capítulo 16

509 28 3
                                    

Helena

As próximas horas do filme foram literalmente sangrentas. Fico enjoada só de ver algumas cenas que os homens dessa família reproduzem na favela.

Meu pai e meu vô sempre me afastaram dessa parte fria que eles incluíram os meninos.

Aurora dormiu no peito do meu tio que levou ela pro quarto.

Os gêmeos e o Cadu ficaram para assistir uma próxima rodada de filme.

Eu pedi pro Henrique me trazer em casa, afinal eu precisava de psicológico para enfrentar o dia de amanhã.

-Valeu. -falei baixo e ele assentiu

Henrique: Se cuide, qualquer fita dá um toque. -beijou minha testa e apontou para eu entrar em casa

Assim que abrir a porta vi senhor Filipe correndo para se jogar no sofá fazendo minha mãe gargalhar.

-Pai? -falei rindo e ele se fez de sonso -O senhor estava me observando pela fresta da porta?

Ret: Eu tô assistindo o filme aí, né Anabelle? -bateu no braço dela

Luana: Mentiroso. -sorriu e virou para mim -Ele queria saber aonde tu tava, e quem tinha te trazido em casa.

-Não é novidade, o Henrique é minha sombra.

Ret: Ele só é isso mesmo, né? -fez bico e eu franzi as sobrancelhas

-Claro né senhor Filipe. -caminhei me jogando entre eles no sofá

Luana: E cadê o teu irmão?

-Ficou lá com os gêmeos, acho que vão dormir na sala. -falei analisando a televisão -Assistimos um filme de terror, acho que vou ter pesadelo.

Ret: Minha princesinha quer dormir com o grude do pai? -beijou minha testa

-Senhor Filipe, tenho 18 anos. -sorrir de lado

Ret: Rebelde. -fez careta levantando

Luana: Já estamos indo descansar, tome banho e vá pra cama.  -levantou beijando minha testa e o meu pai piscou seguindo ela

-Boa noite, amo vocês. -respondi sucinta

Demorei alguns minutos assistindo uns vídeos no insta e subir tomando um banho pra deitar.

(...)

Aurora: Eu vou usar biquíni preto, e tu usa o branco. -levantou sacudindo as sacolas

-Esse é meio problemático, não acha? -tirei a blusa

Aurora: Não vejo problema nenhum. -se encarou no espelho

Vestir o biquíni e desfilei no quarto fazendo ela se abanar.

-Tô me sentindo uma grande gostosa.

Aurora: Tu é, agora vamos curtir a nossa piscina. -jogou um blusão e eu vestir

Descemos do quarto dela enquanto o meu padrinho estava na sala segurando um pacote de carvão.

Vinícius: Preciso opinar no biquíni que está embaixo desses blusões?

Lorena: Não precisa, deixa elas em paz. -se aproximou -Prontas?

-Sim, vamos.

Lorena: Os meninos já tão tirando minha paciência, ontem dormiram fora e hoje nem veio ver a mãe deles. -resmungou segurando a mão do padrinho

Vinícius: Deixa os meninos viverem. -falou irônico e recebeu um tapa no braço

Caminhamos com eles discutindo e chegamos na casa do meu vô que tem uma piscina enorme. Geralmente fazemos eventos em família durante semanas.

Temos que separar vida do crime e a de lazer, é necessário se conectarmos sempre.

Rafa: Finalmente chegaram. -gritou descendo as escadas com um biquíni vinho -O sol tá destruindo neurônios.

-Nem sabia que tu vinha. -abracei ela

Aurora: Tu veio com quem? -analisou ela

Rafa: Guilherme tá ocupado na frente da favela, meu vô tá em Bangu e meus pais tavam enrolados hoje. -deu os ombros -Pedi pro Cadu me buscar, não perco churrasco e piscina por nada.

-Errada não tá. -caminhei com elas entrando em casa vendo senhor Fael emburrado no canto -Bença vô.

Fael: Deus te abençoe. -beijou minha testa -A única coisa boa que teu pai fez foi tu e o teu irmão, porque ele é um filha da puta na sociedade.

Bianca: Rafael, para de ofender o teu genro. -repreendeu se aproximando

-Bença vó. -sorrir beijando o rosto dela -O que o senhor Filipe fez hoje?

Ret: Quebrei a churrasqueira, foi um equívoco. -entrou na cozinha

Fael: Tu é um pau no cu mesmo. -levantou e meu pai se escondeu atrás de mim

Bianca: Dona Lurdes tinha era pavor de um matar o outro. -segurou o braço do meu vô -Se bicam mas se amam.

Bisa Lurdes era um amor, lembro que chamava ela de bisa porque não tinha sentido chamar a Bibis de vó e ela de vó também. Era confuso para mim, quando perdemos ela pelo câncer de mama.  Tivemos um luto durante anos, eu fiquei abalada. Minha mãe nem se fala, dona Luana chorava todos os dias.

Luana: Se ela estivesse aqui, já estaria rezando era o pai nosso. -falou baixo

LEALDADE (ÚLTIMA GERAÇÃO) 3° LIVRO (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora