Capítulo um

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Havana, dias atuais

Desde de pequena sempre gostei de animais, o carinho verdadeiro deles, um sentimento profundo de empatia e conexão com os seres vivos ao seu redor. demonstram carinho ao alisar da perna, quando está deitado e vem se juntar, quando estamos dormindo mia ou late para nós o alimentar. É um sentimento bom, aconchegante.

Sempre sonhei em ser veterinária, não vejo a hora de terminar e me especializar. Mas sem alguém para comemorar minha conquista, na verdade tenho, só está longe, meu irmão que está do outro lado do oceano.

Victor não sabe o'que passei e nem contei, sei o'que é capaz de fazer e não quero o prejudicar, não novamente.

- Thomas pode me dar seu celular? Quero ligar para o Victor. - Thomas me olha com o cenho franzido.

- Pra que? Você não tem nada para falar com ele. - ele não tá falando sério, né ?

- Claro que tenho, ele é meu irmão e quero dar os parabéns a ele. - Thomas me entrega o celular com relutância e me sento no sofá e ele fica ao meu lado.

- coloca no viva voz. - manda e eu o olho

- Thomas, eu nã...

- Eu mandei colocar no viva voz. - me interrompe e ordena novamente.

Disco o número do meu irmão e chama três vezes e no quarto toque Victor atende.

- Alô, quem é ? - Victor pergunta.

- Oi, sou eu a violet. - respondo

- Pequena, mudou de número? - Victor pergunta.

- Não, é que... é que meu celular quebrou. - gaguejo um pouco pós thomas me fitou para que não diga o que realmente aconteceu.

- Ah... por isso ligo e dá fora de área, quando vai comprar outro? Estou com saudades de fazer vídeo chamada. - eu também, irmão.

- Ah.. logo logo e estou com saudades também. Como estão indo as coisas aí ? - pergunto sobre esse lugar maravilhoso que quero conhecer.

Não contei ao Thomas onde Victor mora, não quero que ele saiba.

- É espetacular, trabalho no setor de contabilidade de uma empresa de tecnologia. Você tem que vim e ver a beleza desse lugar, tem um aquário incrível que você vai amar. quanto vai vim? Sei que está perto de terminar a faculdade. - sorrio por lembrar que amo aquário.

- estou sim, falta apenas uma semana e estarei especializada. - não respondo a sua primeira pergunta pós Thomas me fita novamente e faz gestos com a boca para desligar logo.

- Bem, eu só queria desejar feliz...

- o'que está acontecendo? Você está bem ? - Victor me interrompe. Não, não estou.

- Estou bem, não está acontecendo nada. Não se preocupe. - falo um pouco rápido.

- não acho que não esteja acontecendo nada, você está nervosa, só fica nervosa quando está sendo pressionada ou escondendo algo. - é irmão eu estou, mas não falo.

- Violet se estiver....

- Não está acontecendo nada Victor, eu estou bem. Só liguei para saber como está e dá feliz aniversário. - interrompo ele , Victor respira fundo e fica em silêncio por alguns segundos.

- Eu não devia ter ido embora, eu não devia ter lhe abandonado. - não foi culpa sua Victor, eu não lhe culpo.

- Victor sabe que não foi culpa sua, você não podia fazer.... - Thomas levanta e toma o celular da minha mão e desliga, Me levanto junto.

- PORQUE VOCÊ FEZ ISSO? - não, merda, me desculpe, não queria ter gritado, penso.

Mas antes que possa dizer algo, Thomas me fita com raiva pelo meu grito e me dá um tapa na cara que me faz cair no chão e meu corpo esquenta. não, não reaja assim, não posso sentir esse sentimento por isso, penso.

Thomas se aproxima de mim, se ajoelha e segura meu queixo com muita força.

- NÃO LHE DEVO SATISFAÇÃO SOBRE MINHAS ATITUDES, VOCÊ É MINHA, VOCÊ ME OBEDECE E QUANDO EU DIGO PARA FAZER ALGO VOCÊ FAZ SEM OPINAR, ENTENDEU VIOLET ? - grita autoritário

- ENTENDEU? - grita novamente pelo meu silêncio.

- Sim, me desculpe. Não vai se repetir novamente. - falo com todo meu corpo tremendo. Não vai se repetir mesmo, pois não vou deixar você acabar com minha vida e nem me tocar nunca mais.

- Boa garota. - Thomas se levanta e me leva junto, acaricia meu rosto e limpa a lágrima que cai por minha bochecha com um pouco de sangue que sai dos meus lábios.

- Sabe que te amo, não sabe ? - pergunta e balanço a cabeça em positivo. - você é tudo que desejo, e não tem ninguém no mundo que vá me separar de você. - Thomas me dá um selinho, e se afasta e sai pela porta da frente.

Não consigo me segurar mais e desabo no chão chorando, porque ela teve que passar essa abominação para mim? Não quero sentir essas coisas, me sinto suja.

Nós nos conhecemos no final do ensino médio quando veio transferido de outra cidade, ciego de Ávila, uma cidade a 460 km a leste de Havana, o lugar onde moramos.

Thomas era um cara que qualquer garota queria, bonito, corpo sarado, cabelos loiros sempre bem cortados, olhos verdes, carro da moda, pais com grana, nunca imaginei que ele fosse me notar. Até que me notou, me fez sentir protegida, amada, me fez sentir aconchego ao seu lado, me fez sentir em casa a qual não sentia mais depois de sair de casa. Na verdade, depois que meu irmão foi embora, não me senti mais em casa.

Thomas me pediu em namoro um ano depois de nós nos conhecer, eu tinha 16 anos e ele 17, depois de alguns meses consegui uma bolsa na faculdade de medicina veterinária.

Depois de 1 ano Thomas me chamou para morar com ele, foi um período muito bom até que depois de 2 anos juntos tudo começou. Primeiro foi com uma roupa, depois a maquiagem, o modo como me comportava e falava, os amigos que tinha, os ciúmes, depois veio as agressões verbais e logo depois as físicas. Não entendi o'que tinha feito, fazia tudo que queria colocava o bem estar dele acima do meu. E nada era suficiente para ele, eu não poderia ter ninguém, teria que ser somente dele e de ninguém mais.

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