DARK OBSESSION

Capítulo doze

Estou encarando meu reflexo no espelho do banheiro. Cheguei há algumas horas, tranquei-me no meu quarto e tomei um banho. Enquanto olho meu próprio reflexo, essa voz maldita continua a sussurrar incessantemente.

"Eu quero ele." - murmura a voz.

- calada. - respondo em um sussurro.

"Eu escolho ele." - insiste.

- Não.

"Eu quero mais. "- a voz continua, persistente.

- CALE A MALDITA BOCA! - Grito com raiva, desferindo um soco no espelho. A voz maléfica sorri, um sorriso gélido e sinistro, deixando-me com a mente tumultuada por uma enxurrada de emoções avassaladoras.

Vejo o vidro espalhado pela pia, notando o sangue no local onde o soco atingiu. Agacho-me para pegar a caixa de primeiros socorros abaixo da pia, retirando os produtos necessários para limpar o corte. Enquanto aplico a atadura, meu celular vibra. Ignoro a princípio, mas ele vibra novamente. Olho e vejo que é uma mensagem da Bonnie.

BONNIE: vi, cadê você ?

BONNIE: Ei, responde.

EU: oi, estou em casa.

BONNIE: Mas já? Achei que viéssemos juntas. O carinha está com você ?

EU: Não, ele ficou.

BONNIE: Transaram? Vi vocês subindo para a área vip.

EU: Bonnie, para de ser enxerida.

BONNIE: Ah, qual é? Conta, foi bom ?

Foi mais do que bom. Foi intenso, excitante, fez-me sair de órbita, perder o controle, deixando-me ansiando por mais.

EU: Foi, muito bom. Mas eu fugi.

BONNIE: Fugiu? Como assim fugiu? O cara fez algum mal a você?

EU: Se 'mal para você' é ser fodida com gosto, então foi.

BONNIE: Meu deus. Mas se foi tão bom, porque fugiu?

Como posso explicar para ela.

EU: Porque ele despertou sentimentos que prefiro não enfrentar, e isso me assustou.

BONNIE: Vi, você precisa se libertar. Você só transou com um cara na vida, que aliás, era um merda. Que Deus o tenha, é claro. Mas se você tem desejos obscuros, liberte-se fazendo o que deseja.

EU: Há demônios cujo despertar é melhor evitar, Bonnie.

BONNIE: Discordo, fetiche são coisas simples que podem ser realizadas.

Queria que fosse só fetiches, bombom.

EU: Bem, eu tenho que ir. Amanhã nos falaremos, toma cuidado.

BONNIE: Bom trabalho amanhã.

Desligo o telefone e vou para o quarto, onde avisto um tecido diferente ao pé da cama. Ao pegá-lo, percebo que é a camisa do homem, uma peça de mangas longas e gola alta preta. Devo tê-la vestido por engano quando saí às pressas, mas lembrando bem, meu vestido ficou estraçalhado.

Sai tão desnorteada que nem percebi a troca de roupa. Ao aproximar a camisa do meu nariz, sou envolvida por um aroma que me consome instantaneamente; seu cheiro de menta e whisky me envolve com uma sensação fresca e revigorante. É uma combinação intrigante e envolvente, um perfume duradouro e memorável.

Um calor percorre meu corpo, fazendo-me lembrar do que fizemos. Mesmo que negue, eu queria mais, ansiava que ele passasse dos limites, me satisfazendo.

"Um brinquedinho excelente para nós." --- vocifera a voz, retornando novamente.