, cheio de ódio, a leoa ergueu levemente a mão e fez sinal de três, três gotas.

-Se apurem com esse chá! --Aurora gritou--

O príncipe Daemon entrou ali, pegou nas mãos da sua princesa, tocou seu rosto.

-Sua mãe deseja lhe ver, querida...--Daemon falou baixo encostando a testa na de Aurora--

Aurora olhou para ele, apenas erguendo o olhar, concordou com a cabeça, acariciou superficialmente as mãos dele que a seguravam e saiu até o quarto. 

*

Jaime acariciava a mão dela, havia a banhado, colocou uma toalha molhada na sua testa...e nada fazia a temperatura dela abaixar, ela gemia baixo de dor, isso quebrava o coração de Jaime que limpava a testa dela a todo momento.

-Vai ficar tudo bem...vai ficar tudo bem, meu amor...--Jaime beijou as bochechas vermelhas dela--

Jaime manteve os olhos fechados enquanto seus lábios estavam sob a pele dela, as lágrimas dele caíam uma atrás da outra, pela primeira vez, o leão se declarou covarde, nunca havia sentido tanto medo quanto o que estava sentindo agora.

Aurora entrou no quarto, estava calada, seu olhar analisou Brienne, um suspiro passou pelos seus lábios durante segundos.

-Mãe...--a garota chamou por ela--

Brienne ergueu o olhar, tentou se sentar na cama, Jaime não queria deixar.

-Eu preciso...--Brienne pediu com a voz fraca, Jaime respirou fundo e a ajudou, Brienne não pediu a mão da filha por mais que no fundo sentia que precisava--Filha...

-Eu estou aqui. --Aurora se aproximou o suficiente para olhar para ela--

-Me perdoa...--Brienne intercedeu, as lágrimas caíram do seu olhar--

Aurora respirou fundo indo até a outra ponta do quarto.

-Se preocupe em se recuperar. --Aurora rebateu e se virou quando escutou abrirem a porta, o olhar verde da garota acompanhou a xícara ir até a mão boa de seu pai--

-Por favor. --Jaime fez ela olhar pra ele, Brienne antes queria falar com a filha--

Brienne concordou com a cabeça tomando o chá que o marido a dava na boca, devagar, mas aos poucos, as ervas foram para seu corpo, e o veneno para o sangue. Brienne tossiu de leve.

-Tá tudo bem? --Jaime largou a xícara para levarem e limpou a boca de Brienne--

Brienne concordou com a cabeça sentindo o marido lhe dar um pouco de água, que ela engoliu com uma certa dificuldade.

-Precisando me chamem...vou ajudar com as crianças. --Aurora deu um voto, que mesmo falso, alegrou o coração Brienne, ela lhe beijou a testa--

Jaime respirou fundo olhando a menina, não havia esquecido e muito menos perdoado o que ela havia falado para Brienne. No decorrer das horas, a febre se tornou mais alta, desesperando o homem que a segurava nos braços. Brienne chorava abraçada nos braços do marido, tremendo de frio.

-Afasta de mim esse trono...--Brienne implorou, intercedeu--afasta de mim esse trono de vinho tinto de sangue.

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