capitulo 46

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Helena


Acordei mais cedo do que o costume, na verdade não conseguir dormir. Escutei vozes até amanhecer, Aurora veio me acolher e conversar comigo.

Eu não consigo acreditar que tio Bob não está mais entre nós.  Ele já sofreu tanto e merecia um fim feliz.

Dona Luana está derrotada, ela sempre lembra do tio Cadu e da dor que ela passou. Agora está perdendo mais um amigo e eu não sei como lidar com isso tudo.

Henrique não me respondeu ontem e nem apareceu aqui hoje.

Engoli o café quente e encarei a janela vendo alguns carros subindo. Estamos organizando o enterro e tudo é estranho. O clima está cinza e choveu muito durante a noite.

Luana: Pretinha? -virei vendo ela caminhando em minha direção com os olhos vermelhos -Não dormiu?

-Não.  -pigarrei e encarei ela -Mãe, como está?

Luana: Já senti essa dor tantas vezes, mas nunca irei me acostumar. -me abraçou -Nunca.

-Eu entendo. -murmurei abraçando ela

Viramos a cabeça vendo o movimento na casa.

Cadu: O enterro será 16:00 horas. -piscou se aproximou

Luana: Não dormiu também? -puxou ele pro abraço

Cadu: Estava na biqueira com Léo.  -coçou a nuca -Tá uma loucura nessa favela.

Luana: Tu precisa respirar, certo? -segurou o rosto dele -Graças a Deus tu voltou bem.

Cadu: Tô aqui dona Luana. -beijou a testa dela

Ret: Família reunida? -virei vendo ele se aproximar e beijar minha testa -Falou com Henrique?

-Não,  viram ele hoje?

Cadu: Leonardo disse que ele quebrou o telefone. -cruzou os braços -Não quer diálogo.

Luana: Entendo meu menino, Henrique só tinha o Caio. E o Caio só tinha Henrique, ambos já sofreram tanto. -suspirou -Tu e ele tem uma relação boa pretinha, nesse momento é bom confortar.

-É,  não sei se ele quer me ver.

Cadu: Nunca vi Henrique te evitando. -deu ombros -Porém se quiser ir, vá.

-Eu vou. -levantei me afastando -Irei direto pro enterro de lá.

Luana: Certo, dê meus sentimentos. -sorriu fraco

Ret: Favela tá movimentada, Cadu leve tua irmã.

Cadu: Tem dúvidas não coroa. -pegou a chave da moto

(...)

Parei em frente a casa vendo tudo em silêncio. Cadu me deixou e foi pra casa tomar banho.

Temerosa bati na porta sem escutar nenhum som. Entrei vendo garrafas no chão e caminhei.

-Henrique? -chamei baixo -Souza?

Subi as escadas e vi a porta do quarto aberta.

Analisei o meu Henrique sentado na cama com uma garrafa de bebida e o olhar perdido no retrato. 

O quarto estava totalmente bagunçado assim como sua mente deve estar.

-Souza.  -chamei e ele continuou parado olhando para foto em sua mão

Seus dedos estavam machucados e seus olhos vermelhos.

-Tudo vai ficar bem. -me ajoelhei na frente dele

Henrique: Vá embora. -pediu baixo

-Eu vim pra ajudar.

Henrique: Não quero. -pigarrou e levantou o olhar sem me encarar -Não sou bom pra tu encrenca, perco tudo. Nada fica na minha vida, agora tô sozinho e não quero ser amargo na tua vida.

-Não diga isso, tu não me perdeu.

Henrique: O que tu acha que vai acontecer quando Leonardo descobrir que tamo se envolvendo?

-Nem meu tio, nem meu pai, nem meu avô e muito menos meus primos tem controle sobre nós. 

Henrique: Tu iria brigar com tua família por algo passageiro?

-Somos passageiro?

Henrique: Helena, eu vô descer favela assim que acabar o enterro. Eu vou contar o que aconteceu entre nós e receber as consequências.

-Não seja impulsivo, tu não é assim.  -segurei as mãos dele -Iremos resolver tudo, mas agora tu precisa respirar.

Henrique: Ele pulou na bala por mim.

-Tu pularia por ele, certo?

Henrique: Ele merecia mais. -pigarrou virando o rosto

-Eu estarei aqui. -segurei o rosto e ele me encarou -Por que eu amo tu, pode não ser recíproco mas nada vai mudar. E se depois de tudo tu quiser ir embora, eu entenderia.

Henrique: O enterro é que horas?

-16:00, tu pode tomar um banho e tentar dormir um pouco. -ele negou -O que tu quer?

Henrique: Nada. -segurou meu rosto e beijou minha testa

Levantei sentando na cama e puxei ele.

-Eu tô contigo. -sussurrei alisando o rosto dele

LEALDADE (ÚLTIMA GERAÇÃO) 3° LIVRO (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora