Capítulo Treze

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  Sara apertou a alça da bolsa que trazia no ombro com força, na tentativa de amenizar o nervosismo. A sua frente, um edifício enorme se destacava dos demais, com sua fachada revestida em mármore amadeirado e pedras naturais, além de grandes pinheiros embelezando a entrada. De longe se notava a elegância das sacadas de vidro, combinadas a grandes janelas de correr. Totalmente o oposto do prédio velho onde ela morava com sua irmã, o qual vivia reclamando de ter um preço de aluguel muito alto para dividir apenas entre duas pessoas. Então, como um estagiário que vivia sozinho conseguia bancar um apartamento num prédio como esse? Ele morava sozinho, certo?

  — É o que vou descobrir — sussurrou para si mesma, tomando coragem para seguir em frente.

  Não foi nada fácil convencer o porteiro de que ela era amiga de um dos moradores do prédio, mas após fazer um pouco de drama, conseguiu entrar. Por um momento, Sara pensou que o mais difícil já havia passado, até se dar conta de que não fazia ideia de como encontrar o apartamento de Diego. Ela havia o seguido até ali com todo o cuidado para não ser notada, mas agora se via presa dentro do elevador, sem ter noção de qual rumo tomar.

  — Que burra — bufou, após apertar o número de um andar aleatório.

  Enquanto esperava, não conseguia parar de pensar em como era loucura sua descoberta. E era por isso que estava ali, ela precisava confirmar. Mas como faria isso? Invadindo o apartamento dele e procurando por provas? O colocando contra a parede para obrigá-lo a falar? Ou montaria vigia em frente a sua porta, esperando ele sair todo disfarçado rumo a uma noite de crimes cibernéticos? Sara suspirou. Nenhuma das alternativas pareciam promissoras, mas agora que estava ali, ela tinha que fazer alguma coisa.

  De repente o elevador parou, e um sejeito de cabelos ainda mais loiros que os dela entrou assim que as portas se abriram. Sara agradeceu mentalmente por isso, pois como dizia o velho ditado "quem tem boca vai a roma."

  — Olá — disse, sorrindo para ele. — Como vai?

  O rapaz parecia ser mais novo do que ela, embora fosse mais alto. Também trazia um celular nas mãos, do qual não desviou a atenção enquanto respondia:

  — Oi.

  Um breve silêncio se estendeu enquanto o elevador subia. Era óbvio que aquele indivíduo não estava a fim de conversa, mesmo assim Sara resolveu tentar.

  — Você mora aqui?

  — Moro, quem quer saber? — respondeu ele com arrogância, ainda de olho no jogo idiota no qual estava.

  — Sara. E seu nome?

  Ele suspirou, como se tivesse chegado ao limite da paciência. E daria outra resposta rude, mas se conteve quando colocou os olhos na moça que o abordava. Então teve um leve sobressalto, acompanhado de um pigarrear de garganta.

  — Henrique. — Sorriu, guardando o celular no bolso, meio atrapalhado. — Prazer em conhecê-la.

  Sara ficou confusa com a mudança da água pro vinho vinda do rapaz, que agora sorria feito um apresentador de TV. E mantinha os olhos atentos a ela, totalmente o oposto de alguns minutos atrás.

  — Sinto muito — continuou ele, sem graça com a falta de resposta dela — É difícil notar as coisas bonitas ao meu redor quando estou no meio de uma partida.

  A pequena sentiu o rosto esquentar com o elogio. E o rapaz de olhos amendoados, agora lhe dirigia toda atenção, deixando-a ainda mais constrangida.

   — Ah, ok.

  — É moradora daqui também?

  — Nao, vim visitar um amigo. Ele se chama Diego Dellinco, conhece?

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