Capítulo Três

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  Após um mês sem nenhum progresso da polícia na investigação, Manu já não acreditava que eles chegariam a algum lugar. Ela havia sondado alguns conhecidos que trabalhavam no meio, e todos confirmaram a mesma coisa: O caso estava estagnado. Mas a situação mudou quando sua fonte mais confiável, a quem ela apelidou de "Milkshake", enviou um e-mail com informações confidenciais da DRCC.

  Como ele consegue essas coisas? se perguntava, chocada com o arquivo que tinha em mãos. Eles haviam conseguido rastrear o endereço de IP do ataque cibernético, ou seja, descobriram de onde Dark operava. E essa era uma pista muito valiosa.

  Foi por isso que Manu marchou até Johnny e exigiu sua sala. Liderar uma equipe não estava nos seus planos, mas já que tinha sido obrigada a fazer isso, ele teria que ceder em algo também. Era justo, não? E com aquela pista em mãos, ela mal podia esperar para começar.

  — Que pista é essa? — perguntou Johnny, animado com a notícia que ela acabara de contar aos estagiários, assim que entraram na sala dele.

  — Não posso dizer — foi a inesperada resposta de Manu, que o olhava de soslaio. — Eles ainda não são confiáveis.

  Johnny franziu a testa, incapaz de acreditar que ela havia dito isso em voz alta. Será que Manu estava determinada a arruinar mais uma equipe?

  — Eles foram escolhidos pela Tomorrow, então já são da família — insistiu o editor, rindo nervosamente, como se pudesse dar a impressão de que havia sido uma piada. Ele já estava acostumado a usar esse truque sempre que a linguinha inconsequente de Manu atacava, mas ela era profissional em estragar suas táticas.

  — Família não significa confiança, não para mim. Mesmo que eles tivessem o meu sangue, não faria diferença — retrucou ela, com frieza. Pois nunca houve ninguém em sua vida que a fizesse pensar diferente.

  Johnny se calou, sentindo uma pontada de compaixão. Ele sabia que Manu era órfã e que isso refletia em grande parte da sua personalidade. Por isso resolveu puxa-la para o canto e adotar um tom mais sério:
 
  — Manu, você sabe que, antes de chefe, eu sou seu amigo — começou, cauteloso. — Então escute um conselho de um amigo: Você precisa começar a dar uma chance às pessoas antes de julgá-las. Talvez acabe se surpreendendo.

  As palavras fizeram Manu ponderar por alguns segundos, mas algo dentro dela a deixava obstinada.

  — E se, ao em vez disso, eles me decepcionarem? — perguntou, pendendo pro lado negativo.

  Johnny deu de ombros e respondeu com simplicidade.

  — Nunca vai saber se não tentar. Mas, acredite, esse é um risco que vale a pena correr.

  Manu lançou um olhar demorado para as três figuras que a observavam. Não costumava correr riscos por ninguém, a menos que isso prometesse um grande furo. Mas Johnny era um bom amigo — talvez o único que ainda restava. Ele era confiável, então seus coselhos também deviam ser. Pensando nisso, ela suspirou e assentiu, concordando.

  — Maravilha! Depois eu venho buscar minhas coisas — disse Johnny, evidentemente animado. Manu não costumava ouvir muito, então ele tratou de sair antes que ela mudasse de ideia.

  Uma vez sozinha com os três, Manu começou a se aproximar, analisado-os atentamente. Ela sentia um leve nervosismo por desempenhar o papel de líder, mas se esforçou ao máximo para não deixar transparecer. Seu olhar se fixou primeiro na garota — cujo nome já havia esquecido — e no sorriso cheio de expectativa que ela trazia. A jovem parecia genuinamente animada, o que fez Manu se dirigir a ela primeiro.

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