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    Allane
   
    Depois daquela declaração, daquela ligação... Mari e Carlos se foram. Na despedida, Mari e eu choramos horrores, nos abraçamos tanto antes dela ir, iria sentir muita falta dela. Já Carlos apenas reforçou baixinho no ouvido que me amava muito, ele perguntou também 10 vezes antes de ir se realmente era isso que eu queria.
   
    E sim, era isso que eu queria. Não poderíamos viver mais fugindo, minha mãe sempre ia nos encontrar. E automaticamente colocando a vida deles em risco.
   
    Quero conversar com minha mãe, falar olhando no fundo dos olhos dela. Quero que ela saiba que a filha dela amadureceu muito durante esse sequestro, quero abrir os olhos dela pra essa tortura que ela faz na vida das pessoas inocentes.
   
    Esse era meu plano agora, e eu iria fazer dá certo.
   
    Estávamos em um interior, aqui não tinha tanto movimento nas ruas. Carlos me falou que eles chegariam em menos de 30 minutos.
   
    Eu estava ansiosa, mas não sentia medo, era uma sensação de aprisionamento, eu sei que a partir de hoje minha rotina ia mudar toda completamente.
   
    Mas eu não deixaria minha mãe tentar me moldar da forma como ela me tratava. Tudo tinha limites, e ela iria saber que a filha dela cresceu e a partir de agora seguia suas próprias decisões.
   
    Como Carlos falou, em menos de 30 minutos escutei alguns carros parando em frente a casa.
   
    Tomei iniciativa e fui abrir a porta, queria logo deixar bem claro que nessa casa só havia eu.
   
    Era por volta de 2 carros, dentro deles tinha apenas policiais, todos armados.
    Quando sair na porta, eles me olhavam espantados.
   
    -Cadê o marginal do Carlos? -Um deles veio até a mim e perguntou.
   
    -Fiquem a vontade pra entrar. -Queria poupar tempo, então fiz questão de mandar eles entrarem pra vasculharem tudo.
   
    Ele acionou o resto dos policiais e todos eles entraram na casa. Só que um deles passou por mim e ficou me olhando bem estranho, porém não dei muita bola e continuei ali parada.
   
    -Entra no carro. -Um deles falou e eu apenas obedeci sem falar nada.
   
    Quando entrei no carro, tinha apenas um policial como motorista, ele se comunicava no radinho com os que estavam lá dentro.
   
    -o Marginal fugiu. Roberto leva Allane pra casa, a gente vai atrás dele, ele não deve ter ido muito longe. -Era a voz da minha mãe no radinho.
   
    Ela estava aqui, e nem sequer veio até a mim. Ela e a merda do egoísmo de só pensar no trabalho.
   
    -Eu preciso falar com minha mãe. -Falei para o Roberto.
   
    Ele acionou ela no radinho e logo vi ela passando por aquela porta.
   
    -Minha filha, como você está, você está bem, eles tocaram em você? -Ela entrou no carro e começou a me abraçar e fazer diversas perguntas.
   
    -Eu estou bem mãe. Estou nessa casa desde ontem sozinha. Se a senhora for atrás deles, vai ser uma perca de tempo.
   
    -Allane que merda eles colocaram na sua cabeça pra você ter falado comigo daquele jeito, eles por acaso te encheram de droga. - Ela perguntou e eu apenas comecei a rir.
   
    -Eles apenas me mostraram a realidade mãe. -Falei sem dá muitas explicações.
   
    -Você vai pra casa, precisa descansar e colocar as ideias no canto filha. Eu vou matar essa marginal que te sequestrou, nem que eu precise ir até outro planeta pra isso. Com minha família não se mexe. -Ela falava enquanto saia do carro.
   
    Não deu tempo nem de responder, ela já foi pedindo que o motorista fosse me deixar em casa, e foi isso que ele fez.
   
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