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  Allane
 
  Ter coragem pra fazer aquilo era como se eu me sentisse mil vezes melhor. Por mais que eu sentisse um fundo de desprezo vindo da minha mãe, eu sei qual foi a minha intenção no fim disso tudo.
 
  Ela tinha desligado a ligação, minha vontade era de arrebentar esse celular no vidro desse carro.
 
  Eu sei que ela tinha desligado pra acionar o resto da sua merda de equipe, eu sei que ela viria atrás de mim através dessa ligação.
 
  Estávamos eu, Mari e Carlos nos entreolhando, não tínhamos uma saída nesse momento. A única saída era a ligação ser retornada.
 
  -Eu vou ligar, não podemos esperar, é o tempo que ela está acionando a equipe. -Falei e eles dois assentiram.
 
  Comecei a ligar novamente, no primeiro toque ela atendeu.
 
  -Minha filha isso não vai ficar assim, eu sei que isso é uma armadilha, prometo que você vai sair dessa meu amor, mas com esses bandidos presos. -Ela falava, só que dessa vez ela estava dentro do carro, provavelmente indo até a delegacia.
 
  -Mãe a senhora precisa entender... -Quando eu ia falar, ela novamente desligou o celular.
 
  -Essa é a decisão dela Allane. Vamos partir. - Carlos falou.
 
  Quando íamos partir, Carlos jogou o celular no mato e fomos em direção ao interior do Rio de Janeiro.
 
  Então essa é a decisão dela. Ela não queria somente a minha vida, ela sempre pensava na merda desse trabalho dela. Sempre foi assim, não sei porque isso me assustava, se isso foi uma coisa que sempre foi nítido na nossa família, antes dos filhos, ela sempre preferia o trabalho.
 
  -E se ela achar que a gente ainda está no morro, e se ainda forem invadir? -Mari perguntou.
 
  -Tem um X9 no morro Mari. Tenho quase certeza de uma pessoa, com certeza no momento já deve ter espalhado. -Carlos falou.
 
  Foram mais ou menos 3 horas e meia de viagem. A cidadezinha era extremamente pequena. Carlos havia me contado que essa cara era de sua avó, que esse lugar era o mais seguro pra ficarmos no momento.
 
  Como a casa era bem pequena, só havia 2 quartos, então fiquei no quarto que tinha uma cama de casal com Carlos.
 
  A casa possuía poucos móveis, apenas o necessário. Coloquei minha bolsa no cantinho e sentei na cama esperando Carlos sair do banho.
 
  Quando ele saiu apenas de toalha do banho, era impossível não admirar aquela beleza. Esse homem era um pedaço de pecado.
  -Admirando a beleza do gato bebê? -Carlos brincou comigo enquanto se vestia.
 
  -Só dando uma analisada. -Respondi na brincadeira.
 
  Carlos deitou do meu lado e ficou fazendo cafuné no meu cabelo.
 
  -Sabe qual era minha real vontade? -Carlos falou.
 
  -Me conte. -Olhei nos olhos dele e perguntei.
 
  -Que no final disso tudo a gente tivesse contato. Sei que é impossível, sua vida é diferente da nossa. Sua mãe vai ficar mil vezes mais rigorosa. -Carlos falava enquanto continuava fazendo carinho no meu rosto.
 
  -Nosso problema foi ter se envolvido. Tão bom se a gente saísse disso tudo um com ódio do outro. -Brinquei com ele.
 
  -Não me arrependo bebê. Faria tudo novamente. -Ele falou e me deu um selinho.
 
  -Você acha que vamos ficar aqui durante quantos dias? -Perguntei curiosa.
 
  -Até tudo se resolver Allane. Até sua mãe tomar a decisão certa. Nós só te devolvemos quando ela der sinal de paz ao morro. -Carlos falou.
 
  -E se não tiver a opção de devolver a sequestrada? -Falei e Carlos apenas riu. Sei que isso seria impossível, seria uma perseguição eterna na vida dele.
 
  -Você acha que eu não já pensei nisso? -Carlos falou.
 
  Dei um selinho nele, que aprofundou pra um beijo, as coisas tava começando a esquentar quando a porta abriu de repente, era Mari.
 
  -Por isso que os dois safados queriam ficar nesse quarto né, pra tá se pegando o tempo todo. Bora Allane, tô com fome, queria aquela sua macarronada. -Mari interrompeu pra me chamar pra fazer comida. Sério isso.
 
  -Ja tô indo Mari. -Ela saiu do quarto, olhei pra cara do Carlos, que não era uma das melhores.
 
  -Essa empata foda. Mas a noite você não escapa bebê. -Carlos deu um tapa na minha bunda e eu sair correndo rindo em direção a sala.
 
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