Helena
Acordei mais cedo do que o costume, na verdade não conseguir dormir. Escutei vozes até amanhecer, Aurora veio me acolher e conversar comigo.Eu não consigo acreditar que tio Bob não está mais entre nós. Ele já sofreu tanto e merecia um fim feliz.
Dona Luana está derrotada, ela sempre lembra do tio Cadu e da dor que ela passou. Agora está perdendo mais um amigo e eu não sei como lidar com isso tudo.
Henrique não me respondeu ontem e nem apareceu aqui hoje.
Engoli o café quente e encarei a janela vendo alguns carros subindo. Estamos organizando o enterro e tudo é estranho. O clima está cinza e choveu muito durante a noite.
Luana: Pretinha? -virei vendo ela caminhando em minha direção com os olhos vermelhos -Não dormiu?
-Não. -pigarrei e encarei ela -Mãe, como está?
Luana: Já senti essa dor tantas vezes, mas nunca irei me acostumar. -me abraçou -Nunca.
-Eu entendo. -murmurei abraçando ela
Viramos a cabeça vendo o movimento na casa.
Cadu: O enterro será 16:00 horas. -piscou se aproximou
Luana: Não dormiu também? -puxou ele pro abraço
Cadu: Estava na biqueira com Léo. -coçou a nuca -Tá uma loucura nessa favela.
Luana: Tu precisa respirar, certo? -segurou o rosto dele -Graças a Deus tu voltou bem.
Cadu: Tô aqui dona Luana. -beijou a testa dela
Ret: Família reunida? -virei vendo ele se aproximar e beijar minha testa -Falou com Henrique?
-Não, viram ele hoje?
Cadu: Leonardo disse que ele quebrou o telefone. -cruzou os braços -Não quer diálogo.
Luana: Entendo meu menino, Henrique só tinha o Caio. E o Caio só tinha Henrique, ambos já sofreram tanto. -suspirou -Tu e ele tem uma relação boa pretinha, nesse momento é bom confortar.
-É, não sei se ele quer me ver.
Cadu: Nunca vi Henrique te evitando. -deu ombros -Porém se quiser ir, vá.
-Eu vou. -levantei me afastando -Irei direto pro enterro de lá.
Luana: Certo, dê meus sentimentos. -sorriu fraco
Ret: Favela tá movimentada, Cadu leve tua irmã.
Cadu: Tem dúvidas não coroa. -pegou a chave da moto
(...)
Parei em frente a casa vendo tudo em silêncio. Cadu me deixou e foi pra casa tomar banho.
Temerosa bati na porta sem escutar nenhum som. Entrei vendo garrafas no chão e caminhei.
-Henrique? -chamei baixo -Souza?
Subi as escadas e vi a porta do quarto aberta.
Analisei o meu Henrique sentado na cama com uma garrafa de bebida e o olhar perdido no retrato.
O quarto estava totalmente bagunçado assim como sua mente deve estar.
-Souza. -chamei e ele continuou parado olhando para foto em sua mão
Seus dedos estavam machucados e seus olhos vermelhos.
-Tudo vai ficar bem. -me ajoelhei na frente dele
Henrique: Vá embora. -pediu baixo
-Eu vim pra ajudar.
Henrique: Não quero. -pigarrou e levantou o olhar sem me encarar -Não sou bom pra tu encrenca, perco tudo. Nada fica na minha vida, agora tô sozinho e não quero ser amargo na tua vida.
-Não diga isso, tu não me perdeu.
Henrique: O que tu acha que vai acontecer quando Leonardo descobrir que tamo se envolvendo?
-Nem meu tio, nem meu pai, nem meu avô e muito menos meus primos tem controle sobre nós.
Henrique: Tu iria brigar com tua família por algo passageiro?
-Somos passageiro?
Henrique: Helena, eu vô descer favela assim que acabar o enterro. Eu vou contar o que aconteceu entre nós e receber as consequências.
-Não seja impulsivo, tu não é assim. -segurei as mãos dele -Iremos resolver tudo, mas agora tu precisa respirar.
Henrique: Ele pulou na bala por mim.
-Tu pularia por ele, certo?
Henrique: Ele merecia mais. -pigarrou virando o rosto
-Eu estarei aqui. -segurei o rosto e ele me encarou -Por que eu amo tu, pode não ser recíproco mas nada vai mudar. E se depois de tudo tu quiser ir embora, eu entenderia.
Henrique: O enterro é que horas?
-16:00, tu pode tomar um banho e tentar dormir um pouco. -ele negou -O que tu quer?
Henrique: Nada. -segurou meu rosto e beijou minha testa
Levantei sentando na cama e puxei ele.
-Eu tô contigo. -sussurrei alisando o rosto dele
VOCÊ ESTÁ LENDO
LEALDADE (ÚLTIMA GERAÇÃO) 3° LIVRO (CONCLUÍDA)
Ficção GeralFaz uma loucura por mim? PLÁGIO É CRIME!