Uma única questão.

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A Wendy ficou em silêncio durante a aula toda. — Bárbara disse, comendo um pedaço de sua tortinha de limão.

— O que? — Clyde questionou com a boca cheia de hambúrguer, fazendo Tolkien rir e Nichole revirar os olhos.

— Depois do intervalo a Wendy ficou em silêncio durante a aula toda. Nenhuma resposta, questionamento, piada ácida, nada, ela ficou em silêncio vidrada na agenda dela. — Ela continuou, com o olhar perdido em algum canto da lanchonete. — A Wendy tá estranha e o Tweek também, ele saiu da casa dos Marsh pra ir pra sua casa? O que tá acontecendo?

Com aquele questionário estranho, o grupo se entre-olhou até que Craig voltava com suas batatinhas e seu copo de refrigerante, se sentava com eles e passava a receber todos os olhares, se incomodando logo de cara.

O que? O que foi agora?!

— Sabe o que aconteceu com o Tweek? — Bebe questionou, inclinando o corpo em sua direção, já que estava sentado ao seu lado.

— Não é da minha e nem da sua conta. Por que vocês não comem? As coisas vão esfriar. — Ele reclamou, passando a comer em silêncio enquanto os garotos se entre-olhavam novamente.

Claro, era normal que os colegas de turma trocassem boatos, era algo com que todos ali já estavam acostumados e não podiam negar, mas Craig ainda se sentia um tanto deslocado no ambiente, não era algo tão confortável para ele, definitivamente. Conforme lanchavam, o tempo passava e logo o grupo está a indo até o carro de Tolkien apertados e cantando musicas durante o caminho, alto e claro, rindo e se divertindo em grupo até deixarem Bebe em casa, depois Clyde e por último Craig. Nichole acenou para ele e Tolkien sorriu, mas algo parecia errado... Podia sentir isso, algo não iria bem.

Respirou fundo e foi até a porta e, com hesitação, abriu a porta. O silêncio era palpável, então seguiu para subir as escadas, mas antes que pudesse ouviu a voz pesada de seu pai chamar seu nome. Arrastou os olhos até a entrada da sala onde suspirou para ir a caminho, lá, visualizou Thomás, sentado na poltrona em silêncio olhando o jornal com seus óculos de leitura; ao seu lado, Patrícia estava sentada no sofá claramente nervosa.

— Trícia, eu tenho que conversar com seu irmão, nós dê licença. — A voz dele ecoou, apertando o coração de Craig, que merda estava acontecendo?

Mas, papai, eu...

— Patrícia, agora. — Interrompeu ela, olhando para seu rosto. — Saia. — E com aquelas palavras, a menina engoliu a seco, levantando e passando por Craig comum peso enorme nas costas. — Craigory, senta aqui.

— O que você quer? — Falava enquanto andava até o sofá, se sentando afastado da poltrona do pai.

— Quero que me explique algumas coisas.

Tipo?

— Tipo o porquê sua irmã fala por aí que você é um viadinho, tipo o porquê você não sai da cola do menino da Sharon, tipo o porquê que eu tô tendo que ter essa merda de conversa com você. — Ele falou, olhando para Craig, contendo a agressividade das palavras, mas claramente desconfortável com a conversa. — Quero que explique essas coisas pra mim enquanto eu tenho a paciência de te escutar, garoto.

Seu corpo gelou, a respiração até parou por um momento, oque era aquilo? O que Trícia havia dito? Ele estava bravo, confuso? Não sabia oque falar, o que fazer... Deus, queria sua mãe ali naquele momento. Craig respirou fundo, olhou para o chão e pensou com cuidado.

— A Patrícia é uma peste mal educada, eu nunca tive nenhum lance com nenhum cara e só porque essa pirralha te fala umas merdas você surta comigo? — Rebateu antes mesmo que fosse diretamente atacado, encarando Thomas, mas logo vendo ele se levantar e o puxar por sua camisa.

— Olha aqui você vai ME RESPEITAR! Abaixar bem o teu tem pra falar comigo na minha casa, PORRA! É assim que fala da sua irmã, seu merdinha, foi assim que eu te criei?!? — Ele gritava, balançando Craig pela roupa, o assustando com cada grito que lhe atacava a sensibilidade.

— Você NUNCA me criou! — Ele gritou de volta, parando a expressão de Thomas antes wue se intensificasse novamente, pensando por um momento que havia levantado sua mão, mas antes que pudesse fazer algo, foi puxado pela mulher.

THOMAS! SOLTA ELE!! — Ela gritava puxando o homem para trás e o fazendo soltar Craig, que parou no sofá, caído e assutado, pressionando as orelhas com as mãos; Laura se aproximou, tentando o fazer confortável, pegando seu rosto e aproximando de seu corpo em um abraço que o fez se prender a ela como reação. — Você nunca mais OUSE falar assim com uma criança na NOSSA casa! Eles são seus filhos! Não importa o que aconteça você tem que estar ao lado deles, os guiando caminho a fora e não sendo quem vai os ferir! Sai daqui, agora!

— Laura, que porra é essa?! — Ele questionou ela, mas antes que pudesse tentar se aproximar, ouviu seus gritos.

SAI! SAI DAQUI, AGORA, THOMAS! — Abraçou mais firmemente o garoto, fazendo Thomas dar um suspiro pesado e sair até a porta de casa, batendo ela e indo embora. — ...Craig, querido, você está bem? Precisa de algo?

Era tão estranho achar aquele conforto em Laura; na realidade, até então, apenas a via como uma intrusa em sua casa, e agora, podia pensar de uma forma diferente, afinal, ela também era uma mãe e estava vindo de uma longa caminhada, tentando sempre confortar ou mostrar alguma faísca materna a Craig, por mais cansativo que ele fosse. Olhando agora, talvez tenha sido um esforço válido, em alguns minutos Craig estava no balcão da cozinha comendo cerais que havia colocado para ele enquanto ela dava um leve carinho em seus cabelos, depositou um beijo preocupado em sua nuca antes de se afastar um pouco, dando tempo para o menino pensar.

E aquela pergunta? Aquela maldita pergunta estava perseguindo ele naqueles últimos dias, mas no final das contas, por que tal dúvida estúpida? Iria mudar aquilo, de alguma forma. Alguns dias se passaram e estava destraido, pensando naquilo, se dando conta que no dia seguinte seria o aniversário de Nichole, então, haveria uma belíssima festa para várias pessoas da turma se divertirem comemorando o aniversário da menina, seria um bom lugar para tomar uma atitude sobre aquele pensamento sobre ele, certo? Provavelmente não, mas iria do mesmo jeito. Foi mais cedo para festa, com seu grupo de amigos, ajudando com a organização até as pessoas começarem a chegar; não demorou muito para ver algumas silhuetas interessantes, Pete, Tweek, Stan, Kenny, Wendy... Wow... Seria uma festa interessante.

Craig!! — Tweek chamou por ele, acenando com um sorrisinho mas logo sendo puxado firmemente por Eric Cartman, o fazendo rir sem graça.

— Ele tá bonitinho hoje, né? — A voz de Red pairou sobre seus ombros, assustando Craig, a fazendo rir. — Devia falar com ele.

— Não me enche, Red... Mas esse vestido ficou muito bom em você... — Deu um sorriso torto para ela, vendo uma careta em resposta, já lhe dizendo muito sobre oque achava daquilo. — Que merda.

— Quer um flerte?

Não te interessa.

— Homem ou mulher?

Mulher! Por que homem é uma opção?! — Resmungou.

Se você diz... A Bebe tem esperado você tomar alguma atitude, acho que você devia considerar ela uma boa opção pra dar uns amassos. — Red indicou, fazendo Craig franzir o cenho com aquela sugestão estranha que havia feito.

— A Stevens? Sério? — Olhou para Red, vendo ela afirmando com a cabeça. — Que estranho.

— Acredita em mim, papo de mulher. Vai dentro, garanhão. — E com um tapinha no ombro de Craig, Red se afastou, rindo fraco daquela situação.

Só Uma Tardezinha Com Você. - Creek, South Park.Onde histórias criam vida. Descubra agora