Capítulo dezoito

299 27 6
                                    


7 ano atrás

Deveria estar sentindo-me libertado, mas não estou. Acreditava que ao castigá-la por suas ações, encontraria alívio, mas tudo permanece igual. Ela me destruiu, deixando para trás um demônio amaldiçoado, uma maldição que perseguirá minha existência para sempre.

Assim que soube que minha irmã estava segura com minha mãe, eu fugi. Abandonando tudo, relutante em manchar suas vidas com minha própria podridão.

Enquanto vagava pelas sombrias ruas de Tampa, procurava por confrontos, desafiando qualquer um que cruzasse meu caminho. Envolvi-me em brigas violentas, buscando infligir dor aos outros como uma forma de aliviar a dor que me consumia por dentro. A cada soco desferido e a cada grito de agonia, parecia temporariamente acalmar o vazio dentro de mim, mas a sensação de satisfação era fugaz.

Até que em uma noite, busquei uma briga no lugar errado.

- Quer levar outra surra? - Pergunta o homem mais velho.

- Covardia bater em um só com vários. - digo, levantando-me e cuspindo sangue.

- Você que pediu.

- Não se garante sozinho? - questiono. - Seu verme.

- Vamos acabar com você. - diz um dos homens.

Os três se aproximam, e consigo acertar alguns socos e chutes, mas em um momento de desatenção, um deles me atinge com um soco de baixo para cima no queixo, fazendo-me cambalear para trás.

Enquanto tento limpar minha visão turva, o mais velho se aproxima. Segundos depois, sinto um calor súbito e agudo, como se mil facas estivessem perfurando meu corpo ao mesmo tempo. O choque inicial é seguido por uma onda avassaladora de dor, que se espalha rapidamente por todo meu corpo, enquanto meu cérebro tenta processar o que está acontecendo.

Olho para baixo e vejo o metal reluzente da faca, perfurando a lateral da minha barriga.

- Cara, o que você fez? - um dos homens pergunta, visivelmente perturbado. - Vamos embora.

- Se quiserem ir, vão. Vou terminar o serviço. - o homem mais velho diz, firme. Os outros dois fogem.

- Quais serão suas últimas palavras? - pergunta o homem, com um sorriso macabro se formando em seus lábios.

- Vai se foder, essas são minhas palavras. - Com uma força sobre-humana, retiro a faca, jogando-a longe. Sinto um alívio momentâneo, mas logo em seguida uma dor intensa percorre meu corpo, fazendo meu sangue escorrer livremente, tingindo minhas roupas e o chão ao meu redor de vermelho.

Num piscar de olhos, o homem me acerta com um golpe no rosto, fazendo-me cair para trás. Ele se lança sobre mim, agarrando meu pescoço e apertando, enquanto sinto minhas vias aéreas serem esmagadas. Meu coração acelera e uma mistura de medo e dor toma conta de mim.

E se eu não resistisse? Será que essa agonia cessaria? Então, deixo-me afundar nesse sofrimento, entregando-me à escuridão que sempre esteve ao meu lado.

Num instante, sinto o ar retornar aos meus pulmões e um som de crânio esmagado irrompe, fazendo-me abrir os olhos em busca de ar.

Assim que consigo recuperar o fôlego, sento-me, sentindo uma dor aguda em meus pulmões e no local onde fui ferido.

- Quem é você? - pergunto, tentando me levantar sem sucesso.

- O seu salvador.

- Não pedi para ser salvo. - vocifero, cuspindo sangue.

- Tá quase morto e ainda é mal agradecido.

O homem diz algo, mas não consigo ouvir. Meus olhos começaram a pesar, um frio percorre meu corpo e uma escuridão me envolve.

DARK OBSESSION Onde histórias criam vida. Descubra agora