Capítulo nove

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Alguns dias depois.

Estou em um sono perturbado, aflito; ao mesmo tempo, consigo ouvir o barulho distante dos carros e as sirenes ecoando pela rua.

Sinto alguém se aproximando da cama e subindo em cima de mim, sussurrando algo que não consigo entender. Com relutância, abro os olhos e o vejo. Meus olhos se arregalam, minha respiração acelera como um trem em disparada. Debato-me tentando me soltar, até que Thomas me enforca. Tento me soltar afastando seu rosto e não consigo, o desespero me consome.

- Achou que ia se safar? - vocifera com muita raiva. - Achou errado, te levarei para o inferno. - tento novamente me soltar de suas mãos até que vejo sangue em mim, seu pescoço jorrando sangue. - Sua maldita. - diz com a boca saindo sangue.

Afasto-me para trás e acabo caindo no chão, encostando-me na parede próxima, gritando ao vê-lo em minha frente, arrastando-se tentando me alcançar.

- Não. Não.Não. sai daqui. - digo balançando a cabeça com a mão entre os cabelos. - sai da minha cabeça. - sinto alguém me tocando, balançando, chamando o meu nome, porém, só consigo vê-lo, ver seu corpo sangrando.

- Violet. - Victor me chamou.

- sai daqui, não me toca. - me debato em suas mãos.

- Violet, pequena sou eu. Olha para mim. - diz ele, pegando em meu queixo e virando o meu rosto para encará-lo. - Olha para mim, você está segura, está comigo, seu irmão Victor. - fico olhando para ele até perceber que estou em meu quarto, no seu apartamento.

Me viro para onde o corpo de Thomas estava e não há nada lá. Olho para minhas mãos e não há nenhuma gota de sangue.

- violet, você está bem? - pergunta ele. Fico em silêncio, olhando para minhas mãos.

- pequena, o que aconteceu com você nesse tempo que estive longe? - Ele pergunta. Não digo nada ainda, olhando para minhas mãos, então levando meu rosto e olho em seus olhos, levando minhas mãos até seu rosto.

- Não foi nada, só tive um pesadelo. - digo, engolindo em seco.

- Violet, não vem dizer que não foi nada. Me diga o que aconteceu... - Vocifera com raiva.

- Preciso ir ao banheiro. - digo, interrompendo-o, me levantando e indo até o banheiro, trancando a porta.

Dirijo-me até o chuveiro, ligando a água quente. Deixo apenas cair em minha cabeça, pego o sabonete e coloco na esponja, esfregando-me, sentindo cada parte do meu corpo arde pela agressividade que imponho, desesperadamente tentando remover a sensação de contaminação que parece impregnada cada vez mais em mim. Sem forças para continuar, permito-me chorar, escorando-me na parede descendo ao chão.

Achei que os pesadelos estivessem indo embora, mas não foram, fui uma tola.

Após me acalmar, desligo o chuveiro e enrolo-me na toalha. Assim que abro a porta e passo do closet para o quarto, vejo Victor de cabeça baixa, sentado na beirada da cama.

- Me diga o que aconteceu. - ele pede, dirijo-me em sua direção. - Por favor, eu não quero ser inútil, não como da última vez que não ajudei. Eu sou seu irmão, meu dever é proteger você, não ao contrário. - me sento ao seu lado, pegando em sua mão.

- você não é inútil. não quero te envolver em nada. Só... confia em mim. - respondo, tentando protegê-lo das minhas preocupações e medo.

- Se foi algo grave, pode contar, eu.... - ele começa a dizer, mas eu o interrompo.

- Victor, por favor. - peço. Sei que deveria contar para meu irmão, mas não consigo. Saber que ele pode perder a cabeça e acabar fazendo besteira, me destrói por dentro.

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