Capítulo Catorze

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  Sara respirava devagar, enquanto tentava se acalmar. Em parte por ter sido carregada por Diego até ali, mas esse susto já havia passado. Agora ela admirava, embasbacada, a beleza do apartamento absurdamente chique no qual se encontrava. Não conseguia acreditar que o colega vivia ali.

  — Você nunca disse... que é rico — acabou soltando, sem tirar os olhos das peças raras, provavelmente caras, da decoração.

  — E você nunca disse que tem o costume de seguir os outros.

  A loira engoliu em seco, mas não deixou a pose desmoronar.

  — Já disse que vim ver um amigo.

  Diego riu sem humor.

  — Claro que veio, afinal, esse amigo notou sua presença desde que saímos do metrô.

  A pequena ficou sem reação diante do argumento, não esperava que ele fosse perceber.

  — Por que está aqui? — continuou ele.

  — Você me trouxe.

  — Sabe o que eu quero dizer. — E cruzou os braços, indicando que esperava a resposta.

  Como não adiantaria negar, a loira resolveu dar a explicação que parecesse mais lógica possível.

  — Eu... queria vê-lo.

  — Por quê? Não disse que iria parar de gostar de mim?

  Ele disse aquilo com tanta tranquilidade que Sara não conseguiu conter a irritação.

  — Dizer e fazer são coisas totalmente diferentes! E esse não é o tipo de coisa que dá para controlar.

  A sombra de um sorriso surgiu no rosto de Diego, surpreendendo a colega. Primeiro a censura e agora isso! Qual era a dele?

  — Por que não me diz claramente o que está pensando Diego? Não seria mais fácil? — perguntou, ficando séria.

  Diego manteve a expressão neutra enquanto a analizava. Ambos ainda estavam em pé no meio da sala, então ele decidiu se aproximar.

  — Já disse que não posso, não agora. Tem um assunto que preciso resolver primeiro — respondeu calmamente, parando a poucos centímetros dela.

  Sara engoliu em seco, ele estava tão perto que podia sentir o cheiro do seu shampoo de coco. Diego e coco, uma bela e cheirosa combinação... Imediatamente abanou a cabeça para recuperar os sentidos e se concentrar no seu objetivo ali.

  — Esse assunto envolve a Manu? — questionou, após limpar a garganta.

  Ele não respondeu, não precisava. E aquela afirmação silenciosa a incomodou tanto que sentiu seus nervos se contraírem.

  — Não é da sua conta.

  A atitude defensiva e rude de Diego deixou a loira ainda mais instigada a pressioná-lo, de modo que empinou o queixo e devolveu o olhar intenso.

  — Mas deve ser da conta dela, não?

  O asiático nem se mexeu, mas cerrou os olhos, bem como os punhos ao seu lado. Esse último deixou Sara apreensiva, já que não sabia se podia confiar no caráter dele. Mas quando o rapaz deu mais um passo, extinguindo o espaço entre eles, ela se controlou para não sair correndo.

  — Está me ameaçando Sara?

  Agora ela mantinha o rosto inclinado para cima, pois ele era bem mais alto. Alguns segundo depois, porém, sua coragem falhou, de modo que se recolheu toda.

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