Capítulo 17

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- Mãe...por favor...por favor não me abandone.

Meu peito doia e lágrimas desciam como cascatas dos meus olhos.

- Você é uma puta inútil que não se importa com a sua família.

Eu não podia acreditar que a minha própria mãe estava falando isso pra mim.

- Eu já deveria esperar isso de uma ingrata como você.

Isso não podia ser verdade.

- Eu sinto muito mãe..tem que haver outro jeito...eu não posso fazer isso...me  entenda por favor.

Ela virou o rosto com um olhar de pura fúria,todo aquele ódio direcionado a mim.

- Não seja uma idiota Amélie,isso não seria nada mais do que um pequeno sacrifício para o bem da família.

A raiva subia pelo meu peito me consumindo por inteiro.

- Um pequeno sacrifício,me deitar com aquele homem...a custo de que mamãe...não vou fazer isso apenas pra você poder comprar suas bolsas de marca.

Antes que eu pudesse processar sinto o meu rosto queimar e uma dor forte percorre o meu rosto...ela havia me dado um tapa.

- Eu estou garantindo o nosso futuro sua idiota...a quem você quer enganar...não se negou a ser uma putinha pro rapaz do seu colégio...como era mesmo,David não era.

Aquilo era de mais pra mim,meu coração foi partido em mil pedaços quando ela disse isso.A memória de dois anos atrás veio na minha cabeça,eu tinha 17 anos,estava no vestiário quando David chegou,eu me assustei por estar sozinha com ele lá e tentei sair do local,mas ele não deixou.Ele me prendeu a força e se uma professora não chegasse a tempo ele teria...desde então um boato de que eu havia ficado com ele no vestiário se espalhou por toda a escola.Ele ficou bem com toda a história,exaltado por todos.Já eu,fiquei conhecida com a puta que deu pro jogar de beisebol no vestiário.

- Ele quase abusou de mim,se a professora não tivesse chegado a tempo...eu não escolhi isso.

Ela me olha com desdém,como se eu fosse um ser desprezível.

- Você jogou a reputação da nossa família na lama,por sua culpa seu pai nos deixou pra ir correr atrás de uma vagabunda.Não é mais do que a sua obrigação consertando a merda que fez.

Eu chorava com o desespero inundando o meu corpo.

- Mãe...por favor...

Ela se vira indo em direção a saída do meu quarto.

- Faça algo além de ser um fardo que só traz vergonha a essa família.

Eu acordo com o peito doendo e minha respiração falha.As lágrimas caiam dos meus olhos e o suor descia da minha testa.

- Amélie...você está bem?

Niels pergunta se levantando e olhando pra mim.

- Eu...eu...Eu.

Eu não consegui falar,minha respiração estava tão acelerada que eu estava ficando sem ar,eu soluçava e minha garganta parecia que iria se fechar.

- Shiiiii.

Niels se senta no sofá e me pega em seus braços,ele apoia a minha cabeça em seu peito e acaricia meus cabelos me embalando no seu colo.

- Eu estou aqui pequena leoa...está tudo bem,está segura pra chorar,coloque pra fora o que te faz tão mal,eu estou aqui pra você.

Às palavras de Niels só me deram mais força para chorar,eu nunca pude ser vulnerável na minha vida.Para a minha família,chorar era um ato de fraqueza.Eu nunca pude ter carinho ou conforto...toda a minha infância foi cheia de regalias e bens matéria,mas nunca tive nada além disso.A memória de quando eu tinha 5 anos me veio a cabeça.Eu tinha feito o meu primeiro desenho,toda orgulhosa fui correndo mostrar a minha mãe,ela nem se qier olhou para o desenho e de forma seca disse que eu deveria melhorar...Eu só tinha cinco anos e buscava um pouco de aprovação dos meus pais.Eu fazia de tudo,tirava boa notas,era esforça,a verdadeira filha modelo.Mas nada nunca era bom o suficiente pra eles.Com o tempo,parei de lutar pelo que eu nunca teria.

- Foi só um pesadelo,eu estou aqui agora,não vou deixar que nada te machuque.

Minha respiração começou a se acalmar e os carinhos de Niels ajudavam a levar os pensamentos ruins que cercavam a minha cabeça.Eu me aconchego ainda mais no seu peito buscando o calor do seu corpo.

- Desculpa Niels...desculpa não poder corresponder o que você sente...desculpa,eu não posso...não agora.

O aperto de Niels se intensifica ao meu redor como se estivesse com medo de me perder,mas logo esse aperto se afrouxa e um suspiro calmo sai de seu peito.

- Não se desculpe Leoazinha,só durma.

Todo o medo que eu sentia...se foi,na quele momento,Niels não parecia mais assustador.Eu não me importava que ele tinha cicatrizes,se ele tinha uma história difícil e por isso era uma pessoa difícil de lidar,eu estava disposta a conhecê-lo melhor,a tentar...

- Niels...eu acho,acho que gosto de você...mas eu tenho medo.

Com uma mão ele continua o seu carinho em minha cabeça,e com a outra ele segura o meu queixo me fazendo olhar pra ele.

- Descanse...conversamos sobre isso depois,agora você precisa dormir.

Ele coloca uma mecha do meu cabelo pra trás e da um pequeno beijo na minha testa.Eu dou um sorriso pra ele que enxuga minhas lágrimas com a manga do seu casaco e coloca a minha cabeça de volta no seu peito.O sono começa a me tomar aos poucos e quando menos percebo acabo por dormir nos braços de Niels.

O Monstro da floresta Onde histórias criam vida. Descubra agora