Manu encarava com pesar o precioso rocambole que Oliver havia acabado de retirar do forno e colocado sobre a mesa. A fumaça que pairava em volta do fogão dava uma boa dica do quão queimado devia estar e a crosta preta sobre o mesmo confirmava.
— Talvez... esteja comestível por dentro — disse para tentar animar Oliver, que mantinha uma expressão desolada diante da cena.
Ele cortou um pedaço para checar se ela tinha razão, mas o rocambole estava tão duro por dentro quanto por fora. Além disso, o gosto devia estar horrível.
— Não tem salvação — constatou ele, tristonho. Mas tratou de se recompor e olhou para ela com um meio sorriso. — Que tal pedirmos um delivery?
— Isso não será nada econômico — observou, lembrando do discurso dele mais cedo.
— Às vezes é necessário ser flexível. Pizza?
Ela concordou e ele se apressou em fazer o pedido. Por fim se sentaram na mesa para esperar. Passado o alvoroço com o rocambole queimado, ficaram sem assunto e o silêncio constrangedor tomou conta outra vez. Isso porque ambos sabiam o motivo do jantar estar completamente torrado. Se não estivessem tão ocupados, a ponto de não perceberem o cheiro alarmante, talvez teria dado tempo de salvá-lo, mas jamais admitiriam isso em voz alta.
— O que quer fazer enquanto esperamos?
A pergunta pegou Oliver de surpresa. Manu o olhava com uma expressão neutra, mesmo assim, ele não descartou a possibilidade daquilo ter sido uma indireta. Seria possível? Mas antes dele tentar descobrir a resposta, o som da campainha disparou pela kitnet, assustando-os.
Manu foi atender a porta, imaginando ser um dos vizinhos com alguma encomenda, mas ao em vez disso, se deparou com Diego.
— Oi, se sente melhor? — perguntou ele, hesitante.
A voz fugiu da garganta dela, de modo que soltou apenas um grunhido enquanto assentia. Era tão estranho vê-lo depois do que havia descoberto que simplismente não sabia como reagir. Devia abraça-lo? Questioná-lo? Ou repreende-lo por não ter lhe contado aquilo antes?
— Eu sei que você disse que iria até mim, mas eu estava ansioso demais para esperar. Desculpa.
— Não precisa se desculpar, também estou ansiosa. Entra. — E deu espaço para ele passar. Então se lembrou, tarde demais, que não estava sozinha.
— Oliver? O que faz aqui? — quis saber Diego, assim que viu o colega.
— O mesmo que você, vim ver se ela estava bem — respondeu o nerd, cruzando os braços.
Então ambos ficaram se encarando, visivelmente incomodados com a presença um do outro.
— Oliver eu preciso conversar com Diego — disse Manu, intervindo sem se dar conta do que se passava — Poderia nos deixar a sós?
O coreano abriu a boca e se levantou.
— Está me mandando embora? — perguntou, quase rindo de incredulidade.
— Desculpa, mas isso é urgente.
Ele olhou para os lados, se segurando para não bufar.
— E a pizza? Estou com fome! — lembrou, tentando persuadi-la .
Mas Manu se manteve firme até ele ir embora. Depois se sentou com Diego para dar início ao assunto que haviam adiado. Ele não sabia como começar e acabou ficando em silêncio por alguns segundos, enquanto tentava encontrar a melhor forma.
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DARK
RomanceManu já é uma repórter dedicada os 25 anos de idade. Seu maior objetivo é descobrir quem são seus pais biológicos e o que aconteceu com eles. Para isso, ela anseia alcançar um espaço na TV, o que não é nada fácil quando se trabalha apenas com jornal...