Capítulo Dois

88 11 68
                                    

  O "grande ataque de Dark", como ficou conhecido, foi assunto por vários dias no país, mas ninguém imaginava o impacto que ele teria. O jornalismo nunca havia se destacado tanto na mídia brasileira, e portais menores da internet quebravam records de acessos cada vez que a palavra Dark era mencionada. Embora não houvesse ocorrido nenhum outro ataque em massa após aquele, o site DarkWeb continuava ativo. Manu o vasculhava todos os dias em busca de pistas, mas nunca encontrava nada. O que mais a intrigava, no entanto, era pensar no motivo por trás das ações do hacker. Ele não ganharia dinheiro, muito menos admiração. Será que só queria chamar atenção? E ainda havia a questão que mais a perturbava: por que, entre todos os repórteres e jornalistas de São Paulo, ele decidiu invadir apenas o computador dela? Após investigar um pouco mais, ficou claro que ela foi a única atacada diretamente. O que isso significava?

  No começo, a questão ficou apenas entre ela e Johnny, mas assim que a queixa foi registrada, acabou se tornando de conhecimento público, transformando a Oásis.com no site mais acessado daquela semana. Como a boa jornalista que era, Manu não poupou esforços para escrever várias matérias, explorando os mais diversos detalhes sobre o ocorrido, aproveitando-se da comoção.

  — Nós ficamos em primeiro de novo! — anunciou Johnny, saindo do escritório com os dentes arreganhados. — Uma salva de palmas para Manuela Garcia!

  Os funcionários começaram a aplaudir, e Manu, surpresa, levantou-se de sua mesa, que era a mais afastada do escritório.

  — Obrigado, gente, mas todos trabalharam duro. Talvez não tanto quanto eu, mas trabalharam — Manu disse, provocando algumas risadas que ecoaram pelo local, enquanto a maioria revirava os olhos. Garota insuportável, pensavam, nada que Manu já não soubesse. Era exatamente por isso que preferia conduzir suas investigações sozinha.

  Mas Johnny ainda não havia terminado seu discurso:

  — Graças a cobertura que fizemos sobre o Dark, acabei de ser informado de que a Tomorrow vai investir mais na Oásis. Vamos receber mais gente! Agora teremos um redator, outro editor de imagem e mais três repórteres.

  Outra salva de palmas explodiu na ampla sala, onde as mesas dos oito funcionários estavam espalhadas de maneira um tanto apertada. O espaço acomodava todos com dificuldade, já que Johnny era o único a ter uma sala própria. A dúvida pairou no ar: onde iriam trabalhar os novos? Os olhares preocupados dos colegas fizeram Johnny prosseguir:

  — Calma, deixei o melhor para o final: a Tomorrow quer que nos mudemos para o prédio principal da sede.

  Ao ouvir aquilo, todos se levantaram ao mesmo tempo, causando uma barulheira danada.

  — Vamos para o prédio da Tomorrow? É sério?! — indagou Igor, perplexo.

  — Tem certeza de que não é um engano? — questionou Mariana, a incredulidade evidente em sua voz.

  Os outros começaram a lançar ainda mais perguntas, pois ninguém estava acreditando. Mas Manu ficou em silêncio, maravilhada com a possibilidade de estar um passo mais perto de seu objetivo. No prédio da Tomorrow estava toda a estrutura do telejornal, e ela mal conseguia imaginar tudo o que isso abrangia. Afinal, se tratava da primeira empresa de jornalismo estrangeira a alcançar um patamar tão elevado no Brasil. Eles realmente entendiam do negócio, e por isso cresceram tão rapidamente na indústria.

  — Isso mesmo, digam adeus aos esbarrões! Teremos um espaço decente agora — Johnny mal conseguia conter a alegria. Então, ele se virou para Manu, prestes a dizer algo, mas foi interrompido por uma mensagem que fez seu celular vibrar. — Olha só, os estagiários chegaram — anunciou, causando mais alvoroço na sala.

DARKOnde histórias criam vida. Descubra agora