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Carlos

05:00
Sentir o fogo que as invasão causava ao morro era algo surpreendente, era uma mistura de emoção e muito medo que causava, emoção por não saber se a cada invasão no final eu estarei de pé, e medo pela minha comunidade, de perder ela e as pessoas que nela habitava.

Deitei na cama e sentir meu corpo relaxar, parecia que tinham tirado um caminhão de cima de mim, foram mais de 4 horas de tiros pra lutar pelo meu alemão, contra aquele bando de filho da puta dos policiais. A cada invasão eu ia perdendo a esperança, já era a quarta invasão que acontecia na porra de 1 mês só.

Tudo por culpa daquela delegada do meu nojo, Ana Albuquerque, queria ter a minha cabeça como lembrança na sua estante, e parece que quanto mais ela tentava e não conseguia, mas a praga vinha atrás de mim pra tomar meu morro.

Já fazia mais de um ano que meu nome passava em jornais, televisão e rádios, ser temido por todos era meu Sobrenome, ser um dos melhores quando a questão era assaltar e comandar todo mundo pirava no toque que o pai causava aqui.

Mas por dentro o negócio era complicado, nunca deixei faltar nada pra minha comunidade, desde quando meu pai faleceu passei a comandar o complexo do alemão, com 18 anos já me virava pra todo lado pra dar do bom e do melhor pro meu morro.

E com essa Delegada me atormentando direto, era pressão na balança. Mas eu ia fazer de tudo pra se vingar dela e colocar ela no seu devido lugar. Porra de velha insistente, ela causava o maior medo nos traficante do Rio de Janeiro, né a toa que a mulher conseguia colocar todos na cadeia, mas comigo ela tava enganada, se ela quer fazer minha vida um inferno, mal sabe ela que eu sou o próprio diabo e irei fazer ela se arrepender de cada invasão que fez no meu morro.

Tinha um plano, e eu começaria colocar em prática amanhã mesmo.

Deitei e deixei todos os pensamentos de lado, nesse momento eu só queria esfriar a cabeça e conseguir dormir, porque amanhã seria um longo dia.

13:00.
Acordei com minha irmã pulando em cima de mim, e não, minha irmã não tem 5 anos de idade, ela tem 19 anos no rabo, mas puta que pariu, mentalidade de uma criança, bagulho sério ela.

-Porra Mariana, vai tomar no cu, tô moh cansando e tu vem com essas palhaçada pra cima do nego. - Gritei com ele e deitei pro outro lado da cama.

- Não tenho quem vá me deixar na faculdade, por favor irmãozinho lindo, vamos me deixar. - Mariana falou com aquela voz de criança pidona.

Mariana fazia enfermagem em uma faculdade boa pra caralho aí do Rj, custava o olho da cara, porque eu quem bancava a chata, mas quer saber, meu maior sonho é nunca deixar minha irmã se meter em nenhum problema do morro, não quero ela nunca na vida que eu levo, por isso eu faço questão todos os dias de ajudar ela com essa faculdade que ela tanto almeja.

Quando minha mãe morreu, lembro como se fosse hoje ela falando.
-Ajuda sua irmã com a faculdade dela meu filho. Saia dessa vida o quanto antes, não quero que você tome o mesmo rumo que o seu pai. Eu amo vocês, não fiquem triste por mim, estou torcendo por vocês de onde eu estiver.

Porra, ali foi embora o meu chão completamente. Só Deus sabe o quanto sinto sua falta mãe, mas eu sei que ela está torcendo por mim e pela minha irmã sempre.

-Você tem 5 minutos pra se arrumar e ir me deixar na faculdade Carlos, e não diga que não, porque você vai sim. - Sair dos pensamentos quando Mariana saiu do quarto gritando comigo.

Não iria reclamar, afinal eu sempre tinha que levar ela mesmo, não gostava de nenhum marmanjo com minha irmã.

Tomei aquele banho rápido e vesti só um moletom, quando desci as escadas Mariana já estava dentro do meu carro a minha espera.

-Como foi ontem a invasão? - Mariana me perguntou enquanto íamos a caminho da sua faculdade.

-Uma merda, não quero falar sobre isso. - Não quis ser ignorante, mas não tava afim de falar as parada do morro com ela.

O caminho foi todo tranquilo, Mariana não tirava a porra do olho do celular nem um segundo, sabia que ela tava com esqueminha já com esses engomadinho da faculdade, quando soubesse ia cortar as assas dela.

-Me deixa aqui em frente essa lanchonete. - Ela pediu quando fomos chegando próximo.

-Veio pra faculdade ou vai comer em lanchonete ? - Sooei o mais tranquilo possível.

-Tem uma amiga minha me esperando aqui, a gente vai só comprar um lanche e ir andando Carlos. - Confiei nela e parei em frente à lanchonete que ela pediu.

Antes que ela descesse do carro, ela me deu um beijo na bochecha e saiu.

A amiga dela já estava em frente à lanchonete como ela falou, e por falar na sua amiga, que mulher linda era aquela, de cara dava pra ver que era uma patricinha metida a besta, mas porra, me amarrei nela, cabelo curtinho loira e olhos claros, dona de um corpo cheio de curvas, de pensar maliciosamente.

-Deixa de secar minha amiga e vai embora Carlos. - Sair dos pensamentos quando prestei atenção que tava praticamente babando na amiga da minha irmã.

Sou um otario mesmo, estou precisando comer uma buceta urgente, as paranóias do morro não tá dando tempo nem pra mim dar umas rapidinha com qualquer mulher por aí.

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