Como fomos criados.

99 10 15
                                    


— Trícia, eu ouvi falar que seu irmão tava andando com o nóia do segundo ano, é verdade? — Um garoto se inclinou na direção da ruivinha, que encarou o menino de cima a baixo e fez um bico.

Quem? — Ela questionou, cruzando os braços, então o garoto se sentou em seu lado, se aproximando um pouco mais dela. — Espaço pessoal, cara. — Indicou, vendo ele se afastar um pouco olhando curioso para ela, quase como se fosse especial por uma informação tão boba.

— O loirinho nóia do segundo ano, que o pai foi preso a um tempo, a polícia baixou toda aqui no colégio a procura do garoto pra saber do paradeiro da mãe dele. — O menino explicou, olhando atenciosamente para os olhos de Patrícia que se perdeu pela narrativa, tentando o entender, ficava mais confusa do que já estava. — Ahmmm... Charles! Tweek? Tweek Charles. — Então quando lhe deu um nome, os olhos da garota se clarificaram, então inclinou seu rosto para o menino.

O meu vizinho?

Depois daquela situação, algumas horas se passaram, Patrícia, que não devia nada a nenhum deles, se uniu a um grupo de fofocas enquanto falava e especulava sobre Tweek. 'Nóia' com certeza não era a pior palavra que haviam dito ali, as conversas apenas desciam de nível e as especulações viravam pequenas mentiras e as pequenas mentiras... Mentiras crueis de adolescentes que não sabiam medir suas palavras e era engraçado o quão rápido a ruiva se encaixava no grupinho como uma espécie de garota malvada.

Apesar disso, nenhuma de suas palavras passariam sem nenhum tipo de punição, todos em South Park aprendiam cedo sobre a relação entre ação e reação. Uma garota de cabelos castanhos curtos ondulados e bagunçados, alta feito um poste, rosto pardo um tanto sujo e grandes orbes de brilho lilás se aproximou dela usando um casaco verde velho e cheio por cima de uma camisa larga quadriculada vermelha e uma regata branca se destacando da bermuda jeans manchada em tom amarelado, bateu suas botas e encarou o rosto de Patrícia – Então todo o grupo se calou, observando a garota tirar as mãos dos bolsos.

— Qual teu nome? — A menina perguntou com uma voz abafada na máscara que usava, vendo Patrícia se fazer de desentendida. Arrancou a máscara e jogou de seu lado. — Qual teu nome, oh, ruivinha? — Agora alto e claro, desafiando o jeito desafiador de Trícia, a garota questionou e a ruiva ergueu o queixo.

— Patrícia Ruby Tucker. — Ela afiou a garota, se levantando e notando a grande diferença de altura. — E você? Quem é, arranha-céu? — Sorriu de canto, vendo ala franzir o cenho.

— Karen McCormick. — Ela disse com clareza, dando um passo a frente. — Você tá falando de boca aberta sobre alguém que você nem se quer conhece, sabia disso, Patrícia Tucker? — Ela jogou outro questionamento, esse retórico e mais agressivo, encarando o olhar da menina que parecia debochar de si.

E qual o problema? Te incomoda? É a traficante dele por algum acaso, Karen McCormick? — Riu um pouco, jogando a franja de lado. — Não fode. Eu não deixar de falar de algo ou alguém porque a princesinha da favela não gostou do meu tom, pelo amor de deus, né. — E assim, continuou debochando de Karen, sem notar os garotos atrás de si trocando olhares arrependidos por ela em suas palavras.

— O Tweek é um cara gentil, e você fala como uma porca. — Então, Karen pegou firmemente a raiz de seu cabelo, a arrastando para uma área mais aberta e a jogando no chão enquanto ela gritava e arranhava sua mão. — Sustenta suas palavras, se acha que é melhor que a tal princesinha da favela. — Assim, Karen tirou seu casaco e camisa quadriculada, jogando no chão e chutando, se posicionando com os punhos próximos ao rosto e fazendo Patrícia a encarar.

O tumulto havia sido formado, uma ou duas turmas diferentes mescladas em volta das duas garotas do nono ano que trocavam farpas e agora trocavam murros no meio da escola; não demorou pra notícia se espalhar e logo algumas pessoas do primeiro e segundo ano estavam em volta, inclusive Kenny e Craig que trocaram olhares, Kenneth estava claramente indignado com aquela situação, conhecia bem sua caçula, ela não perdia o controle por coisa pouca, foi bem educada pois quando se era daquela família, a educação evitava ir para porta do reformatório. Já Craig parecia mais curioso do que preocupado ou bravo, era um fato que não se importava tanto com Patrícia, mas mentiria se dissesse que o peito não apertou um pouco quando viu sua situação, seu rosto estava com um roxo e alguns cortes leves, seu joelho ralado e punho machucado, fora o cabelo completamente bagunçado.

Só Uma Tardezinha Com Você. - Creek, South Park.Onde histórias criam vida. Descubra agora