Labour

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Jaime estava andando de um lado para o outro no mesmo pedaço de carpete por tanto tempo que ficou surpreso por não ter literalmente feito um buraco nele. Ele podia ouvir Brienne através da parede que os separava - seus gemidos eram quase constantes agora.

Deuses, quanto tempo fazia? As dores dela começaram no meio do dia, e ele foi mandado embora assim que o meistre e as parteiras chegaram pouco tempo depois. Ele estava ali, do lado de fora da porta do quarto, desde então, durante o resto da noite e durante todo o dia e na noite seguinte enquanto eles estavam lá dentro agora e ainda Brienne trabalhava para trazer seu filho ao mundo. Os olhos dele estavam cheios de lágrimas, ele sabia que era cedo demais para o leito de parto.                                

Ele não queria ir embora, queria ficar no quarto como fez com o nascimento dos outros filhos. Ele ficou de guarda na porta enquanto cada um de seus filhos nascia. Ah, eles também não gostaram, mas ele se recusou a se mover, e quem de vocês vai me remover, ele rosnou enquanto tentavam despejá-lo. Era uma briga que ele estava preparado para ter novamente, mas Brienne concordou com a parteira quando ela o expulsou do quarto, ela estava com medo e não queria que ele soubesse. Ele tentou não deixar que isso o ferisse. Jaime sabia que era menos sobre não querer que ele estivesse ali e muito mais a ver com o que era considerado apropriado.

Mas o fato era que era apropriado que o pai deixasse a câmara de parto e então Brienne o mandou embora da sala para que ninguém pudesse torcer o nariz para o herdeiro que ela daria à luz. Que isso o estava deixando lentamente louco não era aqui nem ali. Era uma batalha e eles vinham travando suas batalhas juntos há anos, por muito mais tempo do que qualquer um deles havia percebido. Brienne estava lutando para dar à luz seu bebê e Jaime estava lutando para não arrombar a porta para chegar até ela.

Ele esperava que ela tivesse conseguido descansar um pouco em meio a tudo isso. Parecia que toda vez que ele cochilava na cadeira que fora levada para o corredor quando ele se recusava a se afastar mais, uma empregada aparecia e tentava persuadi-lo a procurar dormir em seus próprios aposentos. Ele não dormia neles nenhuma vez desde que chegaram, não tinha utilidade para aposentos tão distantes dos de sua esposa e não tinha utilidade para eles agora. O olhar desesperador das rainhas o alertavam, não o deixavam pensar em algo além do que estava acontecendo, ela não estava bem, ela não estava bem, isso ia em martírio na cabeça dele.

O problema é que ele realmente pretendia honrar os desejos dela, por mais difícil que fosse para ele, mas então ela fez aquele barulho.

Um barulho muito específico que ele só tinha ouvido dela apenas três vezes. Uma vez quando os homens de Locke a estavam arrastando para a floresta antes de ele começar a gritar sobre safiras e resgates. E novamente quando ela foi dominada por wights do lado de fora das ameias em Winterfell e a outra quando levaram a filha para longe deles. Sua reação àquele som tinha sido a mesma nas três vezes: um pânico avassalador e abjeto, um mantra repetido em sua cabeça faça alguma coisa, faça alguma coisa, faça alguma coisa!Sua reação foi a mesma agora e ele estava arrombando a porta antes que pudesse se conter.-Senhor Jaime-

-Sor Jaime.

O meistre e a parteira falaram ao mesmo tempo. Ainda havia alguma confusão quanto à maneira correta de se dirigir a ele. Para ele poderiam o chamar até de regicida naquele momento.

-Já lhe disse.--A parteira continuou--Este lugar não é apropr--

-Jaime-- Brienne interrompeu com uma voz suplicante e ele estava ao seu lado em um instante--

Ela estava parada no final da cama, cercada por várias pessoas que ele supôs serem parteiras e/ou empregadas. Ela não usava nada além de uma camisola encharcada de suor e o que ele suspeitava serem outros fluidos corporais também. E seu rosto, deuses, seu rosto, ele não tinha certeza se já a tinha visto tão atormentada. Sua cor era quase cinza e seus lindos olhos azuis revelavam sua exaustão total.

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