Capítulo vinte seis

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9 Anos Antes

Faz dois meses que nos mudamos para outra cidade. E vai fazer praticamente um mês que minha mãe não pisa os pés em casa. Depois de tudo que aconteceu, ela ainda ficou com ele. Para quê? Nada, pois ele não fazia nada. Ela não se importava com o que ele tinha feito. Os médicos disseram que ele não teria mais os movimentos de suas mãos, pois foi atingido em um nervo crucial. Logo depois, Nós mudamos para outra cidade. Ela passava mais tempo fora do que dentro de casa. E, quando estava em casa, me olhava com aquele olhar de "isso é culpa sua."

Ela começou ficando alguns dias longe, depois semanas, e agora faz um mês. Me deixou aqui com esse verme.

Minha mãe tomou meu celular, mas antes disso escondi meu chip. Ela não vai me impedir de falar com meu irmão. Assim, quando ele ligar, estarei com o mesmo número.

Comecei a juntar dinheiro para ir embora daqui, me ver livre o mais rápido possível. Passo o tempo trancada no quarto, da escola para casa. Conheci uma garota, o nome dela é Bonnie. Parece ser gente boa.

- Violet. - Chama Daniel - VIOLET - repete e desço as escadas com uma frustração crescente.

- Que é? - pergunto, vendo-o sentado na sua poltrona mais suja que lixão ao lado do seu amigo.

- Pegue duas cervejas, rápido. - Vocifera, e me viro indo em direção à cozinha e escuto eles conversarem...

- Essa é a sua enteada? - Pergunta o amigo de Daniel.

- Sim - responde Daniel.

- Um belo corpo. - Diz o homem, e uma ânsia me envolve. Escrotos. Pego as duas cervejas, indo em direção à sala, quando tenho uma ideia e paro, cuspindo em cada uma das cervejas.

Entro na sala e coloco as cervejas em cima da mesa de centro dando a volta para meu quarto.

- Tá geladinha. - Diz, e acabo rindo no corredor. - Então, você disse que estavam com problema de grana. - Diz o homem, e paro na metade do corredor para escutar.

- Estamos, a puta da mãe não para em casa. E como vê, não consigo trabalhar.

- Posso ajudar se quiser.

- Como?

- Sua enteada. Uma bela moça, um corpo que poderia dar dinheiro. Principalmente se for virgem.

Como é que é?

- Quanto pode pagar? - pergunta Daniel.

- Não estava me incluindo, mas... pagaria cinquenta dólares.

- Pouco, cem dólares. - Diz Daniel, não estou acreditando no que estou ouvindo.

- Fechado.

- Siga o corredor, suba as escadas, segunda porta. - Diz e escuto o rangido da poltrona e logo passos vindo para o corredor. Um desespero começa a surgir, fazendo-me tremer inteira. Corro sem fazer barulho para meu quarto, trancando a porta. Pego o pouco do dinheiro que guardei, guardando no bolso da calça. As batidas do meu coração são a única coisa que consigo ouvir até ouvir a maçaneta sendo pressionada para abrir. Então, com o desespero me dominando, abro a janela sem nenhuma roupa em mãos e fujo. Deixando tudo para trás.

Já cansada, com os pés latejando de tanto andar, estou em frente à casa da Bonnie. Ela é minha única esperança para me ajudar. A única coisa que estou é com o dinheiro e um chip que assim que conseguir um celular, tentarei ligar para o mesmo número de Victor.

Bato na porta da casa de Bonnie, e alguns minutos depois é aberta.

- Posso ficar um tempo aqui?

- Posso ficar um tempo aqui?

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Dias Atuais

Ainda lembro-me do final de semana com Liam, foi incrível, exceto pela parte em que Liam me falou sobre seu passado. Eu não podia imaginar que ele tivesse passado por algo assim, especialmente com alguém da família. É nojento e aterrorizante pensar que uma pessoa da própria família poderia fazer uma coisa dessas. Família é para proteger, dar segurança, não para causar tanto sofrimento.

Seis dias já se passaram, a Bonnie já se estabilizou novamente depois que contratou uma gerente. Nos vemos mais e quando ela não pode, vou para sua confeitaria ou para sua casa. Não contei nada para o Victor ainda, quando o olho perco totalmente o roteiro de como ia contar. O Liam tentou conversar com o Victor duas vezes e acabo me intrometendo e desconversando sobre o assunto. Liam já me perguntou se eu quero o esconder, porque ele não quer ser escondido. Mas é que, quando penso sobre o assunto para falar com Victor, sinto algo que ele não vai aceitar e principalmente se descobrir que já vai fazer quase três meses.

- Vai sair com a Bonnie hoje? - pergunta Victor, sentando no sofá.

- Sim. - minto, irei sair sim, porém não com a Bonnie. O Liam vai me levar para ver o zoológico. Não vejo a hora de encontrá-lo, se bem que o encontrei ontem à noite. Mas mesmo assim não vejo a hora.

- E para onde vão?

- Zoológico. - respondo, pegando o celular e vendo a mensagem de Liam que já está à minha espera. - Xau, a Bonnie chegou. - digo, saindo apressadamente.

Encontro Liam no estacionamento e meu coração acelera ao vê-lo. Ele está impecável com sua calça preta social e uma camisa de mangas longas cinza. Assim que me aproximo, ele me envolve em um beijo firme, mas cheio de desejo, que me deixa ansiando por mais.

Saímos do prédio juntos, rumo ao zoológico. O caminho até lá é repleto de conversas animadas e risadas compartilhadas. Não demora muito e já estamos em frente ao portão do zoológico, prontos para começar nossa aventura.

- Vamos lá. - Liam diz, segurando minha mão com ternura enquanto adentramos o zoológico. O ambiente está animado, mas não lotado, o que torna nosso passeio mais íntimo e especial.

Liam me surpreende ao me levar em direção à área dos grandes felinos. Lá, encontramos um majestoso tigre branco deitado ao lado de um tigre preto, suas formas imponentes contrastando com o verde exuberante ao redor.

- São meus animais favoritos. - Liam confessa, observando os felinos com admiração.

- por simbolizar sobrevivência? - pergunto.

- Também, mas também força, coragem e poder. São mestres na arte da adaptação, assim como nós.

Olho para os tigres, maravilhada com sua beleza selvagem, e depois para Liam, percebendo o brilho de admiração em seus olhos. Neste momento, compartilhamos não apenas a experiência de estar diante dessas magníficas criaturas, mas também um momento de conexão genuína e compreensão mútua.

A cada passo, sinto a conexão entre nós se fortalecendo, o dia se transformando em uma experiência memorável.

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