21 de Outubro 2022
06:19 da manhã
Hoje, acordei mais cedo do que nas outras vezes. Anteriormente, me permitia dormir até tarde, alimentando a esperança de que ele ligasse para que pudéssemos conversar. É curioso como as circunstâncias mudam; agora, essa possibilidade se desvaneceu. Refletindo sobre o propósito da vida, questiono por que nos esforçamos para viver intensamente, temendo perder qualquer momento significativo. Contudo, ao enfrentar a inevitabilidade da morte, surge a pergunta: o que nos aguarda além do último suspiro? Será a escuridão, um novo destino? Rumo ao céu, inferno, ou talvez, a um lar além da compreensão humana?
Hoje, celebro meu aniversário, marcando vinte e seis anos de vida. Ao encarar meu reflexo no espelho, reflito sobre os capítulos que acabei de atravessar. Às vezes, questiono se finais felizes são reservados apenas aos livros, até mesmo para uma escritora como eu.
A incerteza cai sobre mim, especialmente em relação a Kihan. Estará ele enfrentando alguma dor ou encontrou paz em algum lugar distante? As perguntas se multiplicam, as dúvidas se entrelaçam, e a dor persiste. Surge a ponderação inevitável: essa dor desaparecerá algum dia? Contudo, reconheço a futilidade da pergunta, sabendo que ela apenas suavizará com o tempo, deixando para trás a lembrança dolorosa. E é essa, talvez, a parte mais difícil de lidar – as lembranças.
Hoje deveria ser um dia feliz, afinal, quem não gosta do seu próprio aniversário? Receber presentes, organizar uma festa com o tema favorito e saborear uma variedade de doces. Tradicionalmente, aniversários são celebrados como dias especiais, marcando cada ano com alegria. Contudo, neste ano, esta data, hoje, não carrega a mesma felicidade. Ficará na lembrança como um dia difícil, pois sei que ele partiu um dia antes de eu completar minha idade.
A perspectiva de futuros aniversários traz uma sombra de tristeza. Quando eu estiver comemorando meus 60 ou 70 anos, lembrarei que um dia antes, um amor se foi? Nascemos para ficarmos juntos ou apenas para sermos as memórias felizes um do outro?
Enfrentar Mina sem deixar transparecer a dor é um desafio. Afinal, é o irmão dela, e a magnitude da sua dor supera a de todos nós.
A dor parece ecoar até no clima, como se até mesmo o tempo estivesse em luto. O dia amanheceu sob uma chuva persistente, tingindo tudo com tons cinzentos. Ao chegar no lado da cozinha, deparei-me com Mina, trajando um vestido completamente negro, preparando ovos mexidos.
— Tudo bem se eu não ficar para o almoço? Preciso ir ao jangnye-sik-jang para organizar uma cerimônia para o Kihan, embora ele tenha sido sepultado na Itália. — Mina falou, enquanto enxugava algumas lágrimas.
— Por que você não conseguiu ir? — Perguntei, sentando-me na cadeira.
— Mamãe e papai estão fazendo de tudo para me levar, mesmo que seja no avião da família, mas fortes tempestades estão se aproximando. Os aeroportos estão fechados.
— Eu posso ir com você? Queria poder... estar lá por você. — Falo insegura. Mesmo Mina sendo minha melhor amiga, temo incomodar neste momento delicado. — Não quero ser intrusiva. Se preferir ficar sozi...
— Não. — Ela se aproxima. — Claro que quero você ao meu lado. Você é minha melhor amiga. Sei que amava o Kihan, e percebo que a dor que estou sentindo, você também compartilha.
— Nesta manhã...
Ouço a voz da jornalista ecoando do lado da sala. Ultimamente, meu maior receio é deparar-me com essa narrativa.
— Os assassinos famosos retomam suas atividades de maneira audaciosa. A cena é capturada por apenas uma das vinte câmeras no local, registrando o roubo de cinco bolsas repletas de dinheiro. Nas imagens, testemunhamos os seguranças correndo apressadamente em direção à sala, mas ao chegarem, são surpreendidos por armadilhas cruéis que brutalmente acabaram com a vida de cada um deles.
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Veil of Darkness
FanfictionLillies Hawkins, renomada escritora de contos macabros, se vê involuntariamente no centro de seu próprio livro, quando vídeos e cartas dos assassinos mais procurados da América, misteriosamente conectados a ela, começam a chegar. Intrigada, ela emba...