Só Uma Tardezinha Com Você. - Creek, South Park.

Para conhecer, para recompensar.

Craig se aproximou do loiro cacheado enquanto ele arrumava seu armário, vendo ele arrastar os olhos para si, mas desviar quando notou os olhares se cruzando, tossindo nervoso e ajeitando a postura por um instante. Tweek se sentiu levemente intimidado com aquele garoto enorme o encarando silenciosamente; suas mãos pálidas nervosamente se prenderam as alças de sua mochila, arrastando o esparadrapo que cobria seu punho por cima do tecido áspero daquela alça.

— Você tá bem? — Craig pegou seu pulso, averiguando sua mão por um instante, antes que Tweek pudesse puxa-la de volta a si. — Parece bem preso, mas vai ficar sujo, você sabe trocar? — Ele perguntava evasivamente, se aproximando levemente e fazendo o loiro se sentir levemente envergonhado.

— A Sharon é enfermeira, ela pode fazer isso... Eu acho... — Tweek explicou, pondo uma pequena mecha de seu cabelo atrás da orelha, até notar oque estava fazendo e bagunçar o cabelo com a mão e limpar a garganta. — Porque eu tô te respondendo? — Resmungou sozinho, vendo Craig erguer a sombrancelha.

— Por que não responderia? — Ele questionou, vendo Tweek o encarar, mas não o responder. — Esquisito... Hey, espera!

Tweek foi andando em sua frente, quase como se estivesse fugindo dele, mas Craig foi rápido em o seguir e com seus passos largos, não foi difícil o alcançar. Andou ao seu lado, olhando ele de canto enquanto o acompanhava, em silêncio até que o próprio louro dissesse algo.

— Por que tá me seguindo?

— Mesmo caminho pra casa.

— Não tô indo pra casa.

— Pra onde vai então? — Com a pergunta, Tweek parou e olhou para seu rosto, quase como se não acreditasse que tinha tal pachorra em simplesmente sair perguntando sobre sua vida.

— Bem... — Voltou a andar. — Tenho umas coisas pra comprar no centro, preciso focar nisso e depois vou pra casa. — Ele explicou, apesar de não entender porque estava o fazendo.

— Posso ir com você.

— Hah, não precisa.

— Não foi uma pergunta. — Então, dessa forma, Craig andou em sua frente, sem notar Tweek diminuir a intensidade de seus passos e o encarar confuso. Virou o rosto e respondeu com uma expressão parecida. — Eu não tenho nada pra fazer. Vamos andando.

Não tinha muito para onde fugir, aquele garoto estava em sua cola, então apenas o deixou caminhar junto a si, oque era engraçado, já que, normalmente, Tweek andava em pequenos grupos ou completamente sozinho, sabia se adaptar a situação social que estava, mas andar em dupla era algo um pouco mais complicado, principalmente com alguém tão pouco sociável. Craig não via a necessidade de iniciar um papo furado, mesmo que pudesse, não era muito oque tinha interesse agora, nesse momento, andava como se estivesse observando e pesquisando sobre Tweek; Oque faz? Por onde anda? Como se porta? Quase como se estivesse observando um pequeno animal desconhecido.

O loiro entrou na primeira loja, observando algumas miniaturas de porcelana e biscuit, anotava os valores com atenção em um bloquinho de notas e então tirava foto de algumas peças, logo acenou para para uma pessoa no caixa e se retirou, Craigory indo logo atrás dele. Repetiram esse mesmo processo em mais algumas duas ou três lojas, mas no final, estavam de mãos atadas e vazias.

— E agora? — Craig perguntou, olhando para o mais baixo, que ergueu o olhar logo em seguida. — Oque vai fazer?

— Voltar para primeira loja, ué. — Respondeu com naturalidade, se virando e voltando o caminho calmamente.

— Por que?

— Os valores dos produtos de porcelana, ele se destaca. — Entregou o caderninho com o levantamento dos preços de cada loga e sua media de valores no geral. — E lá tinha uma peça bonitinha de sapo e cogumelo. — Continuou o caminho enquanto Craig lia seus valores de forma detalhada.

Havia certa dificuldade de ler os garranchos do garoto, mas tinha tempo para isso, o caminho de volta e o tempo que levava a peça escolhida ao caixa, o pagamento e então o caminho até uma loja de papéis de presente onde o loiro comprou uma caixinha e embrulho e lá mesmo se organizou, fazendo uma caixinha de presente e sorrindo para Craig quando concluiu aquela tarefa, o mostrando e então colocando com cuidado dentro de sua mochila. Mesmo com aquilo encerrado, voltou as ruas, em busca de mais achados especiais! Ao invés de lojas, se aproximou dos vendedores ambulantes, acabando por se interessar por uma correntinha e um perfume, qual foi rápido em comprar dessa vez.

Depois dessa última compra, se direcionou a algumas casas de ingredientes, seguindo por uma lista e pegando quantidades específicas aqueles ingredientes, colocava cada coisa cuidadosamente em sua mochila até concluir mais uma missão. Quando feito, olhou para Craig e indicou que o seguisse no caminho de volta para casa, e assim o fizeram, depois de tanto andar, estavam se encaminhando silenciosamente para casa, até uma pulga surgir atrás da orelha de Craig.

— Por que fez tudo isso? Você teve um dia difícil, por que fez tudo isso? — Questionou, se inclinando em direção a ele, que revirou os olhos antes de se quer pensar em o responder.

— Posso usar a cozinha da sua casa? — Ignorou a pergunta de Craigory, vendo ele fechar o rosto e então revirou os olhos mais agressivamente. — Quando eu tenho um dia ruim o dia das outras pessoas podem se tornar cansativos também, então eu gosto de recompensar as pessoas pelo esforço delas. Eu vou dar esse sapinho para Sharon, a corrente para o Kenny e uma torta para o Stan e a Shelly, então quanto eu puder, vou pedir ajuda pra Shelly pra fazer unhas personalizadas para o Marie. — Então ele explicou cada detalhe de seu plano detalhado, erguendo o queixo e não demorando para olhar em seu rosto e erguer a sombrancelha. — Então? Eu posso ou não, vizinho?

— Hm... Fica a vontade. — Ele respondeu, rindo fraco e o guiando caminho até sua casa, abrindo a porta e o deixando entrar.

Daquele momento em diante Tweek e Craig ficaram algumas horas na cozinha, Laura não podia estar mais assustada com aquilo! Era a primeira vez que Craig trazia algum colega para dentro de casa, então, para uma 'mãe' aquilo era um tanto surpreendente! Mas não queria ir até ele e fazer perguntas, afinal, sabia que apenas iria ser repelida até que se retirasse.

Quando concluiu, Tweek pegou aquela forma e se despediu, saindo da casa dos Tuckers e levando sua torta para dentro de sua própria casa. Colocou a mesma na mesa e chamou pelos irmãos adotivos vendo uma reação amorosa e positiva que lhe tirou um sorriso contente; então se aproximou de Sharon e lhe entregou a pequena caixinha de presente que quando aberta foi recebida com um sorriso amoroso e respondida com um abraço carinhoso. Depois de algumas horas, se aproximou de Shelly e lhe fez aquele pedido vergonhoso que, apesar de recebido com risadas, foi acatado, e em alguns minutos estavam na cama de Shelly pintando unhas postiças e lhes adicionando pequenos adereços.

Aquilo era tudo que definia um dia longo para o garoto, mas no final, havia até mesmo sido um tanto produtivo, mesmo que seu corpo estivesse cansado e por um fio, se esticou na cadeira da mesinha de computador e encostou o rosto no pulso, acabando por cair em um sono ali em alguns poucos minutos. Apesar de, no dia seguinte, acordar em sua cama... Olhou em volta e suspirou, saindo do quarto e descendo as escadas, preparando um café da manhã e colocando em uma humilde bandeja, logo subindo e entrando no quarto de Stanley e deixando em sua mesinha de descanso aquele pequeno agrado alguns minutos antes de seu despertador tocar.

Daquela forma, foi para o colégio como sempre fazia em sua rotina e seguindo para sua sala assim que chegou, sorrindo fraco ao ver Kenny e Marjorine, se dirigindo a eles e entregando seus presentes juntos a um par de desculpas, tais respondidas com um forte abraço carinhoso entre o trio de loiros. Depois de tudo isso, em seu lugar, notou que a mesa da carteira havia sido pintada pelo tom diferente da mesa para o resto do lugar, sentiu seu peito esquentar e vou Wendy se aproximar com algumas pequenas manchas em suas unhas.

— Tweek! Você tá bem? Se sente melhor? — Perguntou enquanto se abaixava para nivelar seus olhares e para poder verificar suas mãos com os esparadrapos trocados.

— Eu tô sim! Relaxa. — O loiro deu um sorriso fraco, recebendo um abraço apertado  da garota e logo um cascudo no meio de seus cachos, lhe arrancando uma risada. Olhou em volta e sentiu um leve incômodo. — Ela não veio?

— Não... Acho que... Vergonha? Se pá. — Balançou os ombros e se levantou completamente, cruzando os braços. — É melhor assim... Me diz, oque fez ontem a tarde? — Voltou seu olhar para o garoto que ficou em silêncio por alguns instantes antes de abrir um sorriso curto e bobo.

— Cumpri umas missões com um cara legal.