Capítulo 2

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É 17 de dezembro

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É 17 de dezembro. As festas de fim de ano se aproximam e os amigos da vida inteira, que vivem fora de Sete Quedas, vão chegando. Se o mundo acabar no dia 21, como dizem os maias, pelo menos teremos nos visto uma última vez.

Como todos os anos, nos reunimos na grande festa que Vetuche organiza na casa de campo de seu pai e passamos superbem. Risadas, danças, piadas e, principalmente, ótimo ambiente.

Durante a festa, Vetuche não me faz a menor insinuação. Fico agradecida. Não estou para insinuações.

Num momento da farra, Vetuche se senta perto de mim e falamos com franqueza. Por suas palavras, deduzo que sabe muito sobre minha relação com Gustavo.

— Vetuche, eu...
Ele bota um dedo em minha boca para me calar.
— Hoje quem vai escutar é você. Te falei que não gostava desse cara.

— Eu sei...
— Nós dois sabemos por que ele não serve para você.
— Sei...

— Mas, gostando ou não, sei a realidade. E essa realidade é que você está caidinha por ele, e ele por você. — Eu o olho espantada.— Gustavo é um homem poderoso que pode ter a mulher que quiser, mas demonstrou que sente algo muito forte por você, e sei disso por sua insistência.

— Insistência?
— Me ligou mil vezes, desesperado, no dia em que você desapareceu de seu escritório. E quando digo “desesperado”, é desesperado.
— Te ligou?

— Sim, todos os dias, várias vezes. E mesmo sabendo que não vou com a cara dele, o sujeito se arriscou, engoliu o orgulho, só pra me pedir ajuda. Não sei como conseguiu meu celular, mas o certo é que ligou pra me suplicar que te encontrasse. Estava preocupado com você.

Meu coração se descontrola. Pensar em meu Iceman enlouquecido por minha ausência me deixa boba. Boba demais.

— Me disse que tinha se comportado como um idiota — continua Vetuche — e que você tinha ido embora. Te localizei em Valência, mas não contei nada pra ele, nem tentei entrar em contato com você. Imaginei que você precisava pensar, não é?

— Sim.
Paralisada pelo que está me dizendo, olho para ele.

— Já tomou uma decisão? — pergunta.
— Sim.
— Dá pra saber qual?

Tomo um gole da minha bebida, afasto o cabelo do rosto e, com toda a dor de meu coração, sussurro num fio de voz:

— O que havia entre mim e Gustavo acabou.

Vetuche concorda, olha para uns amigos e murmura, depois de um suspiro:

— Acho que você está enganada, conterrânea.
— Como?
— Você ouviu.
— Ouvi, sim, mas você tá maluco?
Meu amigo, o maluco, sorri e toma um gole de sua bebida.

— Ah, se teus olhos brilhassem por mim como brilham por ele! — exclama finalmente. — Ah, se você tivesse ficado tão louca por mim como sei que está por ele! Ah, se eu não soubesse que esse ricaço está tão louco por você que é capaz de me ligar pra que eu te procure e te encontre, mesmo sabendo que numa hora dessas eu posso botar você contra ele.

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