Capítulo Quatro

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  O hotel Itália por dentro, não era nada do que aparentava ser por fora. O prédio de paredes desgastadas e janelas enferrujadas que ficava localizado em Capão Redondo na zona sul, jamais seria uma opção de estadia para qualquer pessoa com um pouco de bom senso. Além do bairro perigoso, o próprio local tinha uma fama bem duvidosa, assim como o proprietário, conhecido como Zoro. Mas o que poucos sabiam, é que por dentro o local era puro luxo, e a má fama era um diferencial do qual eles se orgulhavam, afinal, seus clientes estavam entre os mais ricos e corruptos do país. Os estagiários se deram conta disso logo que entraram na recepção.

  — Não é aquele deputado procurado? — sussurrou Sara, cutucando a chefe com certo temor.

  — Ssshi — sensurou Manu, se virando bruscamente para ela. — Aqui você não conhece ninguém, absolutamente ninguém. Entendeu?

  Sara se calou, abismada. Algo lhe dizia que aquele não seria o primeiro hóspede procurado que eles encontrariam. Mas a loira também franziu a testa, sem entender. Não seria esse hotel um furo bem interessante? Como se lesse a mente da mais nova, Manu tratou de explicar:

  — Tem coisas em que não se mexe, a não ser que queira se meter em problemas.

  A expressão séria de Manu deixou Sara com mais medo ainda. E ela não foi a única.

  — Que-que ti-tipo de problemas chefe? — perguntou Oliver, com uma expressão apavorada.

  Manu esfregou a testa um pouco impaciente. Ela teria que desenhar? Mas ao em vez disso, decidiu fazer um sinal de joia para o rapaz, que franziu a testa sem entender, até que ela riscou o pescoço com o mesmo polegar. Imediatamente o nerd engoliu em seco, mostrando que havia entendido. Esses novatos...

  Manu esperou o tal hóspede sair para ir até a atendente. Uma mulher morena cor de chocolate, muito bem vestida e maquiada, a olhou com curiosidade.

  — Pois não?

  — Olá. — Sorriu. — O jantar de hoje é mal passado?

  Os três atrás dela não entenderam a pergunta, mas a morena assentiu, como se fizesse todo o sentido.

  — Seria um tipo de código? — sussurrou Sara para Diego.

  — Sshi — pediu ele, desinteressado.

  — Sim. Ficará pronto as 11 e 45 — foi a frase que saiu da boca da morena de cabelos bem cacheados e firmemente armados.

  Manu agradeceu e começou a ir em direção ao elevador, os três apenas a seguiram, admirados. Quando todos entraram no elevador, Oliver não aguentou manter silêncio.

  — Como você sabia o código? Vem sempre aqui?

  Manu balançou a cabeça, negando.

  — Investiguei esse lugar quando era inexperiente. Digamos que não seria bom para a minha segurança e a dos meus colegas publicar os segredos de Zoro, então não o fiz, mas uso as informações que coletei vez ou outra.

  — Mas isso também não ameaça sua segurança? — perguntou Sara, angustiada.

  — Acho que sim, nunca fui muito boa em me manter segura. — Manu deu de ombros, rindo.

  Diego, que estava à frente, se virou para ela com uma expressão furiosa.

  — E acha isso engraçado?

  O silêncio recaiu no elevador de forma avassaladoura, enquanto Manu piscava, completamente chocada com o que acabara de ouvir do seu pupilo mais promissor. Ele estava a repreendendo?

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