Capítulo Dezessete

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  A primeira coisa que Sara fez ao chegar na Oásis naquela sexta-feira, foi se dirigir até a cozinha para fazer o capuccino que Diego gostava. Ela havia dado uma pausa nesse costume após confrontá-lo, mas uma vez que as coisas entre ele e Manu foram esclarecidas, se sentiu livre para retomar suas táticas de conquista com o colega. O que ela não esperava, porém, era encontrar Oliver parado em frente a porta. Ele mantinha os braços cruzados enquanto encarava o vidro que havia na parede ao lado, o qual dava uma visão perfeita para dentro do local.

  — O que está fazendo? — perguntou ao alcança-lo, causando-lhe um susto exagerado demais para a ocasião. Tanto que não pode deixar de rir. — Eita, não sabia que minha cara era tão feia.

  — Você apareceu do nada Sara! — defendeu-se, sem achar graça no seu comentário.

  — Não apareci não, você que está todo distraído e não me viu chegar! A propósito, o que está fazendo parado ai ao em vez de entrar? Pensando na morte da bizerra?

  O coreano encolheu os ombros, mas manteve o maxilar duro como pedra.

  — Eu estava indo buscar café, mas acabei mudando de ideia. Pode entrar você.

  Sara não entendeu a falta de humor dele, que geralmente ria das suas piadas mais idiotas. Talvez tenha acordado com o pé esquerdo, pensou, indo até a porta para empurrá-la. Mas assim que o fez, o som de risadas vindas da cozinha a fez parar antes de abri-la por completo. E ali estavam Manu e Diego, ambos em pé ao lado do balcão, segurando suas xícaras enquanto conversavam animadamente. Imediatamente a loira voltou para trás, fechando o pouco da porta que havia aberto, e acabou trombando em Oliver que havia a acompanhado.

  — Foi mal, não vi você ai — disse a ele, depois correu até o vidro para observar melhor a cena. E lá estavam os dois, claramente à vontade um com o outro, como se já se conhecessem a anos... O olhos de Sara chegaram a lacrimejar de emoção. — Acho melhor voltar outra hora — concluiu por fim, disfarçando as lágrimas.

  — Outra hora? Por quê? — questionou Oliver, fazendo-a franzir o cenho.

  Sara ficou apenas olhando para ele, pois não sabia como explicar que não queria interromper algo tão precioso como a reaproximação de dois irmãos que estiveram separados por muitos anos, sem revelar esse fato. Afinal, não era um assunto seu para sair compartilhando. Bem, ela também não precisava mentir.

  — É que não quero interromper, eles estão se dando tão bem, nossa equipe precisa dessa proximidade — explicou, com toda a honestidade.

  — Ah... tem razão. Concordo.

  Só que Sara desconfiava de que ele não concordava com uma vírgula do que ela havia dito. Logo, cogitou ser um equívoco da sua parte quando o viu fazer menção de sair. Até que ele era um rapaz esperto...

— Mas eu preciso do meu café! — anunciou o colega repentinamente, dando meia volta e passando por ela para abrir a porta e entrar, sem nenhuma delicadeza, na pequena cozinha.

  Então Sara não viu outra alternativa, a não ser segui-lo, ao mesmo tempo em que retirava o elogio.

  — Bom dia — cumprimentou Manu assim que os viu, ela parecia bem feliz.

  — Bom dia — respondeu Sara, olhando especificamente para Diego, que a cumprimentou de volta com uma leveza inédita, pois agora não haviam mais segredos entre eles, e ele parecia gostar disso tanto quanto ela.

  Um pequeno silêncio se estendeu a medida que todos olhavam para Oliver, que havia se dirigido até a cafeteira e mantinha toda a atenção nela, como se fosse algo estritamente necessário. Aquela era, no mínimo, uma atitude bem estranha da parte dele.

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